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Como é a visita à casa onde Portinari cresceu, em Brodowski

A residência da família, na região metropolitana de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, virou museu e tem entrada gratuita

Por Malu Jansen
Atualizado em 3 jun 2024, 21h47 - Publicado em 3 jun 2024, 10h00

O pintor Candido Portinari, conhecido por obras como “Os Retirantes” e “O Lavrador de Café”, nasceu na pequena Brodowski, na região metropolitana de Ribeirão Preto. A casa em que ele cresceu com seus onze irmãos foi transformada em um museu em 1970, alguns anos após a morte do pintor. 

A exposição exibe de forma muito completa a carreira e a vida em família do artista, que além de pintor também escrevia poesias. Rodeada por uma cidadezinha bucólica, a casa é muito charmosa e tem um belo jardim. Veja como é a visita ao Museu Casa de Portinari

História 

Filho de pais italianos que imigraram para o Brasil para trabalhar nas lavouras de café, Candido Portinari demonstrou talento na pintura desde muito jovem – aos 15 anos ele deixou a cidade de Brodowski para fazer aulas de pintura no Rio de Janeiro. 

Mas ele sempre retornava à terra natal para temporadas, mesmo após ver o sucesso internacional de suas obras – na casa, é possível conhecer seu ateliê e as diversas ferramentas utilizadas por ele. 

Museu Casa de Portinari, Brodowski, São Paulo
Os apetrechos de pintura de Portinari ficam expostas em seu ateliê (Museu Casa de Portinari/Divulgação)

Além disso, uma das partes da exposição mostra a evolução da casa ao longo dos anos. A residência começou muito simples, com apenas quatro cômodos onde viviam os pais de Portinari e seus onze filhos. Mas, a partir do momento em que Portinari começou a ter prestígio, a situação da família foi melhorando, o que trouxe várias ampliações e melhorias para a residência. 

Antes de ser tombado, o terreno possuía uma grande casa principal e mais duas casas anexas, onde moravam a avó e o tio do pintor, além de um belo jardim nos fundos.

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Museu Casa de Portinari, Brodowski, São Paulo
O jardim estava todo florido na ocasião da visita (Malu Jansen/Arquivo pessoal)

Sala São Jorge e o Dragão 

Essa história é muito bem contada ao longo da exposição, que tem recursos audiovisuais, interativos e itens do acervo de Portinari e sua família, como roupas, móveis e objetos. Ao ver a casa de frente, não dá para imaginar a quantidade de coisas que há lá dentro. 

Quando cheguei à casa museu, um dos funcionários me recepcionou e contou sobre todos os espaços que estão livres para visitação, o que corresponde a maior parte dos aposentos. À esquerda, há uma lojinha com souvenires e livros. 

Seguindo em frente, é onde começamos a entender sobre o cotidiano da família: já me deparei com dois murais originais pintados pelo artista diretamente na parede.

Museu Casa de Portinari, Brodowski, São Paulo
Um dos murais pintado na parede fica logo ao lado do jardim (Malu Jansen/Arquivo pessoal)
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Ali, fica a saída para o jardim, que possibilita ao visitante seguir por diferentes caminhos. Eu optei por começar pela sala “São Jorge e o Dragão”, à esquerda. Ela tem esse nome por ostentar em uma de suas paredes um mural original belíssimo que ilustra a batalha mítica entre homem e criatura – foi o meu favorito dentre todos os que estão expostos pela casa. 

Museu Casa de Portinari, Brodowski, São Paulo
A pintura São Jorge e o Dragão (Malu Jansen/Arquivo pessoal)

Uma curiosidade é que alguns desses murais foram reposicionados. Pinturas que foram feitas pelos corredores foram realocadas para a sala principal, sem qualquer dano às obras.

Na sala São Jorge é onde acontecem exposições temporárias. Durante minha visita, estava acontecendo uma exposição com cartas escritas à mão por Portinari, cujos destinatários eram familiares, amigos, o que também inclui figuras ilustres, como os amigos de longa Mário de Andrade e Graciliano Ramos.

