Parque das Ruínas é polo de cultura no Rio há mais de um século
Muito antes de ficar em ruínas e ser convertido em parque cultural público, casarão já era conhecido por abrigar exposições e apresentações de artistas cariocas

Pelos salões do que hoje é conhecido como Parque das Ruínas, passou grande parte da vida cultural do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Na primeira metade do século 20, o então Palacete Murtinho polvilhava com artistas, eventos e figurões que influenciavam o ritmo da alta sociedade no coração do poder do país.
Quem produzia arte ia em busca do apoio da dona do pedaço, a rica socialite Laurinda Santos Lobo, uma verdadeira mecenas da cultura no Rio daquele período. Apelidada de “Marechala da Elegância”, ela ganhou uma fama que persistiu através dos tempos: quase meio século após sua morte, o Palacete Murtinho continuava a mobilizar o imaginário carioca, e suas ruínas (daí o nome) viraram um centro cultural.
Vale conhecer mais sobre esse espaço que, além de uma rica história, fica em posição privilegiada, com vista panorâmica para a Baía de Guanabara.
A história do Parque das Ruínas
O Palacete Murtinho saiu do papel em 1902, convertendo-se rapidamente em um ímã para artistas das mais variadas vertentes, em busca do beneplácito da “Marechala”. Personalidades como o compositor Heitor Villa-Lobos passaram por ali, encantando-se tanto com Laurinda que lhe rendiam todos os tipos de homenagens.
O dinheiro do clã Murtinho ajudou a patrocinar os trabalhos dos modernistas na década de 1920, com vernissages e exposições sediadas no próprio casarão. A história de opulência, porém, chegou a um fim súbito com a morte da dona, em 1946: sem filhos e entregando a casa a uma sociedade que nunca tomou posse do imóvel, a propriedade acabou abandonada, e assim permaneceu por mais de 50 anos.

Foi só no começo da década de 1990 que as autoridades do Rio decidiram dar uma atenção ao espaço, que havia se degradado muito: literalmente arruinado e saqueado (conta-se que havia arranjos em ouro nas decorações, logo surrupiados quando o espaço ficou desabitado), o palacete exigiu investimento público para reabrir como Parque das Ruínas em 1997.
Embora a fachada tenha mantido o aspecto de um casarão da Belle Époque em declínio, vários melhoramentos foram feitos para garantir a usabilidade do espaço, restaurando áreas internas e impermeabilizando a estrutura – o projeto, assinado pelos arquitetos Ernani Freire e Sonia Lopes, foi inclusive premiado.
Hoje, o parque virou um centro cultural completo que remete aos eventos de sua antiga proprietária: há duas galerias de exposição, espaço externo para apresentações de shows e um teatro; também há uma cafeteria para os visitantes que desejam passar um tempo e curtir a paisagem. Ao todo, a área de 563 metros quadrados ainda conta com dois mirantes e até um parquinho para crianças.
Em 2023, o espaço mudou de nome por decisão da prefeitura do Rio, passando a homenagear a jornalista Glória Maria, falecida no começo daquele ano. Em uma nota curiosa, Glória gravou um programa no local: foi a Retrospectiva 2011 da TV Globo, apresentada ao lado de Sérgio Chapelin.
Onde fica o parque
O Parque das Ruínas (agora, oficialmente conhecido como Centro Cultural Municipal Glória Maria) fica no bairro de Santa Teresa, na região central do Rio, na rua Murtinho Nobre, 169. Confira mais informações sobre o espaço no site da prefeitura.
Para quem parte do centro, uma boa opção é a linha 014 (Santa Teresa) do ônibus. O parque também fica próximo da estação do charmoso bondinho de Santa Teresa que fica no Largo do Curvelo, a cerca de 350 metros.
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