Muvuca, mãe de santo, rojão, beijo na boca, mão na bunda, vela, exu, branco, sete ondas. Na queima de fogos do Réveillon de Sydney não tem nada disso. Para assistir o espetáculo que empata em fama com o da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, é preciso ter menos jogo de cintura e mais noções de estratégia militar, planejamento, MÓITA paciência – ou dinheiro pra investir numa alegria fugaz.
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O espetacular show de fogos de artifício acontece no Sydney Harbour (tendo a ponte da Baía de Sydney como palco principal), em duas etapas. Uma, de oito minutos, rola às 21h (teoricamente, para as crianças). À meia-noite, é a vez do show principal, que dura 12 minutos.
Para evitar que a alegria se transforme em caos (cerca de 2 milhões de turistas se somam aos mais de 4 milhões de moradores da cidade na noite do dia 31), a virada do ano na metrópole australiana é tão organizada, mas tão organizada, mas tão organizada, que acaba sendo um pouco complicadinha demais (para o meu gosto e a minha brasilidade nagô).
O site/app oficial do Réveillon de Sydney (clique aqui para ver) é um manual completíssimo sobre o evento. Ele mapeia os mais de 50 lugares da cidade de onde é possível ver o espetáculo (os chamados “vantage points”) e lista exatamente o que você vai encontrar por lá: banheiro, lugar para comprar comida e bebida, acesso para pessoas com dificuldade de locomoção, atmosfera “Family friendly”, etc. O site também indica que horas determinado lugar costuma lotar (e ter o acesso fechado) e como chegar lá (várias vias ficam interditadas). Alguns vantage points são gratuitos. Para outros, é preciso pagar entrada. Em todos eles, é proibidééééésimo levar bebidas alcoólicas e a fiscalização é ultra rígida (bolsas são revistadas na entrada). Em alguns poucos vantage points, é possível comprar algum goró. Em outros, não. Isso também está indicado no site.
Agora a parte dolorida. Para conseguir estar nos melhores lugares gratuitos, as pessoas vão chegando a partir do dia 31 de manhã, dispostas a esperar mais de doze horas sob o sol (ou a chuva) do verão australiano. “À meia-noite eu estava tão suada e cansada que simplesmente queria sair do meu corpo”, me disse uma amiga sobre a sua odisseia de fim de ano em Sydney. Faz parte…
O espaço gratuito mais disputado é a o exterior da Opera House, na boca do gol. É o tipo do lugar aonde você deve chegar antes do meio-dia (oh, céus).
Entre os espaços pagos, uma boa ideia é o jardim botânico, que é dividido em várias alas com propostas diferentes – os ingressos se esgotam com muita antecedência. Nas áreas gratuitas do Jardim Botânico, também é preciso chegar na manhã do dia 31 – e é proibido levar guarda-sol por questões de segurança!
A lógica dos lugares gratuitos, como você já deve ter notado, é: quanto melhor a vista, maior o perrengue. Entre os pagos, um achado (dica de amigos que moram na cidade há anos) é a Dudley Page Reserve, onde a ideia é fazer um piquenique. O lugar é bem afastado da dupla ponte + ópera, mas tem uma belíssima vista. O evento começa às 18hs e bebidas alcoólicas são vendidas. Desvantagem? Você vai precisar de um carro para chegar lá (e o motorista não vai poder beber, obviamente).
Outra opção é pegar um dos cruzeiros pela baía, com comida de qualidade variável e bebidas incluídas. O preço vai de US$ 400 a US$ 750 por pessoa.
Ah… e nem precisa lembrar que você deve se munir de paciência para enfrentar trens lotados e muita fila para o transporte de volta pra casa.
Tudo isso pra dizer: vai indo que eu não vou. Talvez você fique chocado pelo fato de que passei o Réveillon em Sydney SEM ver a famosíssima queima de fogos no Sydney Harbour ao vivo. Para a noite do dia 31, éramos uma família com duas pessoas de idade e um bebê. Era muito perrengue (ou muito dinheiro) pra 12 minutos de alegria. Simples assim.
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