10 dicas para quem acabou de fazer um curso de mergulho
Eu evito. Eu me seguro. Eu tento não falar muito de mergulho – tanto aqui no blog quanto com os meus amigos. Isso porque, a menos que não se trate de uma história muito espetacular (geralmente envolvendo tubarões e perrengues em alto mar), mergulho é um assunto que costuma interessar apenas a quem curte a coisa. Mas cá estou em Fiji, vivendo uma das semanas mais incríveis da minha vida de mergulhadora. Está MUITO difícil pensar em outra coisa, confesso. Então aproveito o embalo para colocar no “papel” algumas coisas que eu gostaria de ter sabido quando acabei de tirar a minha carteirinha da PADI, 7 anos e exatas 186 imersões atrás:
1. Você é um bípede terrestre. É natural, portanto, que você não se sinta como “um peixe dentro da água” nos primeiros mergulhos. Você ficará tenso e entrará em diversas paranoias até finalmente conseguir mergulhar totalmente relaxado. Demorei pelo menos uns 30 mergulhos para começar a ter o controle da situação (tanto da técnica quando do complexo turbilhão de medos e aflições). Por essas e outras, para realmente disfrutar do mergulho, é preciso ser persistente.
2. Se a proporção paranoia X diversão não pender para o lado certo depois de um pouco de insistência, pode ser que o mergulho realmente não seja para você.
3. Depois de fazer o primeiro curso (Open Water Diver, ou “mergulho em águas abertas”), não demore muito para cair na água e iniciar a sua carreira solo de mergulhador certificado. Caso contrário, todas as intermináveis informações que você absorveu durante o curso irão literalmente por água abaixo. Pelas mesmas razões , tente não ficar muito tempo fora d’água (digamos… mais de um ano), mesmo já sendo experiente.
4. Enquanto não estiver totalmente seguro embaixo d’água, procure fazer mergulhos fáceis. Não é covardia, é inteligência. Evite mergulhos com correnteza forte, água muito fria, profundidades além dos 18 metros permitidos com a primeira certificação, mar muito mexido ou lugares com pouca visibilidade. Quanto menos fatores de stress, melhor.
5. Adquira um pouco de prática antes de fazer o curso avançado. Caso contrário, você não aproveitará o curso como deve e se submeterá a um stress desnecessário (mergulhar à noite, por exemplo) para quem tem pouca experiência.
6. Regra para toda a vida: só desça a mais de 35 metros se valer MUITO a pena. Quanto maior a profundidade, maior o risco.
7. Não comece a mergulhar num lugar espetacular demais. Se, logo de início, você der de cara com tubarões martelo, arraias manta, cardumes de barracudas e tubarões baleia (ou seja, mergulhando em lugares como Galápagos, por exemplo), nada mais nessa vida parecerá interessante. Devagar se vai ao longe…
8. Se você pretende continuar mergulhando, compre um computador de mergulho. Só assim você terá o controle da sua própria segurança e entenderá quanta diferença fazem aqueles metros que você acabou ficando mais fundo do que o guia e outras pequenas subversões que iniciantes valentões costumam fazer.
9. Nunca, jamais, em nenhuma hipótese mergulhe se você não estiver se sentindo 100% bem fisicamente. Uma simples diarreia pode ser elevada a uma desidratação depois de um dia de mergulho. Um resfriado também pode ter consequências dolorosas se causar um bloqueio reverso nas vias respiratórias ao subir da imersão. Estar embaixo d’água a vários metros de profundidade praticando um esporte de risco exige 100% da potência de seus motores.
10. Se você, assim como eu, tiver dificuldades de equalização, tente uma técnica: ao invés de equalizar lentamente, como manda o manual, tente equalizar em golpes curtos e seguidos. Para mim é tiro e queda (e já ensinei essa técnica a muita gente que depois veio me agradecer quase de joelhos).
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