Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Como é mergulhar com tubarões na África do Sul

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h39 - Publicado em 4 abr 2014, 16h58

Teria sido como estar numa ilha deserta com George Clooney e não ter para quem contar. Menos mal que ele, George, não apareceu. Começando a história pelo final, minha câmera subaquática foi roubada em algum lugar entre a África do Sul e a Tanzânia. E, dentro dela, o vídeo de dos mergulhos mais incríveis e menos ortodoxos que fiz na vida.

O arrecife de Aliwal Shoal fica a cerca de 50 quilômetros ao sul de Durban. No litoral sul-africano voltado para o Índico, é  um dos melhores pontos de mergulho do país e abriga vários tipos de arraias, tubarões de arrecife e uma profusão de peixes. As condições são louquíssimas. Massas de água quente e cristalina se intercalam com correntes gélidas e turvas. Tudo muda em questão de minutos. Além disso, a movimentação das águas em torno do arrecife geram um efeito pêndulo, fazendo com que os mergulhadores (e também os animais) oscilem de um lado pro outro e, às vezes, pra frente e pra trás. Tem gente que até fica enjoado! (Mas eu achei relaxante e engraçadissimo). Como diversão extra, é preciso vencer uma senhora arrebentação com a lancha até checar no arrecife, o que rende uma espécie de rafting marinho com BASTANTE emoção.

O tubarão em primeiro plano e a "bola" de isca ao fundo (foto reproduzida do site sharkbookings.com)

O tubarão em primeiro plano e a “bola” de isca ao fundo (foto reproduzida do site sharkbookings.com)

É lá, também, que uma lenda viva do mergulho organiza imersões (sem jaula) com os temidos tubarões-tigre. O método usado por Walter Bernardis é polêmico do ponto de vista ecológico. Para atrair o gigante, que pode chegar a 6 metros, uma bela quantidade de isca é utilizada (uma prática bem comum na África do Sul, também aplicada ao mergulho com tubarões brancos dentro da jaula). Restos de peixe são atirados à água por cerca de meia hora antes do mergulho. Além disso, dois compartimentos furadinhos em forma de bola são recheados com mais comida e posicionados a diferentes profundidades, um a mais ou menos dez metros, outro a cerca de 15.

O vídeo abaixo mostra toda a experiência, começando pela viagem de lancha com emoção (devo dizer, que quando estive lá o mar estava bem mais nervoso):

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Além de provocar o apetite do tigre, a isca também atrai uma quantidade inenarrável de tubarões de outras espécies inofensivas. No momento em que pulamos na água, havia certamente mais de 50 tubarões de pontas pretas nadando freneticamente em volta da “bola” superior. A regra é a seguinte: Walter (que tem até o poder de hipnotizar tubarões) fica no centro e manuseia a isca, abrindo o compartimento para extrair mais comida de quando em quando. Os mergulhadores devem ficar a uma distância segura do festim, em grupo e em posição vertical. “Em pé”, nós nos destacamos dos animais que os tubarões costumam identificar como comida. Em grupo, intimidamos o comportamento agressivo do tubarão-tigre.

Isto é, se ele aparecer. Reflexo assustador da velocíssima redução do número de tubarões no oceano (graças à pesca predatória em busca das barbatanas que os chineses cismam em usar como suposto afrodisíaco), o ar da graça do tubarão-tigre já não é mais garantido como há poucos anos – hoje em dia o sucesso é de uns 50%. Mesmo com isca. Mesmo num parque marinho.

Agora, que o bichão não tenha aparecido não significa que a experiência não tenha sido surrealista. É comum ver tubarões de pontas pretas em mergulhos. Mas meia centena deles nadando COM você é outra coisa. A timidez é zero. Eles esbarram, se esfregam e trombam com os mergulhadores. Um deles chegou a expelir, digamos… o excesso de isca, na minha cara. Eu filmei tudo isso, juro. Só que a prova da minha valentia foi parar em algum lugar do Serengeti…

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Anota aí: A cidadezinha mais próxima de Aliwal Shoal é a agradabilíssima Umkomaas. O dive center de Walter Bernardis se chama African Watersports. Eu não só mergulhei com ele, como também fiquei hospedado na casa dele, uma mansão espetacular na qual ele aluga alguns quartos e apartamentos deliciosos, administrados pela mulher dele e com nome de Seascapes. Os outros mergulhos no Aliwal Shoal, que valem tão ou mais a pena, são feitos pelo dive center administrado pelo filho de Walter, Marc Bernardis (+27 82 772 8707).

Você pode reservar direto com eles ou através do site sharkbookings.com.

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