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Foz do Iguaçu: como é a hospedagem no Hotel das Cataratas

A localização imbatível, o conforto e a fantástica hospitalidade do único hotel dentro do Parque Nacional do Iguaçu

Por Fabricio Brasiliense
Atualizado em 25 jan 2024, 01h35 - Publicado em 25 dez 2023, 08h45
De olho nas quedas: a torre do Hotel das Cataratas é um mirante perfeito (Belmond/Divulgação)
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Há quase duas décadas, eu pisava no então Tropical das Cataratas para cumprir uma agenda de pesquisas e testes em Foz do Iguaçu para a edição anual do Guia Quatro Rodas Brasil. Era sabido que o hotel, que fazia parte do grupo da Varig, não estava em seus melhores dias. Era visível o quão cansados estavam não só a equipe, mas também a pintura, o buffet, a louça, os cobertores xadrez, o carpete, as cortinas. O chiquê não habitava mais aquele lugar tão privilegiado de frente para as cataratas.

Corta para 2023. O tempo passou e quanta mudança. Em 2007, a rede Orient-Express, hoje Belmond, ganhou a concessão para administrar por 20 anos o único hotel dentro do parque nacional de Foz do Iguaçu. Sem nunca ter fechado as portas, foram investidos R$ 61 milhões em reformas e ampliações. Em 2023, o Hotel das Cataratas chegou aos 65 anos em excelente forma.

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Delírio tropical: o aconchegante salão Dom Pedro (Belmond/Reprodução)

Logo de cara, a imensa fachada chama a atenção pelo adorável cor-de-rosa pastel, que faz parecer um cenário pronto para um filme de Wes Anderson. E estacionada em frente, na mesma paleta, uma Kombi Corujinha confere um ar de nostalgia e leveza que adentra o hotel. Não foi à toa que no Prêmio O Melhor de Viagem e Turismo de 2023 o público elegeu o Belmond Cataratas como o melhor hotel do Brasil, empatado com o seu “irmão”, o centenário Copacabana Palace.

O estilo colonial português na arquitetura e a pegada tropical na decoração conferem uma atmosfera escapista e que combina bem com o entorno. Não há como achar trivial ou fingir costume o fato de se estar a poucos passos de uma das sete maravilhas mundiais da natureza. Andar pelos amplos corredores, sentar na varanda repleta de arcos do Bar Tarobá e ter como horizonte a mata, revoadas de tucanos e o barulho assombroso das cataratas é quase como habitar um dos quadros com motivos tropicais que decoram o lindo Salão Dom Pedro.

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Sorvetinho: a Kombi Corujinha na mesma paleta da fachada do hotel (FBrasiliense/Viagem e Turismo)
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Ah, os detalhes

Nos quartos, os tons crus predominam e o colorido fica por conta das gravuras assinadas por Ludmilla de Monte, que retratam a fauna e flora brasileiras. Os azulejos do banheiro pintados à mão e as cabeceiras esculpidas em madeira escura conferem elegância e aconchego. Mas nada é mais acolhedor do que os travesseiros de pena de ganso de tamanhos variados. Anote o nome: Miabel modelo tradição firme, uma compra certeira para quem deseja ter em casa uma cama de hotel. À noite, ao voltar para o quarto, delicadezas: chocolatinho, garrafa de água e Havaianas pousadas sobre um tapete branco (que horas antes nem estava ali). Sem falar do carregador de celular, delicadamente enrolado e atado com uma fitinha. Detalhes.

Suíte Júnior: cama e travesseiros em nível máximo de conforto
Suíte júnior: conforto e deliciosos travesseiros (Belmond/Divulgação)

A piscina é um deleite, aquecida e repleta de espreguiçadeiras. E o interessante é que ela tem três profundidades, sendo a maior com exatos 2,46 metros no trecho onde antigamente havia um trampolim – a parte mais rasa é de 1,28 metros. Para as crianças, tem ainda uma piscina infantil.

Café da manhã, almoço e jantar são servidos em sistema de buffet ou à la carte no lindo restaurante Ipê, que fica ao lado da piscina. Já o restaurante Itaipu, à direita de quem entra no hotel, abre somente no jantar e tem como chef Luiz Guilherme Cyrino, que já cozinhou no Copacabana Palace, no Rio, e no Palácio Tangará, em São Paulo. A vista para as quedas acompanha.

