Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Estilo Filipino: curiosidades comportamentais, parte 2

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 16h00 - Publicado em 18 mar 2010, 00h24

Típicos adolescentes filipinos: basquete, hot-dog, hip hop e “give me five”

E continuando a análise antropológica de botequim de alguns posts atrás…

Eficiência comprovada
Com uma história conturbadíssima, as Filipinas já estiveram sob o domínio dos japoneses e dos norte-americanos. Não sei se por esse motivo, ou se por uma herança comportamental que os distingue naturalmente de todos os demais vizinhos do Sudeste Asiático, os filipinos são, disparado, os campeões da eficiência nessa região do mundo onde tudo funciona no ritmo baiano. Não é de estranhar que a capacidade de trabalho dessa gente seja exportada mundo afora (na Espanha, por exemplo, eles são super bem cotados como mão-de-obra). Nos restaurantes em geral, o serviço é atencioso e rápido; a pontualidade para tudo costuma ser impecável (de aviões a passeios de barco); os banheiros, até nos lugares ultra modestos, estão quase sempre limpos. Depois de um mês na vagarosa Indonésia (e morando na vagarosa Espanha), tiro o meu chapéu.

Stanglish
O Tagalo, originalmente o idioma da capital Manila, é a língua mais falada nas Filipinas, onde há mais de 160 dialetos diferentes e ininteligíveis entre si. Uma vez que o Tagalo pertence à família malaio-polinésia, seria natural que nós não pudéssemos reconhecer uma palavra sequer. Mas não é bem assim. Testemunha viva de toda a história filipina, a língua absorveu inúmeras palavras do inglês (estima-se que 20% das palavra do seu dicionário venham do inglês) e do espanhol (cerca de 15%). Para quem fala bem o inglês e/ou o espanhol, portanto, o Tagalo é uma espécie de oceano de incompreensão com algumas ilhas de sons familiares que nos fazem, pelo menos, ter uma noção do que está rolando na conversa. Hoje, por exemplo, pude entender perfeitamente quando o taxista falou pelo rádio que estava levando do “airport” um “pasajero” (depois disso deve ter rolado um palavrão em tagalo) que insistia que ele ligasse o “taximeter”.

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Tio Sam é nosso rei
Pergunte a um adolescente filipino qual é o seu ídolo e ele provavelmente dirá o nome de um jogador da NBA, ou de algum cantor americano. Basquete, hip-hop, fast food, futebol americano, “give me a high five”, Hollywood… eles amam loucamente tudo o que seja norte-americano. E o que dizer do inglês falado no país? É normal que, uma vez que eles de fato aprenderam o inglês dos norte-americanos enquanto esses dominaram o país, tenham uma pegada americanizada no sotaque. Mas converse com uma patricinha de Manila e você escutará algo mais americano do que aquilo que sai da boca da Lindsey de Oklahoma.

SMS mania
As mensagens de celular (no Brasil isso ainda tem o nome brega de “torpedo”? Me recuso…) movem as Filipinas. Enviá-las é praticamente grátis e é a maneira mais eficiente de comunicação, uma vez que para completar uma chamada de celular para celular muitas vezes é preciso tentar uma dezena de vezes. Os filipinos parecem viver acoplados aos seus telefoninhos e passam o dia digitando loucamente. “Pipi”, o barulhinho que avisa que uma mensagem chegou, faz parte da trilha sonora onde quer que você esteja. Recomendo seriamente que, caso você viaje pelo país, compre um SIM Card local e entre na dança. Todos os hotéis e serviços têm um numero celular pelo qual você deve fazer a sua reserva via SMS para não enlouquecer tentando completar uma ligação. (Para vocês terem uma ideia, estou com o meu número há 25 dias e só hoje meus pais conseguiram me ligar, depois de tentar com um afinco que só uma mãe é capaz).

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