Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Trem-bala low cost da Espanha é vítima do coronavírus

Governo espanhol cancela o lançamento do AVLO de Madri a Barcelona e põe em xeque o modelo das viagens baratas

Por Adriana Setti
Atualizado em 5 jun 2020, 11h33 - Publicado em 5 jun 2020, 10h43

Em fevereiro, antes do mundo começar a girar no sentido errado, anunciei com euforia o começo da venda de passagens para o novo AVLO – o trem-bala low cost que ligaria Madri a Barcelona em apenas 2h30, com bilhetes entre €10 e €60. A inauguração da linha, inicialmente prevista para abril, ficou em suspenso desde que o estado de emergência foi decretado na Espanha, em 14 de março, devido à pandemia de coronavírus. Mas, segundo acaba de anunciar o ministro do transporte e da mobilidade, José Luis Ábalos, o lançamento da versão baratex do AVE (o trem de alta velocidade espanhol) está cancelado por tempo indeterminado. Fom fom fom.

“Não vejo como podemos pensar em um serviço low cost a curto prazo”, disse o ministro. “Atualmente, com as distâncias de segurança impostas, vai ser complicado. Até que a pandemia caia no esquecimento, o uso do transporte será muito distinto ao que estávamos acostumados”.

No “novo normal” espanhol, os trens só podem circular com 50% da capacidade. Durante a viagem, os passageiros devem usar máscara e não devem conversar entre si ou falar no celular, para evitar a emissão de gotículas de saliva ao ar. Os vagões-bar não estão funcionando, assim como o serviço de bordo. E, para subir e descer do vagão, o protocolo é quase militar, para que os passageiros mantenham a distância segura entre si mesmo na fila.

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A morte do AVLO por coronavírus é um bom termômetro do desafio que a indústria do turismo low cost enfrenta atualmente. Quase sempre, preço baixo tem a ver com maior volume de vendas e menor margem de lucro, compensada com serviços extra pagos à parte. Isso vale para companhias aéreas, albergues, grandes navios de cruzeiro, excursões e muitos outros setores do turismo que, nas últimas décadas, permitiram que bilhões de pessoas pudessem, finalmente, viajar. Uma vez que menos (gente) é mais (seguro) na era do covid-19, o modelo low cost precisará ser reinventado.

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