Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Kuala Lumpur: loucas noites (e duras manhãs)

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 16h13 - Publicado em 19 fev 2008, 12h02

Sair da limpinha, organizada, pacífica e desinfetada Nova Zelândia e desembarcar no sudeste asiático é mais ou menos como ser abduzido para um outro planeta. E, no meio desse “teletransporte”, Kuala Lumpur, na Malásia (que nos serviu de escala entre Auckland e Bangkok), é uma espécie de nível intermediário, uma “Ásia para iniciantes”.

O calor é de matar. E a umidade faz até cabelo de japonês virar sarará (acho que já usei essa expressão para Singapura, outra sauna ao ar livre). Pronto, pode relaxar. Nenhum outro lugar pode ser mais quente. Se você sobreviver, achará os climas da Tailândia e da Indonésia tão amenos quanto o frescor do amanhecer.

Poucos meses após mendigar uma cerveja em Marrakesh, estava preparada para dias abstêmios na Malásia, um país muçulmano linha dura onde ser pego fumando um baseado rende uma pena de morte básica. Mas não é bem assim.

Após arrastar a língua pelo chão nas principais atrações turísticas da cidade, eu definitivamente merecia uma cerveja. Hora de conhecer o lendário Reggae Bar (Jl Tun Hs Lee, 2272-2158), um templo em homenagem ao eterno Bob Marley em plena Malásia. Fomos atendidos pelo primeiro de N “lady boys” de Kuala Lumpur: um rapaz de cabelos louros e sedosos, lentes de contato azuis e seios sintéticos. Cerveja vai, cerveja vem, um sul africano trajando uma camiseta com os dizeres “enjoy cocaine” com as letras da Coca-cola (em um país onde fazê-lo rende um passaporte para o inferno) puxou papo. Na seqüência, a sua simpática e semi-nua (mini saia e top num país onde as mulheres andam cobertas com véus) namorada se juntou à rodinha. Em poucos minutos, um casal sessentão australiano que está mochilando há oito anos se junta a nós. Nunca mais conseguimos sair do tal do Reggae Bar.

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Vinte cervejas depois, fomos arrastados por livre e espontânea vontade para a balada de Kuala. Seguindo as dicas do lady boy de cabelos sedosos, formos parar na rua P Ramlee, onde o bicho pega. O preço das coisas (alcoólicas) por ali é nível europeu. E o estilo da balada é algo indefinível. Chineses, indianos, malaios (as maiorias étnicas que formam o país) e ocidentais empolgados chacoalham ao som de coisas que vão desde heavy metal chinês a tecno vagabundo dos anos noventa. A decoração tem desde tubarão de aquário (sério) a raio lazer e monstro balinês. Mas tudo é muito, muito, muito divertido para quem acabou de chegar.

O day after: ooohhhh, eu numa ressaca dos infernos (esqueci de comer no meio da empolgação) e era o dia das mega providências! Tínhamos que mandar as roupas de frio usadas na Nova Zelândia pelo correio, fazer check- out e voar até Bangkok. Pegamos um táxi com ar (meio) condicionado em um trânsito infernaaaal até o correio. O sol bate direto no meu côco dolorido. Saco da mochila um leque espanhol e mentalizo: “eu vou agüentar, eu vou agüentar”. Pronto, chegamos ao correio. Desço do táxi e, em praça pública, me desfaço do café da manhã na frente de meia Kuala Lumpur…

Mesmo com as funções cerebrais operando parcialmente, fui capaz de anotar algumas belas dicas sobre a cidade:

– Não subestime as distâncias. A cidade é enorme. Use e abuse do metrô, que ainda por cima tem um belo ar condicionado. Além disso, não deixe de dar uma volta pelo monorail, que faz um percurso panorâmico pela cidade pelo preço de um transporte público normal (menos de 1 euros por bilhete).

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– Mesmo que você abomine hotéis enormes com mais de 500 quartos (como eu), eis um caso onde vale a pena abrir uma exceção. Os hotelões fazem promoções apetitosas e, no final das contas, saem por quase o mesmo preço de uma espelunca fedorenta. Tínhamos alugado um quarto de casal em uma guesthouse, sem banheiro no quarto, por 4 euros ao dia. Ao ver que o lugar era roots além da conta, pagamos o cidadão, atravessamos a rua e ficamos em um hotel bem razoável (banheiro no quarto e ar condicionado) por 10 euros ao dia. Era quase o triplo, mas ainda era barato.

– A cidade é outro paraíso da muamba. Os preços dos eletrônicos são cerca de 5% mais altos do que em Cingapura, mas ainda assim tudo é muito barato. Deite e role.

– Subir nas Petronas Towers (www.petronas.my/petronas, na foto, atrás da nossa torre de cerveja), que já foram as maiores do mundo e hoje são as bi-campeãs, é grátis. Mas o número de entradas por dia é limitado. Para conseguir, só chegando cedo, lá pelas 8 e meia da manhã. Eu, óbvio, desencanei, e preferi ver as torres quase de igual para igual da torre Menara Kuala Lumpur, onde é só pagar algo como três euros e entrar.

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