Florianópolis: praias, passeios, ostras e mais

Por Adrian Medeiros Atualizado em 2 fev 2022, 10h25 - Publicado em 9 set 2011, 20h06

Cartões-postais, a Ponte Hercílio Luz, as fortalezas que cercam o território e as vilas açorianas de Santo Antônio de Lisboa e Ribeirão da Ilha, além das construções do Centro Histórico, remetem ao passado de Floripa – desde os tempos em que a ilha era chamada de Vila de Nossa Senhora do Desterro, no século 18. A beleza desses resquícios, hoje, divide lugar com shoppings, prédios e até congestionamentos dignos de nota. Uma dica para aproveitar melhor a cidade: escolha bem o endereço onde se hospedar, as distâncias são longas e os bairros têm perfis diversos de público. Jurerê recebe os jovens endinheirados que buscam agito nos clubes de praia; Joaquina e Mole são endereços dos surfistas; a Lagoa da Conceição é destino de quem gosta de se exercitar; Canasvieiras e demais praias do norte atraem famílias; e, ao sul, o litoral é bom para quem busca sossego e contato com a natureza.

COMO CHEGAR

Quem vem de carro e parte de Curitiba chega a Florianópolis pela BR-101, duplicada e em bom estado de conservação. De Porto Alegre, o acesso é pela mesma rodovia, mas há trechos em obras e os congestionamentos são constantes. De avião, desembarca-se no Aeroporto Internacional Hercílio Luz, no sul da ilha, e segue-se para o Centro de táxi (a corrida custa, em média, R$ 40), de ônibus executivo (R$ 4,50) ou circular (R$ 2,90). O Terminal Rodoviário Rita Maria fica no Centro, perto do principal terminal de linhas urbanas – dali é fácil seguir para qualquer bairro da cidade.

COMO CIRCULAR

A distância entre uma ponta e outra da ilha é grande. Do Centro ao extremo norte, em Ponta das Canas, são 32 km e, até o sul, em Caieira da Barra do Sul, 40 km. O melhor, portanto, é circular de carro e estar preparado para o tráfego intenso no verão, principalmente nas cercanias da Lagoa da Conceição. Recorrer aos ônibus é uma boa alternativa: há várias linhas e o cartão Passe Rápido Turista custa R$ 3 (carga mínima inicial de R$ 7) e permite integração.

UM DIA PERFEITO

A ilha é grande, por isso vale concentrar-se numa região só. Comece com um banho de sol na agitada praia da Joaquina ou na bela Mole, com boa estrutura de barracas de praia. No almoço, siga para a Lagoa da Conceição, onde há variedade de restaurantes na Avenida das Rendeiras; prove a tradicional sequência de camarão, depois faça uma caminhada no Calçadão da Lagoa. No fim de tarde, vá ao Mercado Público para comer um bolinho de bacalhau do Box 32. Aproveite a ida ao Centro para comprar artesanato na Casa da Alfândega. Termine com um jantar no estrelado Ponto G.

O GUIA RECOMENDA

Quatro dias – Com mais tempo, dá para conhecer outras belas praias, como a badalada Jurerê, as familiares Canasvieiras e Ingleses e as preservadas Lagoinha do Leste, Armação e Campeche. Visite também o Centro Histórico e as vilas açorianas de Ribeirão da Ilha, onde restaurantes têm criações próprias de ostras, e de Santo Antônio de Lisboa, bairro com a melhor oferta gastronômica da ilha e próximo do divertido Museu Mundo Ovo de Eli Heil. Programe um passeio de barco até a Ilha do Campeche ou de escuna para ver de perto a Ponte Hercílio Luz e conhecer o Forte Santa Cruz de Anhatomirim. Os mais aventureiros ainda têm tempo de praticar Mergulho, Kitesurfe e Windsurfe.

ONDE FICAR

Antes de reservar um quarto, é bom saber que as distâncias entre os principais pontos da ilha são bem grandes. Os principais hotéis estão no Centro, na Lagoa da Conceição e nas praias de Ingleses, Canasvieiras, Santinho, Jurerê e Campeche. Ao norte da ilha, Ingleses tem hospedagens com apartamentos espaçosos, Canasvieiras recebe prioritariamente grupos e argentinos, e Jurerê reúne confortáveis e caros hotéis pé na areia. Nas praias do sul, como Campeche e Armação, há maior contato com a natureza. Hostels concentram-se na Lagoa e na Praia Mole. Atenção: entre março e novembro, alguns estabelecimentos fecham.

BOM E BARATO

Na tranquila vila de Santo Antônio de Lisboa, os quartos 6 e 7 da Pousada Mar de Dentro parecem estar firmados na areia, de tão perto. Com amplas janelas, dá para apreciar a vista sem sair da cama. O melhor: as diárias costumam estar abaixo da média da ilha.

