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Roteiro: 48 Horas em Dublin, na Irlanda

Longos tragos de cerveja escura e literatura alegram os turistas na capital da Irlanda

Por Fábio Vendrame
4 jul 2012, 17h51

Difícil não se divertir em Dublin, a inebriante capital da Irlanda. Ainda mais se você for bom de copo. Alguns minutos em torno do balcão de um pub bastam para travar contato com gente bem-humorada, receptiva, sarcástica e, surpresa, calorosa. Curiosos, os irlandeses são mestres em tirar sarro, especialmente de ingleses e escoceses, e gastam horas conversando sobre qualquer assunto, de futebol a política econômica – exceção feita, obviamente, à religião e ao IRA, temas que ainda causam desconforto. Tudo, claro, mediante um bom trago. Um belo pint de stout ou uma reconfortante dose de whiskey (assim mesmo, com “ey” no final) dão o start para as 48 horas na capital do Eire, nome da Irlanda em gaélico, o outro idioma oficial do país, além do inglês.

Dia 1

Dublin é uma cidade de porte médio, nem tão grande a ponto de assustar nem tão pequena a ponto de aborrecer. É fácil se localizar e se locomover nela. A capital da Irlanda conta com uma eficiente rede de transporte público. Há linhas de ônibus para toda parte, com pontos de parada bem sinalizados.

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Comece a visita pela Grafton Street, via de pedestres no coração da cidade. A estátua em homenagem a Molly Malone, personagem ícone de Dublin, fica ali e é ponto obrigatório de fotos. Contam os irlandeses, muito orgulhosos de sua história, que Molly Malone era uma linda mulher que circulava pelas ruas da cidade a vender seu peixe, nos tempos em que a fome assolou o país.

O tema, aliás, rende assunto nos pubs: pergunte ao primeiro nativo que você encontrar e ele terá satisfação em lhe contar a história, ou ao menos sua própria versão sobre.

Nessa região também se encontra a Brown Thomas, centenária loja de departamentos que reúne grifes famosas. Faça como quiser: mergulhe de cara nas compras ou volte ali quando lhe convier.

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Em um extremo da Grafton Street está o St. Stephen’s Green, uma ampla área verde em meio à urbe. No lado oposto da via de pedestres encontra-se o Trinity College, maior e mais antiga universidade do país, fundada em 1592 pela rainha Elizabeth I.

No acervo da biblioteca (Long Room) do Trinity College, uma das mais vastas e belas da Europa, está o “Livro de Kells”, um evangelho manuscrito que data do século 9.º. A área externa é cercada por agradáveis jardins, ideias para retomar o fôlego.

Depois do almoço, siga para o Castelo de Dublin, construção das mais antigas e interessantes do pedaço. Erguido entre 1208 e 1220, abriga uma rica biblioteca e espaços culturais, além de um bom café. Endereço certo para provar o Irish coffee, inspirada e alcoólica receita local. A entrada é franca, assim como a maioria das atividades oferecidas ali.

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Pertinho dali está a Christ Church Cathedral, principal templo católico do país ao lado da St. Patrick Cathedral, dedicada a São Patrício, padroeiro da Irlanda. Não por acaso o dia mais animado da ilha é justamente 17 de março, quando um carnaval toma as ruas em celebração ao santo.

Reserve o fim do primeiro dia para o ritual de sempre na Irlanda: eleja um pub (há mais de um em cada esquina) e peça um pint de Guinness. Para muita gente, é a melhor cerveja stout do mundo. Mais um bom assunto para puxar papo com os locais.

Mas fique esperto: se um irlandês lhe pagar uma rodada, o mínimo que você poderá fazer é retribuir-lhe a gentileza. Nem pense em sair de fininho!

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E tem mais: ao brindar, olhe nos olhos de seu interlocutor (isso rende muitos pontos positivos, além de ser um hábito a ser considerado para todas as ocasiões, esteja você onde estiver). Ao mesmo tempo, solte convicto um “Sláinte”, saudação que significa “saúde” na língua celta e se pronuncia “slôntcha”.

Dia 2

Além do St. Patrick’s Day, outro feriado importante no pedaço repete-se a cada 16 de junho, quando os irlandeses celebram o Bloomsday. A data remete a “Ulisses”, obra-prima de James Joyce, que narra a odisseia de Leopold Bloom pelas ruas de Dublin. Há, inclusive, um roteiro demarcado por onde a personagem teria circulado na cidade. Placas indicam o trajeto, que pode ser seguido pelos turistas.

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A propósito, a vocação literária irlandesa é certamente outro grande atrativo do país dos duendes e do shamrock (trevo). Além do genial Joyce, a Irlanda ostenta quatro prêmios Nobel de literatura: George Bernard Shaw, William Butler Yeats, Samuel Beckett e Seamus Heaney. E seus quadros ainda contam com as obras de Oscar Wilde, Jonathan Swift e Bram Stoker, entre outros grandes autores. Por isso, não deixe de conhecer o Writers Museum, no número 18 do Parnell Square.

Dali, retome o rumo do centro pela O’Connell Street, a mais importante artéria de Dublin. Algumas edificações históricas enfileiram-se pela via, caso do prédio dos Correios. Ao lado dela fica a Ha’Penny Bridge, a ponte mais antiga (de 1816) e famosa sobre o Rio Liffey, que corta a cidade de uma ponta a outra.

Reserve um tempo para flanar pelas margens desse ícone dublinense. Lá estão alguns dos prédios emblemáticos do país, como a Custom House, uma das sedes do governo, e o Four Courts, casa do poder judiciário.

À tarde, rume para a St. James Gate em busca da Guinness Storehouse. Na fábrica original da stout mais famosa do mundo você vai tomar um banho de cerveja. A visita é relativamente longa, mas compensa: vai desde a história dos fundadores da marca até o passo a passo do processo de fabricação da bebida. Culmina no Gravity Bar, espaço reservado para a apreciação do produto, no último andar do prédio, com vista de 360 graus da cidade. Bom de beber, bonito de se ver. Imperdível.

Experiência semelhante ocorre na Old Jameson Distillery, no número 7 da Bow Street. Mudam bebida e processo de fabricação, e o resultado é uma aula de como se faz o whiskey irlandês – se você conseguir se manter sóbrio a essa altura do campeonato, talvez entenda a diferença entre ele e o whisky escocês.

Depois dessa imersão nos barris culturais irlandeses, hora de pôr em prática as aulas do dia no Temple Bar. A região concentra as casas noturnas e os pubs mais badalados – e turísticos – de Dublin. Como em geral não se paga entrada, todo mundo migra de um a outro, sem parar.

Provavelmente, sua noite vai começar ao som do folk irlandês do The Dubliners e do The Chieftains, passar por Van Morrison, U2, Cranberries… E por aí vai. E tome cerveja. Entre uma música e outra, você certamente escutará ressoar o brado “Sláinte”. Saúde!

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