Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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A vida em Bicing

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 16h16 - Publicado em 20 set 2007, 13h09

Barcelona está vivendo uma verdadeira revolução. Desde o dia 22 de março, quando entrou em funcionamento o sistema Bicing (role este blog lá pra baixo e veja o post da época do lançamento), o jeito de ir e vir mudou radicalmente para muita gente. Para mim, inclusive. A bicicleta sempre foi o meio de transporte ideal por aqui: a cidade é compacta, praticamente plana e tem várias ciclovias. Acontece que, por mais que estejamos na Europa, o roubo de bicis e seus acessórios é absurdamente alto. Como conseqüência, muita gente se vê obrigada a guardar a magrela em casa, tendo que subir por elevadores minúsculos e ainda ser xingado pelo vizinho. E quando isso é impossível, resta abandonar a bichinha amarrada em algum lugar e rezar. Com o Bicing, esses pequenos perrengues se acabaram. Além de não ter que se preocupar com onde guardar, você também não é obrigado a voltar com ela pra casa se estiver cansado, bêbado ou com preguiça. São 3000 bikes espalhadas por 200 pontos que funcionam no mesmo horário que o metrô (não sei porque diabos não funciona 24 horas, mas enfim…). Para ficar sócio, é preciso fazer um registro pelo site e pagar 24 euros por ano. Cada bicicleta pode ser utilizada durante meia hora. Quem extrapolar esse tempo, tem 30 centavos descontados, automaticamente, do cartão de crédito com o qual se registrou. Uma pena: turistas ainda não podem utilizar o sistema, já que o cartão só pode ser entregue em um endereço daqui. Mas nada impede que você, antes de vir, peça um cartão com o endereço de um amigo que more na cidade (hehehe). Ainda que os cartões de uma semana ainda não estejam funcionando (acabei de ligar pra lá e ainda não há previsão de quando isso possa acontecer), vale a pena, já que o aluguel de uma bici em uma locadora não sai por menos de 15 euros por dia.

Esperava-se que, nos primeiros meses, 10 000 pessoas se inscrevessem no programa. E, para surpresa da prefeitura, mais de 80 000 usuários apareceram. Isso, claro, gerou alguns problemas. Em certos pontos, é impossível encontrar uma maldita bicicleta (eu, que moro ao lado de uma universidade, muitas vezes fico na mão). Por outro lado, algumas paradas estão sempre lotadas, fazendo com que se tenha que esperar alguns (ou vários) minutos até que alguém apareça para pegar uma bici para que você possa devolver a sua (é o caso dos pontos perto das praias no final de semana ou no centro da cidade à noite).
Como o povo daqui A-D-O-R-A reclamar da vida, muita gente cai de pau em cima do pobre Bicing. Isso me deixa revoltada. Gente, calma lá! A idéia é genial. É só ter um pouco mais de paciência até que as coisas se acomodem e a demanda e a oferta se equilibrem com mais pontos e mais bicicletas. Mesmo com um probleminha aqui e outro acolá, vou comemorar o dia mundial sem carro feliz da vida com a minha vermelhinha e ventinho no rosto.