Monte Fuji
Montanhas são poderosos símbolos, morada dos deuses onde os homens encontram o divino. O Monte Fuji, na fronteira das províncias de Shizuoka e Yamanashi, é um pouco mais que isso. É a própria imagem do Japão, reverenciada por mestres da pintura, poetas e músicos, impressa em imagens clássicas das xilogravuras ukiyo-e e admirada por dezenas de milhares de montanhistas que ascendem seus 3776 metros de altura todos os anos.
Tamanha devoção levou a Unesco a declará-la Patrimônio da Humanidade na categoria “cultural” em 2013, um forte indício do poder de suas formas e sua forte influência sobre a cultura japonesa. A série de pinturas produzidas por Katsushika Hokusai entre os séculos 18 e 19, conhecidas como As 36 Vistas do Monte Fuji, estão entre o melhor da produção iconográfica clássica do arquipélago.
Para o turista comum, há duas formas de conhecer este vulcão inativo desde 1707: contemplando suas formas simétricas de bem longe ou encarando a longa subida até sua cratera. apinhada de excursionistas durante o período oficial de escalada, sempre no verão, quando as neves de seu cume derretem.
Locais para boas fotos
Há vários bons pontos para observar o Monte Fuji. Até mesmo de alguns arranha-céus de Tóquio é possível observá-lo nos dias de céu claro. Dois locais bastante disputados nestas ocasiões são a sede da prefeitura e a Tokyo Tower. Para uma experiência mais bacana, com melhor garantia de boas fotografias, visite as cidades de Hakone, Kawaguchiko, Kamakura (perto da estação Inamuragasaki) e Gotemba ou plataformas bem conhecidas como Hirano Panorama-dai (sobre o Lago Yamanaka) e o Lago Motosu, um pouco mais isolado.
Escalar o Monte Fuji
Chegar ao ponto culminante do Japão pode ser tanto um ato de iluminação como uma tremeda roubada. Para começar, não bem uma escalada — não há necessidade de cordas ou outros equipamentos específicos –, mas um trekking puxado.
O passeio é legal pois você subirá em uma montanha famosa, terá a oportunidade de ver sua sombra cônica projetar-se sobre um mar de nuvens ao nascer do sol e fará um passeio com muitas histórias para contar para os amigos e compartilhar no facebook.
Por outro lado, a aventura não tem nada de exclusiva (são dezenas de milhares de peregrinos e montanhistas dividindo uma trilha um tanto apertada, formando filas intermináveis), o terreno é escorregadio (são pedriscos de lava sólida), o vento é incessante e, tremendo desgosto, a vista lá de cima decepciona um pouco. Isso quando há o que ver, pois o cume invariavelmente fica encoberto por nuvens.
Portanto, como dizem os locais, você tem que subir o Fuji pelo menos uma vez na vida, mas só um tolo o faz duas vezes.
Guia para fazer a subida
Como é feita a subida? Não há portão de entrada: é só juntar-se à multidão e ir montanha acima. Cada uma das trilhas possui dez estações de descanso, completas com lanchonetes, abrigos, banheiros, lojas de suvenires e até máquinas de refrigerante. Para quem não está aguentando o tranco, há até quiosques que vendem oxigênio em lata. A maioria dos excursionistas começa o passeio a partir das estações número 5 (go-gome), entre 1400 e 2400 metros de altitude.
Trilhas: são quatro (Fujinomiya, Gotemba, Kawaguchi-Yoshida-guchi e Subashiri), iniciando em diferentes partes da montanha.
– Fujinomiya é a mais curta, mas com alguns dos lances mais difíceis. O seu novo “go-gome” está há 2400 metros e a ascenssão leva cerca de 5 horas. Acesso de ônibus a partir da estações ferroviárias Shin-Fuji ou Fujinomiya;
– Kawaguchiko-Yoshida-guchi: é uma das mais populares e movimentadas. A trilha começa a 2305 metros e leva cerca de 5h30. Acesso pela estação Kawaguchiko da linha Fujikyu;
– Gotemba é uma das mais movimentadas, pois é a mais bem servida por transporte público a partir de Tóquio. Seu go-gome está a 1400 metros de altitude e a caminhada leva de 4 a 8 horas, dependendo de sua condição física. Acesso pela estação ferroviária de Gotemba, onde há lockers para bagagens;
– Subashiri: o passeio começa a 2000 metros e leva de 3 a 5 horas a ser completado. Acesso pela estação Gotemba.
Nível de dificuldade: médio para baixo. Se você não for um gordinho, cardíaco, fumante e totalmente sedentário, vai que é tua. Muitos idosos completam a subida numa boa e até algumas crianças acompanham seus pais. Lembre-se que acima dos 3000 metros de altitude muita gente já sente bastante a falta de ar e isso independe do preparo físico.
Quanto tempo leva? Depende muito de seu condicionamento. A partir do “go-gome” de Gotemba os muito rápidos chegam lá em cima em menos de 3 horas; os normais levarão cerca de quatro ou cinco horas; os lentos se arrastarão por mais de seis horas. A descida leva de metade disso, sem pressa, enquanto que a maioria fica algumas horas passeando no entorno da cratera.
Quando ir? A temporada oficial vai do início de julho a meados de setembro. Lembre-se que nessa época é verão no Japão e isso significa temperaturas de 30 graus na base e próximas a zero no cume. Esta também é a estação dos tufões, ou seja, prepare-se para cancelar o passeio em caso de ventos excessivos ou muita chuva. Evite o perído das festa de O-bon, no meio de agosto, um movimentado feriado japonês.
Muita gente começa a caminhada de madrugada para poder ver o nascer-do-sol na cratera ou bem alto nas encostas. A vista pode ser espetacular!
O que levar? A tralha de sempre: uma boa bota de caminhada ou tênis confortável (evite aqueles de corrida, que deixarão muita areia e pó de lava entrar), boné, protetor solar, água, chocolate ou barras de energia, capa de chuva, roupa para frio (de fleece é o ideal), lanterna, gorrinho e óculos de sol.