TESTE DO GUIA

O vaivém intenso na área de lazer do Costão do Santinho não sugeria um resort intimista. Crianças pulavam na água, jovens bebiam chope dentro da piscina e os monitores anunciavam atividades no intervalo entre um pop rock e um sertanejo universitário. A maioria gostava do astral animado, mesmo a poucos passos de uma praia quase deserta. Havia uma área mais calma, a chamada Ala Internacional, também com piscinas, um spa e salão de beleza – tentei agendar serviços nos dois últimos, mas estavam lotados. Para um viajante em busca de silêncio ou paparicos, o Costão pode não agradar. Mas se a ideia é gastar as energias, esse é o lugar certo.

ONDE COMER

Premiado com uma estrela no GUIA BRASIL 2015, o Ponto G confirma a vocação para a gastronomia da vila açoriana de Santo Antônio de Lisboa. Endereços badalados se dividem entre Jurerê, no norte da ilha, e a Rua Bocaiuva, uma das principais vias do Centro. Floripa é ponto de pesca de tainha e camarão, e suas águas são propícias ao cultivo de ostras – em Ribeirão da Ilha, alguns restaurantes têm criação própria do molusco. Visite também as casas especializadas em peixes e frutos do mar da Lagoa da Conceição.

Comida Típica

Camarão

Muito popular na ilha, a sequência de camarão é uma boa pedida para os apreciadores do crustáceo. Ela combina fartura e preços módicos – para um banquete focado neste ingrediente. A casquinha de siri costuma abrir a refeição. O festival prossegue com camarão ao alho e óleo, ao bafo, à milanesa, frito e em molhos para peixes. Mas abundância nem sempre significa frescor: nos períodos de defeso (março a maio e de novembro a janeiro), os restaurantes usam o crustáceo congelado.

Onde comer: Toca da Garoupa, Rancho Açoriano, O Barba Negra, Pescador Lobo, Toca de Jurerê, Cabral, Muqueca da Ilha e Cachoeira.

Ostra

Floripa é o melhor lugar do Brasil para comer ostras. A região responde por 80% da produção nacional – as águas mornas e ricas em nutrientes das baías entre a ilha e o continente ajudam a explicar o sucesso do cultivo. É alta a probabilidade de você comê-las ainda vivas por aqui. Os sinais de frescor são o brilho, a aparência hidratada, a carne bem grudada à concha e certo cheiro de mar. A versão in natura, apesar de preferida pelos gourmets, é menos pedida que as receitas ao bafo e gratinada. Ponto tradicional de cultivo, Ribeirão da Ilha tem restaurantes que servem ostras de qualidade.

Onde comer: Nas casas especializadas em pescados (Ostradamus, Porto do Contrato e Rancho Açoriano têm produção própria).

Tainha

É fácil encontrar o peixe fresco entre maio e junho. Nesse período, os cardumes saem do extremo Sul do país e rumam em direção norte para desovar, passando pelo litoral catarinense. Nos outros meses, o pescado vem congelado do Rio Grande do Sul, mas dá para comer a tainhota, uma variação menor da tainha, em casas da Costa da Lagoa. Ideal para o período depois da safra, a receita de tainha escalada leva o pescado aberto pelo dorso, temperado com sal grosso e seco ao sol por 24 horas. Rara nos restaurantes, a versão recheada com ovas tem preços mais altos.

Onde comer: Nos restaurantes de pescados.

GENTE

O apelido de Ilha da Magia muito se deve a Franklin Cascaes (1908-1983). Artista plástico, escritor e professor, dedicou-se a documentar a tradição oral da ilha, com histórias contadas por pescadores e roceiros, que juravam haver bruxas dos Açores povoando a região.

É TUDO VERDADE

No verão, os congestionamentos são certos – concentre-se em um bairro e evite longas distâncias, pois vários trajetos têm pista simples. No restante do ano, as vias que vão do Centro às regiões norte e sul ficam carregadas nos horários de pico da manhã e da tarde.

NOITE

No verão, o agito começa ainda sob a luz do sol, nos clubes de praia de Jurerê Internacional. Quando anoitece, o movimento migra para a Lagoa da Conceição, endereço do tradicional John Bull Pub (telefone: (48) 3232-8535), com shows de rock; do eclético The Black Swan, que alterna música e transmissão de jogos de futebol; e da Casa de Noca (telefone: (48) 3238-5310), com programação de música brasileira. No espaço Music Park (telefone: (48) 3282-2054), no norte da ilha (acesso para Jurerê), funcionam as casas Pacha e Posh, lugares para dançar a noite inteira. No Centro, três novidades fazem a noite eletrônica: a Sete Night Club (telefone: (48) 3225-1266), em espaço amplo; a Cash Exclusive Night Club (telefone: (48) 3225-1266), com ambiente luxuoso privê; e o The Roof (telefone: (48) 9189-1005), com bela vista para o mar, na cobertura do Hotel Majestic Palace. No mesmo bairro, casais e grupos de amigos lotam as mesas de barzinhos nos arredores da Rua Bocaiuva.

QUANDO IR

O verão, com temperaturas entre 25°C e 30°C, traz congestionamentos. A partir de abril, praias ao norte, como Brava e Canasvieiras, esvaziam-se e o comércio fecha. Entre maio e junho, as águas esfriam e há Pesca da Tainha. Em outubro, ocorre a Fenaostra.

Por Jaqueline Gutierres

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