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Museu das Favelas: arte periférica no centro de São Paulo

Instalado no luxuoso Palácio dos Campos Elíseos, museu destaca expressão cultural das favelas em exposições, oficinas e debates

Por Rebeca de Ávila
Atualizado em 20 ago 2024, 08h13 - Publicado em 19 ago 2024, 16h00
Museu das Favelas, Campos Elíseos, São Paulo
O museu tem entrada gratuita em todos os dias de funcionamento (Black Pipe Entretenimento/Divulgação)
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Inaugurado em junho de 2022, o jovem Museu das Favelas ocupa o Palácio dos Campos Elíseos, no Centro de São Paulo. O casarão do século 18 que toma conta de um quarteirão na Avenida Rio Branco tem arquitetura eclética e foi projetado pelo alemão Matheus Häusler com inspiração no Castelo de Écouen, na França.

O palácio já foi residência do cafeicultor Elias Antonio Pacheco e Chaves, em 1898, e sede do Governo, entre 1935 e 1965, mas hoje é um espaço de memória das favelas e de valorização da cultura de regiões marginalizadas.

A própria localização – no centro da cidade, perto da Favela do Moinho e da Ocupação Mauá  – simboliza o objetivo da instituição: trazer as mais de 10 mil periferias do Brasil para o centro de discussões culturais e sociais. 

Porém, com a transferência da sede do Governo de São Paulo do Morumbi para o Centro da cidade, o entorno do Palácio dos Campos Elíseos será desapropriado e o Museu das Favelas, transferido para o Pátio do Colégio.

Museu das Favelas, Campos Elíseos, São Paulo
O museu tem uma programação cultural com shows, lançamento de livros e oficinas de passinho (Museu das Favelas/Divulgação)

O que ver no Museu das Favelas

O espaço de 4 mil metros quadrados do Palácio Campos Elíseos não é totalmente aproveitado pelo Museu das Favelas: há áreas que os visitantes não podem acessar e que não estão sendo utilizadas como espaço expositivo ou para outros fins culturais.

O giro pelo museu não leva mais que uma hora, mas apesar de rápido, o passeio vale a pena pelo contato com temas que não costumam fazer parte do programa de outros museus – e que, quando fazem, não são seu foco. Pequenas, as exposições têm o mérito de tornar as favelas protagonistas da produção cultural, ainda que deixem gostinho de quero mais.

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Hoje, é possível conferir três exposições dentro do casarão e instalações no jardim:

Em cartaz até 29 de agosto, a exposição mais recente é Justiça Climática: uma Discussão do Presente, que exibe obras da artista indígena Auá Mendes sobre o impacto das mudanças do clima para comunidades originárias da Amazônia. As pinturas formam um calendário que ilustram os 12 meses do ano. 

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Funkeiros Cults, em cartaz até 29 de setembro, tem obras produzidas pelo coletivo de mesmo nome criado na periferia de Compensa, em Manaus, às margens do Rio Negro. O grupo se popularizou nas redes sociais por suas postagens de humor que apresentam novas visões de filosofias modernas.

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Em uma sala no primeiro andar do museu, a exposição mergulha na cultura periférica e do funk em quatro eixos: território, arte, identidade e literatura. É possível ver a releitura de pinturas clássicas, o cotidiano da periferia amazônica e memes feitos a partir de passagens literárias de obras canônicas.

Museu das Favelas, Campos Elíseos, São Paulo
A curadoria da exposição foi feita por Dayrel Teixeira, do coletivo Funkeiros Cults (Museu das Favelas/Divulgação)

No térreo, a exposição de longa duração, Favela-Raiz, apresenta três instalações. Raízes recebe os visitantes dentro do palácio com esculturas de crochê penduradas no teto e ao redor das colunas do hall. A peça foi feita com retalhos pela artista Lídia Lisboa e integrantes da cooperativa Sin Fronteras, de mulheres costureiras, e do coletivo de mulheres em situação de vulnerabilidade, Tem Sentimento.

A instalação Espelhos propõe que os visitantes escutem o rapper Kayode declamar um texto sobre os diferentes tipos de beleza enquanto investigam o próprio reflexo no salão principal do palácio. No cômodo ao lado, Visão Periférica projeta no teto e nas paredes imagens do cotidiano de diferentes favelas brasileiras capturadas por 20 fotógrafos.

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Do outro lado do salão, Mano Brown, do Racionais MC’s, aparece como Pantera Negra e Negra Li como Tempestade, do X-Men, na exposição Rap em Quadrinhos, também de longa duração. Os traços são de Wagner Loud, ilustrador de Pirituba, em São Paulo, e a curadoria do youtuber Load, morador de Guianases.

Museu das Favelas, Campos Elíseos, São Paulo
19 nomes do rap nacional são ilustrados como super-heróis de histórias em quadrinhos (Man Produções/Divulgação)

No belo jardim ao redor do museu, há uma instalação com artes em serigrafia sobre a história do palácio e uma escultura de alumínio de seis metros de altura, feita por Paulo Nazareth, da intelectual Maria Beatriz do Nascimento. 

Museu das Favelas, Campos Elíseos, São Paulo
No jardim do museu, ocorrem aulas de ioga e visitas temáticas (Carlos Pires/Divulgação)

Além das exposições, o museu tem uma biblioteca especializada em periferias e temas raciais e oferta uma programação cultural com oficinas de passinho, exibição de filmes, lançamento de livros, visitas guiadas, shows e rodas de conversa. Confira os próximos eventos no site do museu.

Museu das Favelas, Campos Elíseos, São Paulo
É possível ler os livros em uma das mesas e sofás do espaço (Nego Júnior/Divulgação)

Serviço

Museu das Favelas

Quando? De terça a sexta-feira, das 10h às 17h. Sábados e domingos, das 10h às 13h e das 14h às 17h.

Quanto? Entrada gratuita com retirada de ingressos no site do museu ou diretamente na bilheteria.

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Onde? Rua Guaianases, 1024 – Campos Elíseos, São Paulo.

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