Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
Continua após publicidade

A dor e a delícia de ver a queima de fogos do Ano Novo de Sydney

Assistir a uma das primeiras viradas de ano da Terra requer tanto planejamento que pode dar vontade de desistir. Ou não

Por Adriana Setti
Atualizado em 2 jun 2022, 09h59 - Publicado em 31 dez 2014, 09h39
Ano novo Sydney Harbour Austrália
 (nevereverro/iStock)
Continua após publicidade

Muvuca, mãe de santo, rojão, beijo na boca, mão na bunda, vela, exu, branco, sete ondas. Na queima de fogos do Réveillon de Sydney não tem nada disso. Para assistir o espetáculo que empata em fama com o da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, é preciso ter menos jogo de cintura e mais noções de estratégia militar, planejamento, MÓITA paciência – ou dinheiro pra investir numa alegria fugaz.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=eIEB9vdpgpQ&w=560&h=315%5D

O espetacular show de fogos de artifício acontece no Sydney Harbour (tendo a ponte da Baía de Sydney como palco principal), em duas etapas. Uma, de oito minutos, rola às 21h (teoricamente, para as crianças). À meia-noite, é a vez do show principal, que dura 12 minutos.

Para evitar que a alegria se transforme em caos (cerca de 2 milhões de turistas se somam aos mais de 4 milhões de moradores da cidade na noite do dia 31), a virada do ano na metrópole australiana é tão organizada, mas tão organizada, mas tão organizada, que acaba sendo um pouco complicadinha demais (para o meu gosto e a minha brasilidade nagô).

O site/app oficial do Réveillon de Sydney (clique aqui para ver) é um manual completíssimo sobre o evento. Ele mapeia os mais de 50 lugares da cidade de onde é possível ver o espetáculo (os chamados “vantage points”) e lista exatamente o que você vai encontrar por lá: banheiro, lugar para comprar comida e bebida, acesso para pessoas com dificuldade de locomoção, atmosfera “Family friendly”, etc. O site também indica que horas determinado lugar costuma lotar (e ter o acesso fechado) e como chegar lá (várias vias ficam interditadas). Alguns vantage points são gratuitos. Para outros, é preciso pagar entrada. Em todos eles, é proibidééééésimo levar bebidas alcoólicas e a fiscalização é ultra rígida (bolsas são revistadas na entrada). Em alguns poucos vantage points, é possível comprar algum goró. Em outros, não. Isso também está indicado no site.

Continua após a publicidade

Agora a parte dolorida. Para conseguir estar nos melhores lugares gratuitos, as pessoas vão chegando a partir do dia 31 de manhã, dispostas a esperar mais de doze horas sob o sol (ou a chuva) do verão australiano. “À meia-noite eu estava tão suada e cansada que simplesmente queria sair do meu corpo”, me disse uma amiga sobre a sua odisseia de fim de ano em Sydney. Faz parte…

O espaço gratuito mais disputado é a o exterior da Opera House, na boca do gol. É o tipo do lugar aonde você deve chegar antes do meio-dia (oh, céus).

Entre os espaços pagos, uma boa ideia é o jardim botânico, que é dividido em várias alas com propostas diferentes – os ingressos se esgotam com muita antecedência. Nas áreas gratuitas do Jardim Botânico, também é preciso chegar na manhã do dia 31 – e é proibido levar guarda-sol por questões de segurança!

Continua após a publicidade

A lógica dos lugares gratuitos, como você já deve ter notado, é: quanto melhor a vista, maior o perrengue. Entre os pagos, um achado (dica de amigos que moram na cidade há anos) é a Dudley Page Reserve, onde a ideia é fazer um piquenique. O lugar é bem afastado da dupla ponte + ópera, mas tem uma belíssima vista. O evento começa às 18hs e bebidas alcoólicas são vendidas. Desvantagem? Você vai precisar de um carro para chegar lá (e o motorista não vai poder beber, obviamente).

Outra opção é pegar um dos cruzeiros pela baía, com comida de qualidade variável e bebidas incluídas. O preço vai de US$ 400 a US$ 750 por pessoa.

Ah… e nem precisa lembrar que você deve se munir de paciência para enfrentar trens lotados e muita fila para o transporte de volta pra casa.

Continua após a publicidade

Tudo isso pra dizer: vai indo que eu não vou. Talvez você fique chocado pelo fato de que passei o Réveillon em Sydney SEM ver a famosíssima queima de fogos no Sydney Harbour ao vivo. Para a noite do dia 31, éramos uma família com duas pessoas de idade e um bebê. Era muito perrengue (ou muito dinheiro) pra 12 minutos de alegria. Simples assim.

Siga @drisetti no Twitter e no Instagram

Publicidade