Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Percevejo, a paranoia do momento entre viajantes

Os percevejos são considerados a grande praga do momento e, principalmente nos Estados Unidos, estão causando graves problemas econômicos e sociais

Por Adriana Setti
Atualizado em 2 jul 2021, 12h24 - Publicado em 4 dez 2012, 09h39
Mapa percevejos EUAO mapa do percevejo nos Estados Unidos

Esses dias, uma amiga me contou uma história de terror. Em um albergue de Buenos Aires, acordou com picadas extremamente incômodas e inchadas. Conversou com suas companheiras de quarto e notou que todas estavam com o mesmo problema. Ao comunicarem à direção do hostal, foram sumariamente expulsas. Para os donos do estabelecimento, uma delas havia trazido o temido percevejo (beg bug em inglês, chinche, em espanhol). Desnorteada e humilhada, minha amiga saiu com sua mochila por Buenos Aires, a procurar um novo albergue. E, para seu espanto, seu nome havia caído em uma lista de negra dos hostales de Buenos Aires — ninguém a aceitou como hóspede, por considerá-la “infestada”. O jeito foi, então, recorrer a um bed & breakfast, onde abriu o jogo com a dona que, enfim, a acolheu e ajudou (ciente do risco que corria), lavando todas as suas roupas e também a mochila, para que ela se livrasse da praga, que não resiste ao calor da secadora.

A reação dos albergues de Buenos Aires é chocante. Mas tem razão de ser. Os percevejos são considerados a grande praga do momento e, principalmente nos Estados Unidos, estão causando graves problemas econômicos e sociais. Não se trata apenas das desagradáveis picadas. O grande perigo é que a pessoa carregue o inseto na mala, ou em suas roupas, para dentro de casa. Uma vez instalado, o percevejo se reproduz com velocidade espantosa e é dificílimo de ser eliminado. Resistente a grande parte dos inseticidas, os bed bugs são o desafio do momento para empresas de controles de praga que, muitas vezes, simplesmente não conseguem resolver o problema. Em casos mais graves, as pessoas são obrigadas a abandonar o próprio lar, deixando tudo (móveis, roupas, livros) para trás. Isso porque, acredite: é impossível dividir o mesmo teto com um inseto que pica incessantemente. A coceira pode levar à loucura.

Para ser sincera, até ouvir o relato da minha amiga, tentava acreditar que o problema não era tão grave assim. Mas os fatos são cruéis. Em cidades como Nova York, a maior loja da Nike e uma das lojas da Victoria Secret tiveram de ser interditadas. O número de hotéis afetados é espantoso, e até o lendário Waldorf Astoria teve problemas. Uma vez alojados na bagagem dos viajantes, esses bichinhos horripilantes estão viajando pelo mundo e já causam problemas na Europa, em Buenos Aires e várias outras partes do mundo.

Aqui na Europa, há rumores que passageiros foram picados em aviões da RyanAir. Os albergues do caminho de Santiago também são famosos pelos casos de chinches. Uma grande amiga sentiu isso na pele. E o percevejo só não arruinou a sua viagem porque ela conseguiu encontrar o maldito escondido na sua roupa e o matou na unha.

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É ou não é a paranoia do momento? (Estou com coceiras só de escrever este texto).

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