Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
Continua após publicidade

Morte aos temporizadores de luz de banheiro

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 16h02 - Publicado em 23 set 2009, 07h09

Não sei o que veio primeiro, a moda dos secadores alternativos de mão ou o temporizador de luz, mas o fato é que os banheiros públicos de hoje em dia são ecologicamente infernais. Mas nada — nem aqueles rolos de toalha que SEMPRE emperram e nos obrigam a esfregar nossas mãozinhas numa superfície úmida, fria e pegajosa – é capaz de me tirar tanto do sério como as luzes que se apagam automaticamente, sempre antes do tempo necessário.

Em primeiro lugar: quem foi o responsável por estipular o tempo “razoável” para que uma pessoa ocupe a cabine de um banheiro? Certamente alguém com bexiga pequena e com a síndrome-do-cocô-em-casa (que acomete aquelas pessoas que não fazem o numero 2 fora de casa nem que o intestino esteja prestes a explodir).

Vocês já repararam que o interruptor da luz NUNCA está próximo à privada ou alcance dos seus braços? Esse deve ter sido mais um fator calculado com a crueldade medida do senhor cocô-em-casa. Uma câmera com visão noturna que filmasse a ginástica dos que se arrastam – de bunda de fora – para chegar até o interruptor geraria campeões de audiência no youtube para sempre.

Meu ódio dessa invenção sádica se tornou uma obsessão depois de um episódio patético que vivi no banheiro do restaurante La Bardemcilla, em Madri (o restaurante do Javier Bardem sobre o qual falei neste post).

Continua após a publicidade

Bem antes de que terminasse o meu singelo xixi, a luz se apagou. Olhei ao redor e não vi o interruptor: a luz de sinalização não estava funcionando. “Ah, mas que beleza”, pensei eu, já com os primeiros sintomas de claustrofobia – tenho pânico de ficar presa no banheiro. “Calma, respira, vamos lá”. E comecei a apalpar os paredes em busca da luz.

Apalpa daqui, apalpa dali, nada. O interruptor não estava em nenhum lugar considerado minimamente óbvio. Então me dirigi à porta para tentar abri-la no escuro mesmo e… não encontrei o trinco de jeito nenhum. Voltei a apalpar a parede em busca da luz, agora já utilizando o braço inteiro e meio corpo na esperança de que aumentando a superfície de contato fosse mais fácil topar com o maldito interruptor. Em pouco tempo, já estava me esfregando por completo na parede. E nada.

Já em pânico (depois desse dia decidi que ir ao banheiro com o celular é questão de sobrevivência), voltei a tentar encontrar o trinco. Me agachei e comecei lá de baixo, alisando a porta inteira. E, por fim, consegui me libertar, depois de um tempo que pareceu ser uma eternindade.

Voltei para a mesa descabelada, suada, meio choramingante e com cara de maluca. Como se não bastasse, a parede do banheiro era toda desenhadinha com giz. E eu, que estava de preto, estava ridiculamente pintada dos pés à cabeça.

Continua após a publicidade

Morte aos temporizadores de luz banheiro.

PS: googlando para me inspirar a escrever este post, encontrei um blog chamado “Temporizador de banheiro” com textos profundos com títutlo como “Angústia 1”, “Angústia 2” e coisas do tipo. Algo me diz que não estou só.

Mais agruras sanitárias aqui no blog:
Como usar um banheiro asiático

Siga as atualizações deste blog pelo Twitter: @drisetti

Publicidade