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Em Noronha, ou você se contenta com o pouco conforto ou paga caro

A gente releva, porque o lugar é lindo

Por Da Redação
Atualizado em 26 jun 2019, 18h35 - Publicado em 7 out 2016, 11h35

Fernando de Noronha, no que depende da natureza, é farta. Peixe, peixinho, peixão, uma paleta incrível de azuis e verdes por todos os lados, animais exóticos, brisa constante, água do mar na temperatura ideal. Qualquer um que já tenha visto uma foto do arquipélago percebe a generosidade divina com o lugar. Isso basta? Será?

Minha estreia no paraíso natural foi no comecinho de março de um nem tão longínquo 2014, na pousada Beijupirá, onde me hospedei. Fui recebida por um bilhete simpático da gerente pedindo desculpas porque eu não poderia usar a hidromassagem: rolava um racionamento de água em toda a ilha. A seca fechou, além da torneira da banheira, o restaurante do estabelecimento. Uma ironia: foi justo pela fama da boa comida que optei por ficar lá.

Procurei abstrair pensando na população da ilha, que àquela altura tomava banho de cuia ou numa das nascentes (consideradas impróprias). Focava no mar cristalino, nas praias paradisíacas, nas tartarugas. Deus foi generoso com o arquipélago. Já o homem… Ou você vai para Noronha quando é jovem o bastante para não se incomodar com pouco conforto ou quando tiver dinheiro bastante para se hospedar em lugares absurdamente caros (leia-se mais de 1 500 reais a diária).

O buraco de Noronha é mais embaixo. Paga-se para estar no arquipélago uma taxa de conservação diária. Desembolsa-se também para ir às praias (75 pratas dão direito a dez dias de acesso). O mínimo que se espera é que esse dinheiro esteja sendo investido em infraestrutura. Se está, não parece.

As ruas são esburacadas (na seca, empoeiradas, e, na chuva, enlameadas). Não há um padrão arquitetônico: as casas são pré-fabricadas ou de alvenaria com janelas e portas de alumínio. Construções históricas estão malcuidadas. O povo reclama da burocracia necessária para uma simples reforma, o que dirá para construir, cuidar. Se esse tipo de atitude está atrapalhando mais do que ajudando, fica-se sem saber. O turista releva isso tudo porque a natureza é pródiga.

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Noronha precisa de ajuda. Porém, a viagem vale a pena (graças a Deus).

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