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Edifício Martinelli: como visitar, festas no terraço, história e mais

Marco da arquitetura paulistana virou ponto badalado após reabertura temporária para visitas e eventos culturais

Por Rebeca de Ávila
Atualizado em 3 jul 2024, 13h50 - Publicado em 3 jul 2024, 12h00

Em março de 2024, o primeiro arranha-céu da capital paulista completou 100 anos e voltou a ser assunto. O icônico Edifício Martinelli, na Rua Líbero Badaró, 504, no Centro Histórico de São Paulo, se tornou o novo ponto das tardes e noites paulistanas após a reabertura no centenário.

Desde março, o Martinelli recebeu os eventos Design Week, a Feira na Rosenbaum, a Cidade do Futuro e um desfile da São Paulo Fashion Week (SPFW), além de festas super concorridas que tomaram conta do terraço nos últimos meses.

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O topo do prédio tem sido palco de festas eletrônicas, rodas de samba, bailes de house e rap e baladas com DJs. Você consegue acompanhar todos os eventos que estão rolando no Martinelli aqui.

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A nova fase do edifício foi inaugurada depois do Grupo Tokyo, que administra a casa noturna de mesmo nome no bairro da República, vencer a licitação para gerir do andar 25º ao 28º e uma loja no 11º piso. O grupo encabeçou o projeto, chamado de M100, para comemorar o centenário do Martinelli com uma programação cultural.

As visitas ao terraço no 26º andar, suspensas em 2020, também foram retomadas. De cima, se tem uma das melhores vistas da cidade: é possível ver Catedral da Sé, Praça da Sé, Theatro Municipal, Farol Santander, Mosteiro de São Bento, Vale do Anhangabaú, Edifício Matarazzo e os Viadutos do Chá e Santa Ifigênia.

Dois irmãos: terraço do Martinelli e Farol Santander ao fundo
Dois irmãos: terraço do Martinelli e Farol Santander ao fundo (FB/Arquivo pessoal)

Para fazer a visita guiada de 30 minutos, é preciso fazer reserva – e elas costumam esgotar rápido. No perfil do Instagram do Edifício Martinelli, os novos ingressos são divulgados toda semana. Quando estão disponíveis, podem ser retirados gratuitamente na página da Secretaria Municipal de Turismo de São Paulo no Sympla.

Edifício Martinelli, Centro de São Paulo
A vizinhança do Edifício Martinelli (Thipotato/Wikimedia Commons)

No segundo semestre, o Grupo Tokyo pretende reformar os andares sob sua administração para que possam receber área de eventos, restaurante, cinema, bar, museu e café. Durante o período de obras, o edifício será fechado novamente.

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No térreo, já funciona o Café Martinelli desde 1993. A cafeteria serve tortas, quiches e lanches e tem decoração que transporta os clientes ao glamour da belle époque paulistana.

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Os outros andares do edifício são ocupados por órgãos públicos, como a SP Urbanismo, a Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab SP) e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU).

História do Edifício Martinelli

O Edifício Martinelli começou a ser construído em 1924 e teria 12 andares, de acordo com o projeto original do arquiteto húngaro William Fillinger, da Academia de Belas Artes de Viena, mas foi alterado por Giuseppe Martinelli. 

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O comendador italiano decidiu que o prédio em meio a uma São Paulo repleta de prédios baixos alcançaria os 30 andares. Na época, a construção mais alta da cidade era o Edifício Sampaio Moreira, com 12 andares, então é claro que o ambicioso projeto com mais de 100 metros de altura seria polêmico.

Edifício Martinelli, Centro de São Paulo
Terraço do Edifício Martinelli (Wilfredor/Wikimedia Commons)

Giuseppe Martinelli enfrentou a desconfiança pública e de autoridades da prefeitura, que chegaram a paralisar a obra quando o 24º andar foi construído. Para demonstrar a segurança do projeto, o italiano prometeu que moraria com sua família na cobertura do edifício, inaugurado em 1929.

O Martinelli teve uma construção luxuosa com portas de madeira de lei, escadas de mármore italiano, louça sanitária inglesa, espelhos belgas e elevadores suíços. Sua fachada levemente rosa foi desenhada pelos irmãos Lacombe, que projetaram o túnel da Avenida 9 de Julho.

Edifício Martinelli, Centro de São Paulo
A fachada mistura vários estilos, do barroco francês ao art déco (Wilson da Silva Vitorino/Wikimedia Commons)

Nos tempos de glória, o prédio foi ocupado de forma mistas por apartamentos, sindicatos, sede de partidos políticos e clubes (como a Portuguesa e o Palmeiras), restaurantes, boates, o Hotel São Bento (que ocupava sete andares), e o luxuoso Cine Rosário, o primeiro cinema da cidade a ter poltronas de couro.

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Giuseppe Martinelli morou nos últimos cinco andares do edifício até 1934, quando faliu e vendeu o prédio para o governo da Itália, a quem tinha pedido um empréstimo para concluir a obra. 

O prédio se tornou posse da União em 1943, depois de o Brasil declarar guerra ao Eixo (composto por Itália, Japão e Alemanha). A partir daí, o Martinelli viveu uma fase de decadência com o fechamento de estabelecimentos, ocupações irregulares e mortes misteriosas. 

Nesse período, o prédio perdeu a posição de edifício mais alto de São Paulo: em 1947, foi inaugurado ao lado o Edifício Altino Arantes (atual Farol Santander), com 35 andares e 161 metros de altura. Já na década de 1970, a prefeitura desapropriou o prédio para restaurá-lo e instalar repartições públicas. Vida longa à nova ocupação do Martinelli.

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