Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Os melhores restaurantes de Jericoacoara

Especial Amazônia: arroz arbóreo cozido com caldo de tucupi, vinho branco, jambu e camarões frescos, no restaurante Chocolate

Por Adriana Setti
Atualizado em 8 dez 2020, 14h08 - Publicado em 17 dez 2009, 13h12
Especial Amazônia: arroz arbóreo cozido com caldo de tucupi, vinho branco, jambu e camarões frescos, no restaurante ChocolateEspecial Amazônia: arroz arbóreo cozido com caldo de tucupi, vinho branco, jambu e camarões frescos, no restaurante Chocolate

Foram-se os porcos, vieram os gringos, a energia elétrica, as pousadas ajeitadas… Mas o maior upgrade de lá pra cá (para quem não leu os últimos posts, não ia a Jeri há 14 anos) foi sem dúvida o gastronômico. Meu deus, como se come bem em Jericoacoara hoje em dia!

Fala-se muito bem da sofisticação culinária da Praia da Pipa, no Rio Grande do Norte. Isso para não citar o sul da Bahia, entre outros lugares rústico-chiques do Brasil (sim, apesar da minha condição de semi-gringa, estive na Bahia e no Rio Grande do Norte recentemente). Mas surpreendentemente foi em Jeri, disparado, onde comi melhor.

Picanhas argentinas, jambu, verduras, arroz basmati, azeite de oliva extra virgem italiano, verduras e frutas fresquinhas… Hoje em dia tudo atravessa aquelas areias e chega, milagrosamente, às mesas de Jeri nas mãos de garçons profissionais e invariavelmente simpáticos. Em 10 dias, não repeti um restaurante sequer, tamanha a oferta e variedade. E comi bem em quase todos eles.

Todos os restaurantes de Jeri têm um cardápio beeem variado, com massas, peixes, carnes, saladas e etc, o que poderia fazer alguns torcerem o nariz (eu mesma sempre desconfio de cardápios quilométricos). Mas depois de despir-me de preconceitos (talvez adquiridos na Europa?), transitei de picanha a camarão com manga e voltei para casa satisfeitíssima (e roliça).

Eis aqui os meus eleitos:

Tamarindo (Rua da Farmácia, que fica entre a principal e a do Forró)

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É indiscutivelmente o restaurante mais bonito de Jeri. O terraço tem mesas  — e muito espaço entre elas – sob uma enorme árvore de tamarindo, com iluminação suave. Dentro, o ambiente é mais sofisticadinho (um salão de madeira com janelas de vidro, algo único na cidade), enfeitado com luminárias bárbaras feitas de arame e malha, simples e lindas. O resto da decoração fica por conta de peças de artesanato super criativas “importadas” de Minas e de onde mais der na telha da dona, uma paulistana de muito bom gosto (comentário fofi: o suporte de papel higiênico do banheiro feminino, duas bundinhas – uma branquinha e uma moreninha – com biquínis de lacinho, é a coisa mais graciosa da face da terra). Serve peixes, carnes grelhadas, saladas, pizzas de massa bem fininha e frutos do mar. Mas o mais interessante do cardápio são as receitas que levam frutas. O meu camarão com manga grelhada estava divino. E o acompanhamento, arroz com ervas e lascas de amêndoas, idem. Menção honrosa ao serviço: garçons e garçonetes bonitos, eficientes e simpáticos de dar vontade de abraçar na saída.

Na Casa Dela (Rua Principal)

Fiquei na dúvida ao eleger o Tamarindo como o mais bonito de Jeri, porque esse aqui também é matador. Na pior das hipóteses, o na Casa Dela merece a posição 1,2 no quesito charme. Na entrada, a escultura de uma “nega maluca” e um gramofone já denotam que alguém colocou a imaginação para funcionar na hora de decorar. E deu certo. O acesso ao banheiro (lá vou eu de novo…) é um jogo de amarelinha que termina numa plaquinha “não é o céu, mas é um banheiro” – não é muito fofo???. As mesas se distribuem por um enorme jardim (suponho que eles fecham em dia de chuva) com iluminação cuidada e peças de artesanato divertidas (algumas podem ser compradas numa lojinha anexa). Serve boas moquecas e boas carnes grelhadas (a porção de picanha argentina é para tiranoussauro rex nenhum botar defeito).

Chocolate (Mudou de lugar recentemente, agora fica numa travessinha da rua do Forró)

Eis aqui algo seriíssimo. Se auto intitula um restaurante de alta gastronomia. E o é. O ambiente, pintando em cores quentes, tem um ar oriental, com pufes e almofadas. Mas passemos logo ao que interessa. Comecei com um ceviche de peixe divino, fresquinho e temperado na medida certa. Segui com um Especial da Amazônia — . E terminei com uma mousse de cupuaçu. Mais brasileiro e surpreendente impossível. Meu namorado foi de Filé mignon à Mosqueiro’s, isto é, filé mignon grelhado e coberto com molho de tucupi com jambu. Aprovadíssimo. Nossos dois amigos gringos pediram o filé de robalo com tucupi e jambu. O inglês achou a melhor refeição que tinha feito até então no Brasil. O francês passou a noite intrigado com a existência da manteiga líquida (de garrafa) e manteve um silêncio suspeito após o jantar – também deixou  uma quantidade razoável de comida no prato. Ah… os franceses… Observação: pedimos todas as variações de tucupi e jambu da casa, mas o menu vai muitíssimo além disso, que fique bem claro.

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Bistrogonoff (Beco do Guaxélo, entre a principal e a rua São Francisco)

Até na baixa temporada é difícil encontrar mesa neste bistrô. Um amigo catalão, que cruzamos por lá por acaso, disse que jantou to-dos os dias neste restaurantezinho. E o belga dono da nossa pousada também o recomendou como seu preferido. Faz sentido. A comida é muitíssimo bem feita e os preços são mais do que atrativos. Provei o filé com molho mostarda, nada muito criativo, mas estava perfeito. Como o nome já diz, a especialidade da casa são os estrogonofe, em várias versões. Faltaram algumas noites a mais para prova-los. O garçom Junior é a pessoa mais simpática de Jeri.

Carcará (Rua do Forró)

É um dos mais bem falados (e talvez também mais carinhos) de Jeri. E faz jus à sua fama. As mesas se distribuem por um terraço simples, mas gostoso. Mal abri o cardápio e já fui seduzida por uma caldeirada de frutos do mar. A quantidade e o tamanho dos camarões era impressionante. E acho que havia uma lagosta (ok, ela poderia estar um pouco mais tenra, mas era saborosa) inteira no meio da festa. Para ajudar na digestão, ainda foi preciso fazer uma degustação de cachaças… (aliás, é um dos poucos restaurantes da cidade com uma boa seleção da marvada).

Café Brasil (Beco do Guaxélo, entre a principal e a rua São Francisco)

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É unanimidade para comidinhas leves, café da manhã e uma fominha fora de hora. O sanduíche de ricota com palmito no pão caseiro integral vai ficar para a história. Também capricha no açaí e nos sucos.

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