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8 destinos nada óbvios da Serra Gaúcha

Nova Petrópolis, Jaquirana, Ausentes. Um mergulho no gauderismo do Rio Grande do Sul

Por Fernando Leite
Atualizado em 7 fev 2019, 17h13 - Publicado em 24 abr 2017, 12h13

Atualizado em fevereiro de 2019

Nada de Gramado, Canela, Cambará do Sul e Bento Gonçalves nesse post.

Aqui vai uma sugestão de cidades para você reforçar sua visita a Serra Gaúcha. Pode ser através de passeios bate e volta ou passando ao menos uma noite nelas:

1. Nova Petrópolis

Café colonial do Opa's Kaffeehaus, em Nova Petrópolis (RS)
Amanteigados, pães, cucas, tortas, frios, linguiças e salsichas, schimier, nata e requeijão são alguns itens do cardápio do café colonial do Opa’s Kaffeehaus, em Nova Petrópolis (RS) (Carolina Baliviera)

A colonização alemã trouxe uma refeição idolatrada pela turistada e muito bem explorada pela cidade: o café colonial, encontrado em vários endereços de Nova Petrópolis. A mesa costuma ser um pouco menos farta que os similares de Gramado e Canela, respeitando mais o legítimo café colonial alemão, sem vinho ou aquelas tortas cheias de recheios. O que está bem longe de ser pouca comida, importantíssimo frisar.

Vários programas pelo centrinho servem para fazer a digestão. O mais divertido é, na pracinha central, caminhar até o miolo do Labirinto Verde e depois achar o caminho de volta por entre os arbustos. Mais à frente o Parque Aldeia do Imigrante te faz voltar ao tempo em que os alemães desembarcaram no Brasil – construções em estilo enxaimel reproduzem uma antiga vila de imigrantes. Pela Avenida 15 de Novembro ainda sucedem-se uma série de malharias com preços bem camaradas.

2. São Francisco de Paula

Queda no Parque das 8 Cachoeiras em São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul
Parque das 8 Cachoeiras em São Francisco de Paula (RS) (Carolina Baliviera)

Se você esqueceu seu livro de cabeceira, terá um motivo a mais para conhecer a Livraria Miragem, um incrível case de sucesso da Serra Gaúcha. Construída com material de demolição, seu acervo tem muitos livros sobre a história do estado e uma adorável seção para crianças.

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A simpática São Chico está no início do campos do alto da serra, onde a vegetação é mais rasteiro e o mix frio/vento começa a doer nos ossos. Pode ter certeza, que você verá muita gente trajando bota, bombacha e poncho.

Apesar das baixas temperaturas, a trilha do Parque das Oito Cachoeiras é um dos programas mais procurados. Para fazer o percurso inteiro, gasta-se um período, caminhando por trechos bem escorregadios. Porém, a melhor queda – Remanso – está a apenas 20 minutos de caminhada.

Se estiver viajando a dois, a melhor foto para colocar nas suas redes sociais fica no Lago São Bernardo.

3. São José dos Ausentes

Desnível dos Rios Silveira e Divisa, em São José dos Ausentes, Rio Grande do Sul
Desnível dos Rios Silveira e Divisa, em São José dos Ausentes (RS) (Andréia d Amato)

Prepare-se para o bater de dentes: faz muito frio no mais alto município gaúcho, na divisa com Santa Catarina. A hospedagem é feita em fazendas da região e, seguindo os preceitos do turismo rural, o hóspede pode participar da ordena da vaca e da lida do gado. Depois senta na varanda e ouve histórias e lendas locais regadas a pinhão e chimarrão.

Tem as atrações também, ora pois. Ponto culminante do estado, o Monte Negro tem 1403 m e chega-se de carro até bem próximo. Na verdade, o sofre-se para encarar a estrada de chão. Ao lado do pico, o cânion homônimo tem uma vista de arrepiar – em dias claros e, se seus olhos estiverem em forma, você conseguirá ver as praias catarinenses.

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Do lado oposto ao Monte Negro, uma atração das mais curiosas atrai muita gente: os rios Silveira e Divisa correm paralelo, porém em direções contrários e com uma diferença de 18 m entre eles. Só que para ver tal fenômeno, é preciso atravessar a pé, as geladérrimas águas do Rio Silveira. No mesmo rio, próximo dali, o Cachoeirão dos Rodrigues serve de modelo para uma bela foto – entrar lá é outro assunto. Quem mais se arrisca são os praticantes de pesca esportiva de truta (que devolvem o peixinho ao rio), porém munidos com roupa de neoprene e bota de borracha.

4. Bom Jesus

Gralha-Azul é uma das aves mais vistas na Serra Gaúcha (Vinivinizinho/Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

É uma espécie de irmã de São José dos Ausentes, distante 44 km. O frio também é intenso, araucárias aparecem em profusão e as fazendas estão abertas para receber gente ávida por boas histórias, especialmente do tropeirismo. Só os cânions não aparecem na paisagem, dando passagem para volumosas quedas d’água.