A casa principal 

Dali, virando à esquerda, está a sala principal da Casa Portinari. Ali há mais alguns murais, junto a itens de mobília da família, como a mesa de jantar posta com louças originais.

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Museu Casa de Portinari, Brodowski, São Paulo
A sala de estar da família Portinari (Malu Jansen/Arquivo pessoal)

A cozinha, que foi construída após uma das expansões da casa, é um dos cômodos mais interessantes. Ali há uma curiosa máquina de moer café que o pintor trouxe de presente para sua família de uma viagem à Itália – e o visitante pode moer o café na hora, com o auxílio de uma manivela. O aroma que fica no ar é uma delícia. 

Museu Casa de Portinari, Brodowski, São Paulo
(Malu Jansen/Arquivo pessoal)

O café, inclusive, foi importantíssimo na história dos Portinari, já que foi o que garantiu o sustento da família e também a atividade central da economia de Brodowski. A vivência nas lavouras também inspirou o pintor em várias de suas obras, como a obra “Café”, que retrata os trabalhadores do campo. 

Voltando à sala principal, dali é possível seguir por dois corredores com diversos recursos de interatividade, como totens digitais em que é possível brincar de jogo da memória com obras do artista e ver em mais detalhes uma linha do tempo sobre sua vida. O quarto de Portinari também está em uma dessas portas, com itens de seu acervo pessoal. 

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A Capela da Nonna

Depois, fiz a volta pelo jardim (e aproveitei para tirar fotos das flores, lindíssimas e coloridas, assim como a casa). Logo, cheguei em um dos lugares mais especiais do museu:  a “Capela da Nonna”, que Portinari pintou em 1941. Sua avó, muito religiosa, estava em idade avançada e não conseguia mais ir até a Igreja. 

Por conta disso, Portinari pintou dentro da própria casa uma capelinha para que a avó mantivesse a rotina de orações. Cada um dos santos pintados nas paredes foi inspirado em integrantes da família. Ali ao lado há um pequeno anexo, que é a casa onde o tio de Portinari, Pepe, morava. 

Museu Casa de Portinari, Brodowski, São Paulo
Uma capela feita por Portinari para sua avó (Museu Casa de Portinari/Divulgação)

Caminhos de Portinari 

Para conhecer ainda melhor a história do pintor, a cidade presta várias homenagens e preserva o legado de seu mais prestigioso filho. Em Brodowski, há um roteiro a pé chamado de “Caminhos de Portinari”, em que é possível caminhar por onde o artista circulava no seu dia a dia. Em frente à casa está a Praça Candido Portinari, onde fica uma Capela de Santo Antônio que guarda pinturas originais do artista.

Seguindo pela rua Floriano Peixoto, chega-se até o Coreto de Brodowski, que era um centro da vida social na cidade. Logo em frente, fica a antiga estação ferroviária, que é de onde Portinari embarcou rumo ao começo de sua carreira, no Rio de Janeiro. Por último, avançando duas quadras para a esquerda, chega-se ao Bebedouro Público de Animais, que inspirou um dos poemas do artista. 

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Outro ponto que não está no roteiro e que pode ser visitado é a Exposição Giardino Portinari, que é um museu ao ar livre com algumas das obras mais icônicas do artista. Um pouco mais afastado dali, em Batatais (13 km adiante, seguindo pela BR-265), fica a Matriz de Batatais, outra igreja com pinturas originais.

Serviço

O Museu Casa de Portinari fica na Praça Candido Portinari, 298. Aberto de terça a domingo das 9h às 18h (na quarta fecha às 20h).

A entrada é gratuita, mas grupos maiores de doze pessoas precisam fazer o agendamento pelo telefone (16) 3664-4284.

Brodowski fica a 330 km de São Paulo e a 23 km de Ribeirão Preto. O principal acesso é feito pela BR-265, também chamada de Rodovia Candido Portinari.

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