Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Sanfermines, a festa mais louca da Espanha: normas de sobrevivência

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h47 - Publicado em 9 jul 2012, 17h36

Chico voador no Txupinazo, a etapa mais muvucada da festa

 

 

Eu ia escrever um post sobre as minhas (vagas e nebulosas) memórias da festa de Sanfermines, que sacode a cidade de Pamplona, no norte da Espanha, neste exato momento. Mas acabo de lembrar que isso já está feito. Clique aqui para ler o post.

 

Naqueles tempos, eu era uma pessoa capaz de fazer um bate e volta Barcelona-Pamplona só para cair na balada (5h de trem). Não só isso: também tinha saúde para dormir ao relento (na grama), tomar vinho barato com coca-cola e não precisar de uma semana no hospital depois de tudo isso. Hoje em dia, mais madura e preguiçosa, me limito a dar as coordenadas aos valentes. No mais, vai indo que eu não vou:

 

RESERVE COM ANTECEDÊNCIA: Se você quiser uma cama para estender o corpo cansado em Pamplona, reserve já para os Sanfermines do ano que vem. Em cima da hora é impossível encontrar alojamento. As multidões dormindo em praças, canteiros, parques e calçadas são a prova (semi) viva disso.

 

GARANTA A SUA VARANDA: Várias horas antes do encierro (o momento em que os touros correm atrás das pessoas) já é impossível conseguir um lugar empoleirado nas cercas protetoras do circuito. Chegar cedo – haja disposição, uma vez que o estouro da boiada acontece às 8h da matina — é o único jeito de ver a coisa de graça. O mais confortável é alugar um canto na varanda de algum dos prédios das calles por onde passam os touros. O programa costuma incluir café da manhã e custa entre €30 e €100, dependendo da localização e do seu poder de pechinchar. Essas vagas nas varandas são oferecidas pelos moradores algumas horas antes e é bem fácil encontrá-los pelas ruas.

 

Se não guenta bebe leite!

EVITE ATAQUES DE CLAUSTROFOBIA: Se você já esteve em algum carnaval selvagem do Brasil, vai tirar de letra. Mas se você é da turma do não me toque, não pense que a bagunça aqui é mais light só porque estamos na Europa. O Txupinazo (clique para entender o que é), ritual que marca o começo da festa, faz com que dois corpos ocupem o mesmo lugar no espaço na praça principal da cidade, com direito a chuva de vinho, baldadas de água, pessoas sendo arremessadas para cima e um teor alcoólico fora de qualquer escala. É o momento mais claustrofóbico da folia, só para os fortes.

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A refeição dos imundos, em plena Plaza de Toros

PROTEJA-SE DA MELECA (OU PREPARE-SE PARA CHAFURDAR): As touradas da semana dos Sanfermines são uma experiência antropológica nível avançado, principalmente para quem senta no lado “sol” da praça. Como tradição, as peñas (espécies de agremiações festeiras) levam quantidades absurdas de comida para o evento. E não estamos falando de simples sanduíches. Paellas, macarronadas, ensopados de carne e coisas que você jamais imaginaria carregar em um tupperware estão presentes na plaza de toros. Metade dessas marmitas superlativas costuma voar pelos ares aleatoriamente, transformando tudo em uma meleca enorme. Faz parte da festa. Vá de chapéu e roupa velha. E não diga que eu não avisei.

 

Bêbado voador na fonte de Santa Cecília

NÃO COLOQUE O SEU CRÂNIO EM RISCO: Uma das muitas tradições kamikazes da festa é atirar-se de uma fonte altíssima nos braços da multidão. Para alguns, é um “ritual de passagem”. Mas sejamos razoáveis. Em sã consciência, você saltaria de uma altura absurda nos braços de um bando de bêbados? Então tente lembrar-se disso depois de oito calimochos (mistura explosiva de coca-cola com vinho tradicional na festa). Todo ano há um bom número de feridos por causa dessa prática e já houve algumas baixas também. Roubada.

 

Nossa, nossa, assim você me mata

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SE BEBER, NÃO CORRA: A polícia se encarrega de arremessar longe os elementos visivelmente bêbados que se propõem a correr na frente dos touros. Se você disfarça bem, azar o seu. Sentir no cangote a bufada de um animal de 500 quilos não é algo exatamente seguro. E cair na frente de um deles é o pior que pode acontecer. Pense dez mil vezes antes de bancar o valentão e, caso decida correr, maneire na bebida. Mortes e acidentes graves são normalíssimos.

 

CUIDADO COM A MÃO LEVE: Carteira de bêbado não tem dono. Faça como você faria no carnaval do Rio ou de Salvador.

 

O site Sanfermin.com é a melhor (e mais divertida) fonte de informações sobre a festa. Todas as fotos foram reproduzidas do site (e há outras muitas geniais nas galerias).

 

Siga @drisetti no Twitter.

 

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