Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Kebab, você ainda vai comer um: o raio X da base da alimentação dos mochileiros na Europa

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h43 - Publicado em 3 Maio 2013, 11h22

Alto teor de sal e gordura: ah, juramm?

 

Aproveitando que o verão europeu se aproxima, falemos do kebab, a base da alimentação dos mochileiros no Velho Mundo. O texto abaixo, absolutamente impagável, é do meu talentosíssimo irmão, cujas reportagens você provavelmente já leu em várias revistas.

 

Por Daniel Setti

 

O seu nome pode ser gyros na Grécia, kebab na Inglaterra, döner na Alemanha, ou o velho, e temido, churrasquinho Grego made in Brazil. A sua gordurosa essência, porém, é a mesma na Espanha, na Austrália ou no Islamabad: uma quantidade hedionda de carne besuntada em molhos suculentos, arrematada com salada e enrolada em um pão que conhecemos genericamente como sírio.

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Um kebab, na Europa, jamais custará mais do que quatro ou cinco euros e é capaz de manter abastecido o mais voraz dos estômagos durante horas a fio. Além disso, convenhamos, a gororoba é uma delícia. Não é à toa, quantidades astronômicas deste misterioso espeto são devoradas a cada fim de noite e nos momentos de pindaíba.

 

Teoricamente, estas montanhas de carne de procedência duvidosa são compostas  de  cordeiro, porco ou frango (em sua versão supostamente light). Mas há quem diga que aves pouco nobres e felinos podem fazer parte dos piores menus. “Faço isso todos os dias há 23 anos”, explica, orgulhoso, o cozinheiro iraniano do restaurante Shawarma, na avenida Gaudí, em Barcelona. “Eu mesmo compro, corto e enrolo, mas há muitos lugares por aí que já mandam trazê-los congelados da Alemanha”.

 

Não custa nada fazer uma forcinha para acreditar nele. Afinal de contas, quem conviveu com a idéia de que a matéria-prima do Big Mac pudesse ser uma minhoca gigante, pode perfeitamente continuar imune a toda e qualquer polêmica que ronde a nova larica oficial do primeiro mundo. Até mesmo depois que um exportador alemão se suicidou, anos atrás, após ser flagrado com carnes podres, algumas vencidas há quatro anos.

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O caso caiu como uma bomba no estômago dos ingleses, devoradores inveterados de kebabs. De acordo com uma pesquisa feita há alguns anos pela Food Standards Agency, órgão independente que regula as condições de higiene em estabelecimentos gastronômicos do país, 18,5% dos fast food do gênero representam “significantes ameaças à saúde dos consumidores”. A mesma FSD deparou-se com o óbvio ululante: teores excessivos de gordura (22%) e quantidades absurdas de sal. Do outro lado do espeto, a Associação Britânica de Lojas de Kebab tenta transferir a culpa de todos os males para a azeitona da empada. “Infelizmente, muita gente consome seus kebabs após a ingestão de álcool, e eles levam a culpa no dia seguinte quando alguém passa mal”, disse certa vez o presidente.

A gente finge que acredita – e manda descer mais um.

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