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Viajante sincero, Mercado Municipal de São Paulo

Por Ana Claudia Crispim
Atualizado em 27 fev 2017, 16h13 - Publicado em 3 ago 2014, 17h00

“Não é você, sou eu. Você é a pessoa certa na hora errada, blá, blá, blá…”

Quem nunca proferiu estas ardilosas palavras, nem que fosse com as melhores das intenções? Penso nisso quando viajo pra algum lugar que é unanimidade e não acho tudo aquilo. Na volta da viagem as pessoas que foram pra aquele lugar (e adoraram) nos espremem em busca de elogios e identificação. E a gente não tem coragem de falar que simplesmente não gostou, nunca vai gostar! Se você já sentiu isso e nunca teve coragem de falar, liberte-se, vem comigo, tira esse sapo engasgado na goela. Você pode, sim, simplesmente não gostar daquilo que a maioria das pessoas amou, você pode apenas estar num dia ruim. Talvez fosse o lugar certo na hora errada, talvez não seja o lugar, e sim você… 

Mercado Municipal de São Paulo.  Lugar incrível, não? Arquitetura bacana, chefs famosos fazem suas compras lá logo cedo. É, sem dúvida, um importante local no mercado da alimentação. Tem diversidade. É legal, não é? Mas eu pago – eu pa-go! – pra não colocar o pé lá como turista. Aquele sanduíche de mortadela superestimado me irrita, minha boca não faz o ângulo na hora de morder. E o pastel de bacalhau supersalgado e seco igualmente supervalorizado? A fruta asiática, a tal pitaya, enfiada na nossa goela logo de cara? 40 dilmas o quilo e os gringos juram que estão comendo uma fruta brasileira. E a gente paga pau, mesmo se ela estiver sem gosto. E a gente não cansa de ver reportagens iguais sobre o mesmo lugar, nos programas que passam à tarde. E a gente acha bonito pegar fila e pagar caro por isso tudo.

As filas do estacionamento são a cereja do bolo, com o plus de correr o risco de ser assaltado antes mesmo de conseguir entrar. Ir de metrô é uma boa saída, desde que você não more longe e vá comprar 5 quilos de camarão e voltar pra casa cheirando gostoso; desde que você não odeie andar pela muvuca da 25 de Março – o que eu adoro, mas eu sou estranha mesmo.

FERNANDO MORAES e JAIR MAGRI

A bendita pitaya, o big sanduba e o pastel

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