O livro com o título deste post já existe e é uma reunião de lugares do mundo aonde você definitivamente não precisa ir. Mas isso não é super óbvio? Todo mundo sabe que morrerá em paz, mesmo sem conhecer Patos de Minas. Bem como não é preciso ser um gênio para saber que Lagos, na Nigéria, não é exatamente o destino ideal para uma lua de mel.
Minha lista é diferente. Brotou de uma coletânea de lugares que muita gente escolhe para passar as férias — e para onde eu definitivamente não quero ir. Ou seja, uma copilação de minhas manias e implicâncias, o suprassumo do não fui e não gostei. Não espero que você concorde comigo, nem que deixe de almejar ir a estes lugares. Combinado?
1. Las Vegas
Neon, breguice, meretrizes, bêbados, vícios. Tudo isso eu encaro numa boa. Ou melhor, encararia, se Las Vegas ainda fosse verdadeiramente underground, bagaceira e bandida. Mas uma vez que virou um parque temático de si mesma, brochei. Além do mais, o meu bode aqui é estar num desses lugares onde as pessoas já vão com a obrigação de se divertir loucamente (loucamente ao pé da letra), mesmo que não combine com nada daquilo. É, de certa forma, o que eu sinto também em relação à Ibiza de hoje em dia.
2. Dubai
O edifício mais alto do mundo, o maior shopping center do mundo, o primeiro hotel Armani do mundo, o hotel mais luxuoso do mundo, a maior pista de esqui indoor do mundo. Eu tenho medo de altura, sou zero consumista (e menos ainda viajando), só fico em hotel barato e não posso esquiar por causa de uma lesão no joelho. Ah, e se pudesse, esquiaria nos Alpes. Dubai não é pra mim. Simples assim.
3. Abu Dhabi
Abu Dhabi terá uma filial do Louvre. Terá uma filial do Guggenheim. Terá uma proposta mais intelectual e menos consumista. Terá tudo o que já existe, só que em lugares mais interessantes do mundo, onde as mulheres não são tratadas como lixo e as coisas não são construídas por imigrantes de países paupérrimos em regime de semi-escravidão (essa última parte também vale pra Dubai).
4. Cancún
Dessa lista, é o único lugar onde já fui. Ou melhor, quase. Cheguei, estacionei, olhei ao redor, voltei para o carro e toquei reto. Depois tive medo de estar sendo muito radical. Parei de novo, entrei num resort em forma de pirâmide, senti o clima, voltei pro carro, toquei reto. Cancún deve ser legal pra quem gosta de resort all inclusive, de ter as coisas na mão, de praia com conforto. Mas, definitivamente, não é pra mim.
5. Bruxelas
Com tanto lugar interessante no mundo, por que devo dedicar tempo a uma cidade onde a principal atração é uma estátua de um menino fazendo xixi? Bruxelas é o picolé de chuchu das capitais europeias.
6. Punta del Este
A praia não é lá essas coisas. E pra ver gente ryka falando espanhol e achando que está em Saint Tropez, sai mais em conta ir para Marbella, aqui pertinho. Só que…
7. Marbella
… não, eu também não pretendo perder o meu tempo indo pra Marbella, cair na balada com os toureiros e jogadores de futebol da segunda divisão da liga espanhola.
8. Caminho de Santiago
Eu adoraria adorar a ideia de colocar uma mochila nas costas e sair andando livre, leve e solta. Tenho fascínio pelo norte da Espanha, pela história do Caminho, pelo clima de solidariedade entre os peregrinos, pelo esforço que as pessoas fazem para se conectar com suas verdades através da superação. Aqui não vou empregar ironia nenhuma. Eu gostaria de querer e de poder. Tenho inveja de quem fez. Mas o desgaste físico, as bolhas, a mochila pesando nas costas (para mim, a pior parte), a dor, a chuva, o sol, o ronco alheio nos albergues… Talvez eu chegue lá, mas ainda não tenho cojones pra isso.
9. A selva (de onde quer que seja)
Há uns anos, em Bocas del Toro, no Panamá, vivi horas de muita angústia. Pegamos (maridão e eu) uma trilha para uma praia numa das ilhas mais selvagens do arquipélago, Bastimentos, e simplesmente nos perdemos por umas duas horas. Nem sei como aconteceu. A trilha foi ficando cada vez mais fechada, até que já não era mais uma trilha e, de uma hora pra outra, nos vimos totalmente perdidos e desorientados no meio de uma mata fechada. Para piorar, já era fim da tarde. Entrei totalmente em pânico e, desde então, deixei de ser valentona e assumi, definitivamente, que eu a-bo-mi-no esse tipo de coisa. Um matinho light eu curto, claro. Gosto de caminhar na natureza e encaro uma imersão que não seja muito difícil. Mas não me venha com lama na coxa e perigo real de se perder. Pra mim isso é tortura, não diversão.
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