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Arcos da Lapa: de aqueduto a ícone carioca

Cartão postal da cidade do Rio de Janeiro, obra do século XVIII é um dos principais símbolos do Rio Antigo, encravado em consagrada região boêmia

Por Gabriel Bortulini
Atualizado em 4 jun 2024, 16h28 - Publicado em 3 jun 2024, 15h00

Inaugurados com sua forma conhecida hoje em 1750, os Arcos da Lapa foram construídos ao longo do século XVIII, com uma função muito clara: abastecer de água a população da cidade do Rio de JaneiroPor esse motivo, também era conhecida como Aqueduto da Carioca, já que trazia água da nascente do Rio Carioca para a área urbana – com o tempo, a estrutura exerceu diferentes funções até se converter no cartão postal que é hoje.

A imagem consagrada atualmente também se originou por uma razão bastante prática: o que havia lá, no início, era uma estrutura com canos de ferro, que se degradava rapidamente em função da corrosão. O governo da época, encabeçado por Gomes Freire de Andrade, encomendou então os arcos feitos a partir de pedra, cal e óleo de baleia, um combo tão resistente que segue em pé ainda hoje.

Um símbolo do Brasil colonial

Erguida com mão de obra escravizada – tanto indígena quanto africana –, a construção se estende por 270 metros de comprimento e 17,6 metros de altura. Como um aqueduto clássico, foi pensado no tradicional estilo romano, uma civilização que deixou várias obras do tipo espalhadas pela Europa.

Os 42 arcos duplos da estrutura estendem-se do morro de Santa Teresa até o Convento das Carmelitas e são considerados uma das maiores obras erguidas no Brasil ainda durante o período colonial.

Por se tratar de uma construção imponente em uma época de edificações geralmente baixas, o aqueduto podia ser visto de longe no Rio antigo, o que o transformou em símbolo muito antes de ser reconvertido em ponto turístico. Com o tempo, o Aqueduto da Carioca tornou-se um ponto de encontro da população.

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Os Arcos da Lapa como ponto turístico

No final do século XIX, o Aqueduto da Carioca tornou-se obsoleto para sua função original. Em 1896, já desnecessário para o transporte de água, a obra começou a ser utilizada como rota para os bondes da cidade, um caminho que é usado ainda hoje e um dos passeios mais agradáveis de se fazer.

Os Arcos da Lapa se tornaram também um marco da fotografia de paisagem do Rio de Janeiro. A obra passou pelas lentes de inúmeros fotógrafos. Um dos mais renomados foi o francês Jean Victor Frond. Os retratos estão publicados na obra Brasil Pitoresco (1861), primeiro livro de fotografia realizado na América Latina.

No início do século XX, a Lapa passou por uma série de reformas e demolições. No entanto, os arcos se mantiveram e, em 1938, com a criação do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), eles foram protegidos pelo tombamento.

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Hoje, os arcos estão entre as principais atrações turísticas de uma cidade pródiga em lugares para se conhecer. O antigo aqueduto tornou-se um ícone arquitetônico de uma região famosa pela boemia. Aliás, duas das mais renomadas casas de shows da cidade estão localizadas nas redondezas dos Arcos da Lapa: a Fundição Progresso e o Circo Voador.

Toda a região emoldurada pelos arcos está repleta de bares e restaurantes. Nas proximidades também ficam outros pontos turísticos como a Escadaria Selarón e a Praça Cardeal Câmara.

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