Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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O que faz você desistir de uma viagem?

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 16h11 - Publicado em 29 ago 2014, 12h36

Semana passada uma amiga me contou que desistiu de viajar para a África do Sul (Cidade do Cabo e Garden Route) por causa do surto de ebola. Lendo as notícias desses últimos dias, descobri que a minha amiga não é um caso isolado. Viagens para a África vêm sendo canceladas aos milhares.

Veja bem, os países afetados, por enquanto, são Guiné, Libéria, Serra Leoa e Nigéria. Se você olhar bem o mapa, verá que a zona em questão é muito mais próxima de Portugal e da Espanha do que da África do Sul, do Quênia ou da Tanzânia (três destinos que estão sofrendo cancelamentos).

E mais: já houve uma morte por ebola aqui na Espanha (um religioso que foi infectado na Libéria e repatriado para tentar tratamento num hospital de Madri), enquanto nenhum caso foi registrado na África do Sul, que fechou as suas fronteiras para os países da África Ocidental. Você desistiria de viajar para a Espanha por causa do surto de ebola? Não creio…

Mapa reproduzido de bbc.co.uk

Mapa reproduzido de bbc.co.uk

Isso me fez pensar em como as pessoas tomam a decisão de ir (ou não ir) para determinado lugar e na quantidade de fatores que pesam nas altas e baixas de determinados destinos turísticos.

Já estive na Tailândia em momentos de golpe de estado eminente (aliás, a Tailândia sempre está numa situação pré ou pós golpe, como atualmente, não tem muito jeito…). Fui ao Bornéu numa época em que o governo americano lançou um alarme por risco de terrorismo (bem na parte onde eu estava). Viajei à ilha do Mindanao (em alerta permanente por terrorismo) logo depois de um furacão. Por outro lado, já desisti de viagem por vários outros motivos, alguns deles bem mais banais. Por exemplo:

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Brasil na Copa

A ideia inicial era alugar um apê no Rio e entrar de cabeça na Copa. Daí rolou todo aquela corrente pra trás nos meses que antecederam o mundial. Brochei. Daí me arrependi. Daí veio o 7 X 0.

Moçambique

A viagem estava programada para o começo deste ano. Até que conflitos antigos e dados por mortos ressurgiram  e a ameaça de guerra civil voltou a pairar sobre país. Fui a campo, conversei com pelo menos cinco pessoas que moram lá (uma delas um jornalista que escreve para o The Guardian). Todos disseram que a hora não era boa. Tive que dar o braço a torcer.

Mianmar

Quando o país foi finalmente aberto para o turismo, em 2012, pipocaram reportagens sobre “a bola da vez”. Cheguei a comprar passagem. E depois comecei a ler sobre o assunto: milhões de pessoas estavam viajando para o Mianmar que, claro, continuava com o mesmo número de hotéis, ônibus e linhas aéreas. Resultado? Caos. Preferi dar um tempo para o Mianmar respirar…. Cheguei a escrever o texto: Mianmar, o destino do momento (só que não).

Síria, Egito e Jordânia

Foi na trave. Por pouco, não peguei em cheio a primavera Árabe. O que me salvou foi uma questão técnica de mergulho: a água era fria demais na época em que pretendíamos mergulhar no Mar Vermelho, para depois aproveitar para conhecer Síria e Jordânia. Por outro lado, temo que tenha perdido a última oportunidade de visitar a Síria, pelo menos nas próximas décadas.

E você? O que o faz desistir de uma viagem? Desistiria de qualquer país da África do causa do ébola?

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