CCBB de São Paulo expõe ilusões de ótica de Leandro Erlich
A mostra, que já passou por Belo Horizonte e pelo Rio de Janeiro, traz 19 obras do famoso artista argentino
As mais criativas ilusões de ótica do artista argentino Leandro Erlich estarão expostas no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo de 13 de abril a 20 de junho. A entrada da mostra, batizada de “A Tensão”, é gratuita, mas devido à pandemia é preciso agendar a visita com antecedência através do site.
O principal chamariz é a obra Swimming Pool, com a qual você pode já ter se deparado nas redes sociais. Como o próprio nome sugere, a instalação idealizada por Erlich em 1999 é uma piscina que brinca com a percepção dos visitantes: as pessoas que entram nela parecem estar submersas, mas não se molham e respiram normalmente. O segredo está em um conjunto de jatos d’água que simulam as ondulações naturais de uma piscina sobre uma camada de vidro quase imperceptível.
Porém, há outras 18 criações do argentino para apreciar – e algumas se revelam ainda mais surpreendentes do que a própria Swimming Pool. De elevadores flutuantes a janelas para jardins imaginários, tudo funciona como uma espécie de jogo para testar quem está prestando atenção (inclusive no nome da exposição). O curador da mostra, Marcello Dantas, explica que cada ilusão de ótica só se materializa com a presença do público. Por esse motivo, as obras causam tensão pelo mistério antes da aproximação dos visitantes e também exigem atenção para compreender o que está se vendo.
Um bom exemplo disso é a instalação Hair Saloon, que abre a mostra. O espaço recria um tradicional salão de beleza, mas ao se sentar em uma das cadeiras, o visitante se surpreende ao ver o rosto de outra pessoa refletida no espelho. Uma ilusão de ótica semelhante está presente em Classroom, onde a imagem das pessoas são projetadas para dentro de uma sala de aula fantasmagórica. Também merece destaque a obra The View, um vídeo digno de Hitchcock que incita a observar a rotina de uma vizinhança ficcional através da persiana de uma janela. “Gosto da ideia de pensar que o olho, ou o vidro, também são capazes de guardar histórias, assim como gosto que as pessoas saibam reconhecer como os trabalhos são feitos’, afirma Erlich.
O “manipulador do real”
Referências às ilusões de Robert Baker e M.C. Escher e ao surrealismo de René Magritte estão fortemente presentes na obra de Leandro Erlich, que nasceu em Buenos Aires em 1973. O próprio argentino afirma que a sua paixão é transformar o que as pessoas acreditam que não pode ser transformado, de forma que quase todas as suas criações estão na fronteira entre a realidade e a ilusão. “Essa ação nos convida a imaginar a realidade de uma maneira diferente”, defende ele.
Reconhecido internacionalmente, Erlich já teve obras expostas em cidades como Nova York, Barcelona, Londres, Seul e Paris. Ele já esteve no Brasil para participar de eventos como a 1ª Bienal do Mercosul em 1997 e a 26ª Bienal de São Paulo em 2004, mas “A Tensão” é a maior exposição do argentino já feita por aqui.
O artista também é conhecido pelas suas intervenções urbanas. Em 2015, ele ganhou as manchetes internacionais depois de ocultar a ponta do Obelisco de Buenos Aires e instalar uma réplica dessa porção superior na entrada do Museu de Arte Latino-Americano (MALBA).
Em Paris, Erlich instalou uma “casa derretida” logo em frente à estação Gare du Nord para lembrar os passantes sobre a crise do aquecimento global. Ainda na Cidade Luz, ele deu um “nó” nas escadas rolantes da loja de departamentos Le Bon Marché e transformou o teto da construção em um céu permanentemente azul.
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