Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Programa legal na Cidade do México, parte 1: Museu Frida Kahlo e Coyoacán

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h48 - Publicado em 27 mar 2012, 12h10

Vídeo sobre a vida de Frida no museu da casa azul da rua Londres

 

Assim como muitos artista geniais, Frida Kahlo não teve o reconhecimento que mereceu em vida. Apesar de badalada em alguns círculos intelectuais, a mulher de sobrancelhas marcantes que hoje encarna um dos bastiões da cultura mexicana só saiu da sombra do marido, o muralista Diego Rivera, anos após a sua morte, em 1954. Mesmo assim, foi só depois do lançamento do filme Frida, em 2002, que a pintora transformou-se em febre internacional. Em 2007, uma retrospectiva de sua obra no Palacio de Bellas Artes recebeu 440 mil visitantes. Hoje, o ícone mais pop da arte mexicana estampa 8 de cada 10 suvenires vendidos no país.

 

A alma de frida está ali

 

Uma de suas frases estampadas pelo museu

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Caí de amores por Frida quando visitei uma completíssima exposição no Palazzo della Permanente, em Milão, em 2003. Devorei algumas de suas biografias (a mais completa delas Frida – Una biografia de Frida Kahlo, de Hayden Herrera). Por isso, conhecer La casa azul de la Calle Londres (título do primeiro capítulo do livro, aliás) — onde a pintora nasceu, passou grande parte de sua vida e morreu – era o programa que esperava com mais ansiedade.

 

O jardim da casa azul

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Aos domingos, quando todos os museus do país são grátis para mexicanos, entrar no Museu Frida Kahlo é um inferno. Fui, vi a fila na porta e dei meia volta. Então voltei na quarta-feira à tarde para degustá-lo com calma. Grande parte de seus quadros mais importantes não estão lá. Mas quando à sua alma, não há dúvidas. Ela está nos detalhes da (lindíssima) cozinha, no quarto, em algumas roupas, nos pinceis… Frases suas estampam as paredes. A máscara mortuária repousa sobre a pequena cama onde ela passava grande parte do tempo nos longos períodos em que padecia de dores insuportáveis na coluna. O sofrimento de Frida e seu amor incondicional à vida e por Diego estão ali.

 

Máscara mortuária sobre a pequena cama

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Saindo da casa azul, o passeio pelo bairro de Coyoacán é uma delícia (o museu León Trotsky, na casa onde o russo refugiou-se de Stalin nos anos 1930, também fica no bairro). Na época de Frida Kahlo, o lugar era uma cidadezinha a 10 quilômetros do centro da Cidade do México que, aos poucos, foi engolida pela metrópole. As ruas arborizadas e predominantemente residenciais ainda mantêm esse certo ar de lugar distante. A três quarteirões do museu está o Mercado, ótimo para almoçar, tanto nas banquinhas de dentro como nos restaurantes do lado de fora – veja, na foto, a quesadilla incrementada com flor de abobrinha que eu tracei por lá. Garimpando, também dá para descolar alguns suvenires bacaninhas.

 

Quesadilla de incrementada com flor de abobrinha

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Três quarteirões mais e chega-se à Plaza Hidalgo, onde está a paróquia de San Juan Batista. A praça também conhecida como “zocalito”, arborizada e cercada de cafés e lojinhas.

 

Viveros de Coyoacán, um relax necessário

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Dez minutinhos mais de caminhada e você dará com os Viveros de Coyoacán, um enorme parque onde os chilangos correm, andam e descansam da loucura da cidade. O guia que tinha em mãos fazia a misteriosa recomendação: “é preciso ter cuidado com os esquilos”. Sim, meus caros, procede. Os esquilos do parque andam em verdadeiras gangues e não se acanham em avançar sobre sacos plásticos onde suspeitam que haja comida. Num momento de pânico, meus saquinhos com os suvenires de Frida foram arremessados ao chão e tive que sair vergonhosamente correndo.

 

Esquilo pronto para o ataque

@drisetti

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