Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Um jeito diferente de mergulhar na Grande Barreira de Corais da Austrália

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h29 - Publicado em 21 jan 2015, 15h49

Quem viaja no piloto automático assume que Cairns, na Costa Leste da Austrália, é a principal porta de entrada para a Grande Barreira de Corais. Afinal de contas, todos os guias dizem a mesma coisa e, de fato, é lá onde estão os grandes operadores, os barcos gigantes etc – ou seja, o esquema de massa. A questão é que quase tudo o que ouvi falar dos mergulhos nessa região é desanimador: multidão no mar, grupos grandes para poucos guias, corais detonados, pouca vida marinha.

Acontece que a Grande Barreira de Corais é um gigante que cobre uma área de cerca de 345 mil quilômetros quadrados, serpenteando por 2 300 quilômetros ao longo da costa do estado australiano de Queensland. É ÓBVIO que o único esquema possível não poderia estar só em Cairns e arredores, certo? E mais: é ÓBVIO que o melhor esquema possível não é mergulhar no meio da multidão de Cairns, certo?

Minha pesquisa começou com outro fator. Tracei uma linha na altura da barreira que delimita a zona de risco em que atuam as tenebrosas águas vivas mortais (a box jelly fish e a minúscula irukandji) entre novembro e abril. Sobrou fora dessa área apenas a pontinha do extremo sul da Barreira, mais ou menos na frente de uma praia (que no fim das contas se revelou um grande achado) chamada Agnes Water. Investiguei mais a fundo e… bingo! Encontrei uma tal ilha de Lady Musgrave, a uma hora e meia de barco da costa, onde apenas um centro de mergulho tem autorização para atuar (além dos iates dos liveaboards). Eis o meu melhor achado australiano até o momento, com poucas chances de superação.

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A praia da ilha de Lady Musgrave, com seus azuis de lacrimejar de emoção (foto: pbutke/Flick/creative commons)

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É caro de doer, mas vale cada segundo. Para chegar até lá, é preciso “pegar carona” no passeio da Lady Musgrave Cruises (uns US$ 160) e ainda pagar o mergulho à parte (uns US$ 120 por duas imersões). O esquema é meio farofão: uma hora e meia num catamarã meio velhusco, com direito a vários jatos de vômito pelo caminho (jamais vou entender porque as pessoas que têm tendência a enjoar insistem em fazer passeios de barco em mar aberto).

Mas uma vez na ilha, o povão desembarca numa plataforma e os mergulhadores seguem para a parte externa do arrecife num barquinho menor. Éramos apenas 7 mergulhadores – e não cruzamos com ninguém mais no mar. Esse milagre está para o mergulho assim como surfar sozinho em Pipeline no auge da temporada de ondas.

Mergulhador prepara-se para explorar o pedacinho mais abundante da Barreira de Corais

Mergulhador prepara-se para explorar o pedacinho mais abundante da Barreira de Corais (foto:Lawrence Wang/Flick/creative commons)

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Do barco, o visual é de encher os olhos de lágrimas. Todas as nuances de azul, do turquesa ao cobalto, se misturam no horizonte conforme a profundidade. A ilha Lady Musgrave em si é um espanto, um clichê perfeito do paraíso tropical. Só ver tudo aquilo já teria valido muito a pena. Mas o mergulho em si superou todas as expectativas.

Sim, os corais são alucinantes. Mas a vida ao redor dos pináculos roubou a cena: tubarão leopardo, arraias-águias gigantescas (entre outros tipos de arraias mais comuns), tubarão de aleta branca, tartarugas gigantescas de várias espécies, peixe napoleão, barracudas… Tudo isso em condições de livro, com água a 27 graus, visibilidade de mais de 20 metros, zero corrente, zero stress.

Será que fiz bem em espalhar a notícia?

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