Fialho, em Évora: um restaurante imperdível no Alentejo
Pratos de caça, bacalhau, carnes que derretem na boca... Anote este nome para provar as maiores delícias da região
A primeira vez que ouvi falar do Fialho faz mais de dez anos. Foi recomendado, na altura, como “o melhor restaurante do Alentejo”. Não foi difícil entender os motivos. E depois de uma sobremesa chamada “ovos moles ferrados do Convento de Santa Clara”, uma espécie de créme brûlée com a casquinha crocante e, por cima, gotinhas de limão, eu passei a fazer coro aos quatro cantos: aquele era mesmo o melhor restaurante do Alentejo.
Anos depois, um upgrade. Fernando Henrique Cardoso o citou, em entrevista a uma revista semanal brasileira, como o melhor restaurante do mundo. Há poucos meses, uma amiga que dirige uma revista de lifestyle em Portugal me revelou empolgada os planos para o dia seguinte: ir comer ao melhor restaurante de Portugal. Pimba, era o Fialho.
E então chegou a hora de voltar ao Alentejo. Mais precisamente a Évora, a casa do Fialho (a cerca de uma hora de distância de Lisboa). Eu sei que a memória afetiva de viagens é capaz de muitos exageros, e eu precisava saber se aqueles sabores do campo ainda iam me balançar.
O Fialho sempre foi famoso pelo desfile de entradinhas deliciosas. Aspargos selvagens com ovos, cogumelos, salada de polvo e queijinhos amanteigados engordam a lista. Puxei pela memória e logo pedi o primeiro sabor que me fez morrer de amores na minha estreia por lá: empadas de caça com a massa finíssima e macia e o recheio bem molhadinho. Continuavam fenomenais.
Na sequência, sopa de cação. A quantidade de coentros dava um frescor divino.
Bacalhau assado, perna de cabrito com batatinhas, arroz de lebre, costeletas de cordeiro… A lista de pratos principais só dificulta a escolha. Acabei optando pelas bochechas de porco preto em molho de vinho tinto, acompanhadas de arroz selvagem. Derretiam na boca.
A sobremesa veio em dose dupla: os tais ovos moles ferrados (que já não faziam referência ao Convento de Santa Clara no cardápio), cremosos, quentinhos, coma crosta finíssima e crocante e o bendito toque de limão… e um pão de rala, à base de gila, uma espécie de abóbora. Gran finale.
Se é o melhor do Alentejo, de Portugal ou do mundo não sei dizer. Mas é seguramente um dos melhores do meu mundo português. A quem interessar possa: a carta de vinhos é extensa e bem curada. Boa oportunidade para mergulhar no intenso universo dos tintos alentejanos.
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