Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Olha o mico! O que não fazer em Barcelona

Uma listinha de programas de índio que você só indicaria ao seu pior inimigo

Por Adriana Setti
Atualizado em 21 jan 2020, 19h38 - Publicado em 22 out 2007, 13h10

Você iria a um show de mulatas em Porto Alegre? Pediria feijoada enlatada em um restaurante? Tomaria caipirinha de álcool Zulu? Pois aqui vai uma listinha esperta para escapar dos programas de índio em que, bobeou, você acaba se metendo.

Restaurantes das Ramblas

Costumo dizer aos amigos que me visitam: não coma, não beba e não compre nada nas Ramblas. Ou você acha que aqueles bandos de ingleses deglutindo baldes de cerveja com chapéu de mexicano são muito descolados? Os restaurantes com mesas na Ramblas parecem uma tentação à primeira vista. Mas tudo é muito mais caro do que o normal e nunca ouvi falar de algum lugar que seja realmente bom. Anote aí as exceções: o Viena (do lado esquerdo para quem vem do Colón, quase chegando na Plaza Catalunya), uma lanchonete deliciosa e ultra tradicional ideal para matar a larica noturna, e o Mercado de la Boquería, o mais lindo e famoso da cidade.

Poble Espanyol

Quando vim a Barcelona pela primeira vez, senti que merecia estar usando um nariz de palhaço ao entrar no Poble Espanyol. A ideia é até simpática: uma espécie de parque temático com prédios representando os estilos arquitetônicos dos pueblos (cidadezinhas) da Espanha. O problema é que esse estilo Epcot Center não tem nada a ver com Europa. Por que diabos você precisa de alguma coisa fake se o original está logo ali?? Para conhecer um legítimo pueblo español, basta pegar um trem e ir para qualquer um dos milhares de vilarejos que existem por aí. De quebra, você economizará o preço da entrada: 8 euros. Se você quiser conhecer o lugar mesmo assim, espere um dia em que haja algum show por lá (no verão muita coisa boa costuma pintar) ou caia em uma das baladinhas que rolam ali dentro: Discotheque, no inverno, La Terrazza, no verão (as outras, como Torres de Alava, são um mega mico!).

Paellas congeladas

Elas são fáceis de identificar: têm marcas como “El Paellador”, são escolhidas de folhetinhos impressos (ao invés de cardápios normais de restaurantes) e ficam prontas em cinco minutos. Para garantir, porém, sempre vale a pena perguntar se a paella é feita na hora, já que o povo aqui costuma ser honesto . As paellas prontas são secas, têm gosto de caldo knorr e vêm com uma mixaria de frutos do mar. Fuja como o diabo da cruz. É o tal negócio: você comeria feijoada congelada em um restaurante? Para comer uma paella decente, vá ao Los Caracoles, ao 7 Portes, ao Envalira.

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Sangria

Logo que cheguei aqui, trabalhei em vários bares e restaurantes. E não me lembro de ter servido uma sangria para alguém que não fosse loiro e estivesse com o nariz vermelho. A bebida oficial do turista definitivamente não é algo que faz parte do dia-a-dia catalão. E, talvez por isso, não seja tratada com muito carinho por aqui. Se você acha que sangria é simplesmente vinho com frutinha, prepare o seu fígado. Fico de ressaca só de pensar na receita: vinho (da pior estirpe: geralmente aqueles de caixa que já deveriam ser vendidos com uma Neosaldina), açúcar a dar com o pau, gin (de tão má qualidade que geralmente é usado para lustrar talheres nos restaurantes), refrigerante de limão, cointreau (aquele licor de laranja) e as tais das frutas (obviamente sem lavar). O gostinho final pode até ser bom (vai entender…), mas definitivamente não vale o envenenamento.

Show de flamenco

O flamenco é uma coisa altamente espanhola, como todo mundo sabe. Mas a cultura catalã é bastante particular. E passa longe de flamenco, castanholas e, como já disse, touros. Por isso, aqui não se escuta flamenco de qualidade em cada esquina. E os shows dos folhetos distribuídos em hotéis correm sério risco de ser um mico. Você só deve se preocupar com flamenco em Barcelona se alguma companhia de dança conceituada estiver pela cidade, o que acontece com certa freqüência. Anote esses nomes: Rafael Amargo, Sara Baras, El Ballet Flamenco de Andalucía, Joaquín Cortés, etc etc.

Pans and Company

É um maldito fast food de bocadillos (sanduíches na baguete) que tem uma filial em cada esquina. Fuja! O serviço é péssimo e a comida é ruim. Lembre-se: fast food (e a rapidez em geral… hehe) não combina com Espanha. Bocadillos deliciosos são servidos em TODO e QUALQUER boteco. Não há motivos para submeter-se ao Pans. Caso eu não tenha conseguido convencê-lo, vá pelo menos ao Bocatta, o “concorrente” (pertence à mesma empresa), que é muito melhor.

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Baladas e restaurantes do Puerto Olímpico

A idéia, na teoria, é ótima. E bem que funcionou nos anos pós Olimpíadas de 92. Hoje em dia, porém, é o mico mais assustador da cidade. O Porto Olímpico tem vários restaurantes, bares e boites, um ao lado do outro. Durante o dia, algumas simpáticas figuras plantam-se diante de cada estabelecimento e pulam no pescoço dos turistas na tentativa desesperada de arrastá-los para as suas mesas. Durante a noite, a coisa fica ainda melhor. Uma cambada de desavisados curtem go-go dancers com celulite ao som de Shakira, salsa e, se bobear, uma lambaeróbica animada por professores de capoeira dominicanos. Isso sem contar na quantidade de garotas de ocupação não revelada e batedores de carteira em geral, que rondam como moscas os gringos que já estão no oitavo mojito de
10 euros. Passe longe, pelo amor de deus!
Mais próximo às duas “torres gêmeas”, porém, o Porto Olímpico dá uma melhorada e até tem alguns lugares razoáveis, como o Shoko, o CDLC e os restaurantes Água e Bestial. Só tome cuidado para não se confundir e acabar no Baja Beach, onde garotões besuntados em chantilly rebolam no balcão enquanto hordas de meninas histéricas com orelhinhas de coelho comemoram a sua despedida de solteira.

Passeio nas Golondrinas

O litoral de Barcelona definitivamente não é a Polinésia Francesa no quesito beleza natural. Mas o Port Vell e as praias são bacanas por seu “material humano”. Ou seja, são legais para ver gente, tomar uma cervejinha aqui e um café ali, paquerar, etc. Qual é a graça de ver tudo isso de longe em um barco lotado de turistas e que, ainda por cima, custa 10,50 euros por pessoa por uma hora e meia de passeio? Miiiiiiiiiiico!

Você que esteve por aqui, diga lá: encontrou mais algum mico?

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