Com acesso apenas para carros 4×4 e com a presença de um guia, a Cachoeira da Ferradura impressiona mais pela extensão de 40 metros do que pela altura.

Nas andanças pela região, seja de carro, a cavalo ou mesmo a pé, quem costuma aparecer pelo caminho é a gralha-azul, ave típica do estado, encontrada em grandes concentrações de araucária.

5. Jaquirana

Sofre-se um bocado para chegar até no Passo do S, em Jaquirana (Márcia Elaine Pinheiro Balke/Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

O pequeno município de pouco mais de 6 mil habitantes é um segredo até para os gaúchos. Localizado entre São Francisco de Paula e Bom Jesus, mostra alguma semelhança com Cambará do Sul – há até uma horrível estrada de terra entre as duas cidades.

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Sem infraestrutura turística, é um bom passeio bate e volta para quem está hospedado pela região. Principal atrativo, o Passo do S é somente para os fortes. Fica a 37 km da cidade, 9 deles em uma estrada de chão bem tranqueira, só para carros 4×4. Ainda por cima, o veículo (ou você mesmo) tem que atravessar o leito do Rio Tainhas. Depos de ler isso, se não for uma baita atração, você vai querer me matar, né? Com 100 m de queda volumosa, a cachoeira faz valer o esforço e belas fotos sairão naturalmente. Ah, um pouco acima da queda, o traçado do rio faz um S, daí o nome.

Também com acesso por estrada de chão, mas bem mais tranquila e com estrutura de camping e bar, a Cachoeira Princesa dos Campos fica bem a o lado do estrada. Na verdade, você pode parar no belvedere, tirar uma selfie e dar linha na pipa.

6. Antônio Prado

Construções como essa fazem a fama de Antônio Prado (RS) (Marinelson Almeida/Flickr/Flickr)

Em 1995 a cidade teve seus cinco minutos de fama ao ter servido de cenário para o filme O Quatrilho, caso raro de longa nacional a concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Local escolhido a dedo por ser tombado pelo Iphan como o maior conjunto arquitetônico da colonização italiana no Brasil – são 48 edificações no início do século 20, a grande maioria com visita apenas externa. Então, a melhor forma de conhecê-la é calçando um pisante confortável e sair caminhando.

O ponto de partida pode ser a Casa da Neni, que funciona como centro de informações turísticas e venda de artesanato e doces. No percurso, algumas construções modernas tiram um pouco do charme, mas é inegável o belo conjunto de casas, muitas delas com lambrequins. Não deixe de passar na Foto Bernadi e tirar aquelas fotos à moda antiga, no qual você se transformará num colono italiano.

7. Farroupilha

O Santuário Nossa Senhora do Caravaggio, em Farroupilha, é um principal destino de romarias no Rio Grande do Sul (Tetraktys/Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Por ser uma cidade de perfil executivo, entre Caxias do Sul e Bento Gonçalves, muita gente passa reto por ela. Eu pensaria duas vezes. Até porque, uma das forças que move a economia da cidade é a produção de malhas e, no Centro de Compras, nas margens da RS-122, há mais de uma centena de lojas.

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Mas foi em Farroupilha que, em 1875, as primeiras famílias de italianos fincaram os pés em terras gaúchas, mais precisamente no distrito de Nova Milano, a 6 km do Centro. Por lá se encontra casas de pedras e até uma gôndola veneziana.

Existe quatro Santuários de Nossa Senhora do Caravaggio, no Rio Grande do Sul. Composto por duas igrejas, o maior deles fica em Farroupilha  e recebe em média, 2 milhões de pessoas todo o ano.

8. Garibaldi

Vinhas da Chandon, em Garibaldi, no Rio Grande do Sul
Vinhas da Chandon, em Garibaldi, no Rio Grande do Sul (Acervo Chandon/Divulgação)

A vizinha de Bento Gonçalves também tem nas vinícolas sua motivação turística. Mas aqui é só isso o que tem para fazer. Já foi terra do champagne, mas com a proibição do termo, virou terra do espumante – só não mudaram o nome do principal evento da cidade, a Festa Nacional do Champanha, que ocorre nos anos ímpares, entre setembro e outubro.

Champenoise e Charmat: você ficará expert nas técnicas de produção do espumante em um ou, vai lá, dois dias. Com agendamento prévio, a gigante Chandon abre sua produção aos visitantes, que saem pela vinícola acompanhados por enólogos. Pequena e com tour guiado pelo proprietário, a visita na Adolfo Lona vale pelas ótimas histórias e oportunidade de provar um espumante de alta qualidade. A Peterlongo ganha em interatividade e um tour mais demorado – a degustação da famosa Espuma de Prata que embala o Réveillon de muita gente faz parte do pacote.

Ligação secundária para Bento Gonçalves, a chamada Estrada do Sabor passa por várias propriedades rurais. Cinco famílias fazem parte do projeto. Mediante agendamento, o visitante conhece as cinco fazendas, degustando vinhos, sucos, queijos e embutidos.

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