Cracóvia

Por Adrian Medeiros Atualizado em 19 jun 2018, 17h13 - Publicado em 27 out 2011, 16h42

Os mais de mil anos de história não tiraram a disposição da Cracóvia. Muito menos deterioram seus monumentos, que mantêm com elegância o charme original do Velho Mundo, a exemplo do Collegium Maius, da Praça do Mercado, do Castelo Wawel e da Basílica Mariana (entre outras 140 igrejas!). Nem mesmo os bombardeios da Segunda Guerra a atingiram. Enquanto os nazistas voltavam sua ira aos rebeldes de Varsóvia, a Cracóvia mantinha relativa ordem, o que a fez escapar praticamente ilesa, embora soviéticos e alemães não apreciassem nem um pouco os ares estudantis da cidade, detentora da quinta universidade mais antiga do mundo. Em um de seus episódios mais trágicos, soldados de Hitler invadiram a faculdade, arrastaram 180 professores e cientistas ao pátio e os executaram na frente de todos. Mas a atrocidade não foi suficiente para arrancar-lhe o espírito. Pelo contrário: hoje, a Cracóvia conta com 15 escolas superiores, e o ensino é gratuito até o fim da faculdade. Dos 900 mil habitantes, cerca de 200 mil são colegiais ou universitários, vários vindos de outras partes do mundo só para ter o gostinho de estudar nos mesmos bancos onde Nicolau Copérnico (1473-1543) sentou um dia.

Por anos, o arcebispado de Cracóvia esteve sob o comando de Karol Wojtyla, que viria a ser eleito papa sob o nome de João Paulo II. Um dos homens mais influentes do século 20, teve papel fundamental na queda do comunismo, no reestabelecimento do orgulho da identidade polonesa e na reaproximação com judeus e muçulmanos. Sua imagem está por vários cantos da cidade, assim como um certo ar de modernidade se mistura a edifícios tão belos quanto veneráveis.

COMO CHEGAR

Cracóvia é conectada com várias cidades polonesas e com algumas metrópoles europeias através da boa malha ferroviária da PKP, como o trem noturno até Viena (oito horas) e os frequentes serviços ligando-a a Varsóvia (cerca de 3 horas e meia).

O Aeroporto Internacional João Paulo II (www.krakowairport.pl/en) possui voos para Paris, Roma, Madri e Londres, entre outros, tornando-a um destino de fácil acessibilidade. Rápidos trens ligam os terminais ao centro da cidade em 18 minutos. As partidas desde o aerporto vão das 5h34 até as 22h20, com intervalos regulares e saem por cerca de US$ 4. Os táxis, mais convenientes para quem está em grupos ou com muita bagagem, funcionam 24 horas por dia e o trajeto até o centro costuma sair por volta de 50 zlotys, ou 16 dólares.

COMO CIRCULAR

Uma vez em Cracóvia, não há nada melhor do que caminhar. Todas as principais atrações estão a confortáveis distâncias à pé. Se no entanto você estiver hospedado distante do Centro, a cidade oferece um bom sistema de transporte, com bondes e ônibus. Compre os bilhetes em quiosques ou máquinas automáticas e as valide dentro dos veículos.

O QUE FAZER

O compacto Centro Histórico de Cracóvia sobreviveu aos horrores da II Grande Guerra e hoje é listado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. A alma local se descortina na deslumbrante Praça do Mercado e no Castelo Wawel. Sua incrível variedade de igrejas são uma aula de arquitetura e história do cristianismo, indo do gótico ao barroco em poucos quarteirões. Não é à toa que o papa João Paulo II, arcebispo da cidade, é uma figura onipresente aqui. Mas nem só de católicos vive a região. Outrora a Cracóvia possui uma grande e próspera comunidade judaica, uma das que mais sofreram com o Holocausto. Visite o Gueto e as sinagogas para depois seguir para a cidade de Auschwitz, onde se encontra os restos de um dos principais campos de concetração do período.

ONDE COMER

A Cracóvia possui uma ampla variedade de restaurantes, para todos os gostos e orçamentos. Como em tantos outros lugares da Polônia, estabelecimentos especializados em pratos estrangeiros (italianos, franceses, chineses, alemães) estão um degrau acima dos de pratos típicos. Alguns destes últimos têm pratos um tanto insossos como sopa de beterraba e o famoso pierogi a preços inexplicavelmente altos, valendo-se de chamativas placas em inglês que atraem os turistas. Experimente algumas boas receitas como panquecas de batata e pescoço de porco ou teste alguns novos restaurantes de cozinha judaica. O grande destaque, porém, vai para as bebidas. As cervejas do sul da Polônia são refrescantes e possuem muita personalidade, o vinho de mel mead é excelente como aperitivo ou digestivo e as vodcas surpreendem pela variedade, sabor e perfume.

Informações ao viajante

Línguas: polonês

Saúde: Exige certificado internacional de vacinação contra febre amarela.

Melhor época para visitar: Entre abril e outubro, quando a cidade apresenta agradáveis temperaturas e uma animada atmosfera

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