Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Tudo o que você precisa saber sobre o tour pelo Soweto, em Joanesburgo

É lá que fica a casa/museu de Nelson Mandela, por exemplo!

Por Adriana Setti
Atualizado em 18 jul 2018, 19h03 - Publicado em 28 jan 2014, 12h58

A molecada do SowetoA molecada do Soweto

Nunca fiz um favela-tour no Brasil. Portanto, não poderia usar esse tipo de passeio como parâmetro para o que vou descrever a seguir. Mas já fiz coisas teoricamente parecidas, como um giro por aldeias paupérrimas de refugiados do Myanmar ao norte da Tailândia. Esse tipo de turismo é sempre polêmico, porque pode desandar para uma exploração gratuita da miséria humana, caso não haja um motivo convincente que o justifique (história, cultura, etc), ou um benefício real para a comunidade.

Churrasco (aqui na África do Sul se di "braai") ao estilo SowetoChurrasco (aqui na África do Sul se diz “braai”) ao estilo Soweto

No entanto, o tour pelo Soweto, a “favela” (entre aspas porque, hoje em dia, trata-se de uma verdadeira cidade de cerca de 3 milhões de habitantes, em grande parte urbanizada e digna) mais famosa da África do Sul, vale muitíssimo a pena. O lugar é fundamental para a história da África do Sul e um dos ícones vivos da luta contra o regime do Apartheid. A seguir, tudo o que você queria saber sobre o tour do Soweto e não tinha para quem perguntar:

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Um dos cômodos da casa onde Nelson Mandela viveu até a sua prisãoUm dos cômodos da casa onde Nelson Mandela viveu até a sua prisão

1. O que há de mais importante para se ver no Soweto?

O epicentro da cena do Soweto é a rua Vilakazi, onde fica a casa em que viveu o venerado ex-presidente Nelson Mandela, hoje convertida num modesto museu. O tour guiado é rapidinho e bem básico e não há objetos pessoais significativos de Mandela por lá. Mas o jardim é mágico: ali está a árvore sob a qual a família Mandela enterrou os cordões umbilicais de seus filhos, segundo a tradição do povo Xhosa (do qual Mandela faz parte).

Não muito longe de lá, o Museu Hector Pieterson é dedicado à luta contra o Apartheid e conta a história do menino que dá nome ao lugar, morto pela polícia com um tiro, aos 13 anos de idade, na manifestação estudantil de 16 de junho de 1976, que serviria de estopim para a chamada “revolução do Soweto”. O trajeto da bala fatal até atingir o estudante está demarcado numa linha no chão, que liga o museu ao monumento em homenagem ao jovem mártir.

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Uma das favelas propriamente ditas do Soweto

Uma das favelas propriamente ditas do Soweto

2. Que outras atrações valem a pena por lá?

Pertinho do museu, nós visitamos um antigo pub ilegal (os negros não eram autorizados a consumir álcool na época do Apartheid!), onde era produzida a que hoje é conhecida como “cerveja de Joanesburgo”. Segundo a etiqueta, deve-se beber em grupo, passando a cumbuca de mãos em mãos. Tem gosto de tudo, menos cerveja — mas com um gole dá pra sentir o potencial etílico da coisa.

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Também vale demais visitar o parque que abriga a Oppenheimer Tower, que tem uma vista panorâmica do Soweto.

Uma das Orlando Towers, que sustenta o bungee jumpUma das Orlando Towers, que sustenta o bungee jump

3. É possível almoçar por lá?

Super! A rua Vilakazi tem algumas opções de restaurantes simples. Mas é parte da balada comer na “churrascaria” que funciona na base das Orlando Towers, parte de uma antiga central elétrica todinha grafitada. Você escolhe os cortes de carne e eles vão para a brasa na hora. Para acompanhar, muita cerveja e música de DJ altésima.

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Na hora da digestão, você pode se atirar de um bungee jump que despenca de uma ponte que une as duas torres, ou ainda saltar em queda livre e ser amparado por uma rede instalada no interior da torre. Uma combinação improvável e divertida.

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4. Dá pra ir sozinho?

Não há o menor problema em circular nos arredores da rua Vilakazi sem estar num tour organizado. A região é bastante turística, segura, limpa e organizada. A grande dificuldade do Soweto é o transporte. Para chegar até lá você precisaria ser safo o suficiente para pegar a lotação certa na entrada do Soweto (elas são milhares, e motoristas e passageiros se entendem com um complexo sistema de sinais!) — ou pegar um táxi a partir do seu hotel, o que acaba saindo quase o preço de um tour. Para quem vai de carro, todo cuidado é pouco para não acabar na biboca errada, na hora errada. Entre a questão logística e as dúvidas quanto à segurança, eu preferi um tour.

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5. Como funcionam os tours?

Há N tipos, incluindo as vans que são parte do pacote conjugado com o ônibus de dois andares de city tour, à qual várias pessoas sucumbem. Preferimos um tour com um guia particular, que nos levou de lá pra cá e, em cada uma das paradas, nos entregou nas mãos de algum morador do Soweto, como no caso do momento em que visitamos uma favela propriamente dita, com becos estreitos de casas de lata.

Foi esse contato mais próximo, ainda que rapidinho, que tornou a minha experiência por lá inesquecível. A cada um deles pudemos fazer perguntas pessoais, ouvir os diferentes sotaques (os sul-africanos negros falam diversas línguas locais africanas, conforme suas tribos de origem, o que resulta em N sotaques diferentes na hora de falar inglês).

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