Imagem Blog Além-mar Rachel Verano rodou o mundo, mas foi por Portugal que essa mineira caiu de amores e lá se vão, entre idas e vindas, quase dez anos. Do Algarve a Trás-os-Montes, aqui ela esquadrinha as descobertas pelo país que escolheu para chamar de seu
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Vinhos do Alentejo: uma visita à Adega Cartuxa

Belos vinhedos, instalações seculares, degustações... e o mais próximo que você estará do mítico vinho Pêra Manca

Por Rachel Verano
Atualizado em 20 abr 2018, 15h08 - Publicado em 10 nov 2017, 11h08
Os vinhedos da Quina de Valbom, nos arredores de Évora, onde acontece a bebida: coloridos pelo outono
Os vinhedos da Quina de Valbom, nos arredores de Évora, onde acontece a bebida: coloridos pelo outono (Bruno Barata/Reprodução)

Pimenta, frutos silvestres, flores. Frutos vermelhos e especiarias. Todo o blá do mundo dos vinhos pode ser experimentado, aqui, pelo olfato. A brincadeira proposta pela Adega Cartuxa, nos arredores de Évora, tem como objetivo tornar o universo mais didático aos amantes da bebida. Como? Passa-se por um corredor, molha-se um pedacinho de papel no líquido (como nas lojas de perfumes) e pronto. Está ali toda a personalidade de cada uva. Essas descrições se referem, especificamente, aos aromas das uvas aragonês e trincadeira, que, juntas, dão origem a um dos vinhos mais desejados de Portugal: o mítico Pêra Manca.

As instalações do edifício do século 16: séculos de história (e bons vinhos)
As instalações do edifício do século 16: séculos de história (e bons vinhos) (Bruno Barata/Reprodução)

A experiência no “corredor de aromas” das principais uvas usadas na fabricação dos vinhos alentejanos é a etapa final da visita à Adega Cartuxa, gigante que produz 4,5 milhões de garrafas por ano de alguns dos vinhos portugueses mais queridinhos no mercado brasileiro, entre eles o EA, o Cartuxa e o Pêra Manca.

A sala de envelhecimento, recheada de barris de carvalho francês
A sala de envelhecimento, recheada de barris de carvalho francês (Bruno Barata/Reprodução)

A visita, que sempre termina com degustações (e custa desde € 5 por pessoa), começa em um belo edifício do século 16, passa por salas de envelhecimento de tonéis de carvalho francês e segue pelas instalações que, ao longo dos séculos, incorporaram diferentes técnicas de produção que, hoje, cumprem um belo papel de museu.

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Detalhe de uma das antigas tinas de envelhecimento, em concreto: museu
Detalhe de uma das antigas tinas de envelhecimento, em concreto: museu (Bruno Barata/Reprodução)

É possível ver, por exemplo, ânforas gigantes de fermentação natural desenvolvidas na Argélia, além de enormes tanques de concreto.

O corredor de aromas: experiência sensorial
O corredor de aromas: experiência sensorial (Bruno Barata/Reprodução)

Fundada em 1776, a Vinícola Cartuxa tem hoje 700 hectares de vinhedos no Alentejo, sobretudo das castas antão vaz, arinto e roupeiro (a base dos vinhos brancos) e aragonês, trincadeira e alicante-bouchet (a base dos tintos) – mas, a despeito do tamanho, a colheita ainda é majoritariamente manual.

A área externa da adega, perfeita para um belo passeio
A área externa da adega, perfeita para um belo passeio (Bruno Barata/Reprodução)

Boa parte da aura da Cartuxa reside hoje no fato de ser a produtora do Pêra Manca, um dos vinhos mais antigos e festejados do país (reza a lenda que era a bebida transportada nas caravelas de Pedro Alvares Cabral quando o Brasil foi descoberto). Naquela época, Pêra Manca era a denominação da região alentejana nos arredores de Évora (por causa dos seculares monólitos, “pedras mancas”).

A degustação ao final da visita: todos os produtos estão à venda na lojinha
A degustação ao final da visita: todos os produtos estão à venda na lojinha (Bruno Barata/Reprodução)

Com o passar dos anos, o nome passou a designar não a região, mas o produtor. A patente ficou então nas mãos da prestigiada Casa Soares até os anos 80, quando foi adquirida pela Cartuxa. A primeira safra da bebida na casa nova foi a de 1990. Desde então, o vinho so vai para o mercado em safras excepcionais. A penúltima, por exemplo, foi a de 2011, comercializada a partir de 2015 e a última, lançada em 2017, com o resultado da colheita de 2013.

O mítico Pêra Manca: séculos de história
O mítico Pêra Manca: séculos de história (Bruno Barata/Reprodução)

Como tem uma produção limitadíssima, o Pêra Manca não é exatamente fácil de ser encontrado, pelo contrário. A vantagem de quem faz a visita guiada pela adega é que pode comprá-lo in loco, ao preço de € 194 (limitado a uma garrafa por pessoa e condicionado à visita). Por motivos óbvios, o vinho não faz parte da degustação oferecida durante o passeio. 

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