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Belmond Cataratas
Café da manhã dos campeões no restaurante Ipê (FBrasiliense/Viagem e Turismo)
Belmond Cataratas
Piscina aquecida com três profundidades e a linha de frente de espreguiçadeiras (Belmond/Divulgação)

Passeio pela Via Láctea

O hotel organiza uma série de atividades, uma delas é a chamada “Uma noite na fronteira”, que acontece aos sábados à noite no pátio interno e reúne músicos e dançarinos dos três países limítrofes – Argentina, Brasil e Paraguai – regada a comida e bom vinho. É a chance de ver a um só tempo ritmos como o chamamé, o tango, a chacarera e a chula (R$ 380 por pessoa).

De longe, a atividade que mais me pegou foi a aula de astronomia ao anoitecer ministrada pelo geógrafo Janer Vilaça. Deitados em espreguiçadeiras atrás da piscina, escutamos Janer conduzir uma fascinante viagem pela Via Láctea. Tudo fica melhor se o céu estiver sem nuvens, o que facilita a observação através de um telescópio. Mas a atividade é imperdível mesmo se for uma noite encoberta porque a estrela, digamos, é o próprio Janer, que conduz no gogó uma aula apaixonante e com muito conteúdo. Falo por mim: nunca mais olhei para o céu da mesma forma. Se houver um mínimo de seis hóspedes, a atividade sai por R$ 250 por pessoa.

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Show das cataratas

O ponto alto da hospedagem no Hotel das Cataratas é a possibilidade de percorrer as passarelas do parque nacional a qualquer hora, sobretudo no contrafluxo. Lá pelas 7h, antes do parque abrir, o hotel organiza um tour diário e gratuito. A partir das 16h, quando o parque fecha para o público, mas não para quem está no hotel, a experiência é arrebatadora.

Encarei o percurso sozinho e o único ser vivo com quem cruzei foi uma cutia. Com o parque aberto, pode ser por vezes desconfortável topar nas trilhas com dezenas de pessoas (são cerca de 1,5 milhão por ano), mas também não foi tão simples estar sozinho em um dos maiores conjuntos de cataratas do mundo. Na hora de pegar a passarela em frente ao Salto Floriano em direção à trovejante Garganta do Diabo, quase dei meia volta. Tem aquela história do grão de areia no deserto, da gota de água no oceano e ali no caso era eu, apenas eu, cara a cara com 1,5 milhão de litros d’água por segundo jorrando na minha frente.

Passados alguns minutos, foi possível baixar a frequência (apenas a minha, claro) e de fato aproveitar. E pude ver, com calma, o fascinante voo dos andorinhões, aves que atravessam feito flechas a cortina de água para alojar-se em ninhos construídos – quanta ousadia – atrás das quedas. Depois daquele fim de tarde alucinante, o que me restou na volta ao hotel foi a ótima massagem do spa, que tem sessões que podem durar de 25 até 80 minutos.

O Belmond oferece uma atividade junto às cataratas durante a lua cheia para ver o raro fenômeno do arco-íris lunar (confira o calendário e tente coincidir a hospedagem para a mesma época; R$ 140 por pessoa). 

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Passarela em frente ao Salto Floriano vazia: o privilégio maior para quem se hospeda no Belmond Cataratas (FBrasiliense/Viagem e Turismo)

Serviço

O Hotel das Cataratas organiza traslado para quem chega no aeroporto de Foz do Iguaçu e também disponibiliza um serviço de van gratuito que leva o hóspede da portaria do parque nacional até o hotel e vice-versa – entre 8h e 23h40 a cada 20 minutos. O serviço é útil para o hóspede que faz o passeio de barco do Macuco Safari, que fica na metade do caminho, e também para quem visita o Parque das Aves, que fica a uma curta caminhada da portaria do parque – ambos os passeios também podem ser inteiramente organizados pelo hotel; veja aqui o cardápio completo de atividades

O Belmond Cataratas também abre a possibilidade de day use para quem não estiver hospedado, o que inclui almoço no restaurante Ipê, massagem de 50 minutos no spa e acesso à piscina pelo valor de R$ 800 por pessoa. Já as diárias começam em R$ 4046 (com café da manhã e taxas); reserve aqui.

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