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É sempre primavera na Ilha da Madeira; veja o que fazer por aqui

No Atlântico, a ilha tem clima ameno, vinhos, paisagens incríveis e aquele sotaque português

Por Rafael Tonon
Atualizado em 4 mar 2021, 13h56 - Publicado em 30 mar 2017, 19h38

Um dito popular que corre a Ilha da Madeira diz que é ali que a primavera passa o inverno. Como todo ditado que se preze, trata-se da mais pura e clichezuda verdade. A ilha tem tapetes de flores endêmicas espalhados por sua extensão – e olhe que são 741 quilômetros quadrados, quase oito vezes a área de Lisboa.

Junto com outras plantas levadas pelos colonos ao longo dos séculos, elas deixam a paisagem colorida, linda, acolhedora. E, assim que chegam à pista de pouso do aeroporto que quase invade o Atlântico, os turistas notam que a primavera não só foi passar o inverno na Madeira como resolveu ficar por lá.

Vista de Câmara de Lobos (vila de pescadores), Ilha da Madeira, Portugal
Casario branco, marzão azul – uma vista comum na Ilha da Madeira (iStock/iStock)

Lugar de clima ameno, com uma brisa permanente e termômetros sempre na casa dos 20°C, a Madeira é destino de viajantes em fuga de temperaturas severas – grande parte de europeus.

É tanta gente que o turismo é o principal ramo de negócios por ali. Mas, se Portugal foi (re)descoberto pelos brasileiros recentemente, a ilha ainda é pouco explorada por nós.

“A maioria dos brasileiros vem em cruzeiros, a caminho do continente europeu. E sempre diz que queria ficar mais…”, vaticina Carlos Teixeira, há cinco anos guiando turistas pelo local.

Funchal, a capital em que ele vive, é uma das principais paradas dos grandes navios que passam pelo Atlântico. No fim de dezembro, chega a ter congestionamento de transatlânticos, lotados de visitantes curiosos pra ver uma das mais famosas queimas de fogos de Réveillon na Europa. A baía do Porto de Funchal é a Copacabana deles.

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Muito além do espetáculo pirotécnico, a Ilha da Madeira tem atrativos em pencas. Uma visita boa mesmo precisa de, no mínimo, cinco dias e de uma certa programação.

As distâncias são um pouco puxadas – são 57 quilômetros de extensão de leste a oeste e 23 de norte a sul. As estradinhas são íngremes e cheias de curvas. O melhor jeito de desbravar o lugar é alugando um carro ou contratando um motorista versado nos seus macetes.

Costa leste da Ilha da Madeira-de Ponta de São Lourenço, Portugal
Os paredões da costa leste da Ponta de São Lourenço, na Ilha da Madeira (iStock/iStock)

Para você entender a vibe de Funchal

Ruela do Centro Histórico de Funchal, na Ilha da Madeira Portugal
Ruela estreita na Zona Velha do Funchal, na Ilha da Madeira (Getty Images/Getty Images)
Vista para a cidade de Funchal da Ilha da Madeira, Portugal
Um dia claro (e não muito quente) na cidade de Funchal (iStock/iStock)

Ponto de partida e de chegada dos tours exploratórios pela Madeira, Funchal tem uma vibe bem diferente do resto da ilha. O forte ali são a cultura e a gastronomia.

A Zona Velha do Funchal, com ruas de paralelepípedo (fotos acimas), é um pouco da colonização portuguesa que começou em 1425, mantida em conserva. Tem restaurantes e bares que servem lapas, os moluscos locais, para tomar com cerveja ou poncha – bebida feita de aguardente de cana.

Jardim Botânico em Funchal, Ilha da Madeira, Portugal
Jardim Botânico em Funchal, Ilha da Madeira, Portugal (iStock/iStock)

Para experimentar uma infinidade de rótulos, o melhor é ir ao Mercado dos Lavradores, antigo prédio na Zona Velha. Aproveite para experimentar as cerejas amareladas e deliciosamente doces.

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E há opções mais exóticas, como a pera-abacate, o tabaibo (ou figo-da-índia) e a anona, espécie de maçã-verde de casca texturizada. No Mercado, há ainda artesanato, peixes e, claro, flores, muitas flores – o símbolo madeirense.

Mercado dos Lavradores, Funchal, Madeira
Frutas e flores, e vice-versa, no Mercado dos Lavradores, em Funchal, na Ilha da Madeira, Portugal (Getty Images/Getty Images)

A poucos metros dali, a Blandy’s, uma das mais antigas vinícolas da ilha, oferece visitas guiadas ao Wine Lodge, edificação de 1840. Ótima oportunidade para aprender sobre o especialíssimo vinho da ilha, feito com uvas autóctones.

Da Zona Velha, sai o teleférico de Funchal. Não é nenhum passeio esplendoroso, mas permite ver bem a cidade, que tem 112 mil habitantes (em toda a Madeira, há pouco mais de 150 mil).

Também por ele chega-se ao Monte, uma das freguesias mais altas do lugar. Ali, condutores preservam uma tradição e levam moradores e turistas em carrinhos de madeira e vime ladeira abaixo até o Centro.

O cesto percorre mais de 2 quilômetros de rampas sinuosas, a quase 50 km/h. É bom, mas dá frio na barriga.

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Condutores esperam turistas na Ilha da Madeira, Portugal, para transportá-los em carrinhos de tobogã feitos de vime
Condutores esperam turistas na Ilha da Madeira, Portugal, para transportá-los em carrinhos de tobogã feitos de vime. É (quase) radical! (iStock/iStock)

As cidades imperdíveis nos arredores de Funchal

A partir de Funchal, lá se vão as estradinhas que levam a lugares fabulosos, boa parte deles na encosta de paredões rochosos. É literalmente pelas beiradas que a Ilha da Madeira vai encantando os visitantes.

O Cabo Girão, a 15 minutos da região central de Funchal, é a mais alta parede rochosa da Europa. São 580 metros debruçados sobre o oceano, uma imponência que pode ser sentida lá do alto, em um miradouro com piso transparente. Dá vertigem, é preciso dizer.

A atração fica em Câmara de Lobos, pequeno município que tem a população mais jovem da Madeira e um centrinho animado. Nas noites de sexta e sábado, os bares ficam lotados. Já durante o dia, dezenas de barquinhos atracam na enseada, levando um pouco de cor à paisagem de casinhas brancas e areia de cascalho cinza.

Vista do porto e das casas da cidade de Camara dos Lobos, na Ilha da Madeira, em Portugal
Vista do porto e das casas da cidade de Câmara de Lobos, na Ilha da Madeira, em Portugal (Getty Images/Getty Images)

A enseada ficou mundialmente conhecida por ter sido retratada em um quadro pintado por Winston Churchill, que adorava passar férias na ilha.

Perto dali, o Fajã dos Padres é a enseada aonde se chega pegando um elevador envidraçado e depois caminhando pelo cascalho até colocar os pés no mar gelado.

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A área pertenceu aos padres da Companhia de Jesus, que viveram lá estudando, pescando e cultivando frutas, como maracujá e uva – a região é uma das melhores para a malvasia, casta utilizada para fazer o reconhecido vinho local.

Mais para o meio da ilha, o Curral das Freiras, a 20 minutos de Funchal, é uma pequena vila com 25 quilômetros quadrados, rodeada por montanhas.

O nome é uma alusão às freiras que deixaram o Convento de Santa Clara para escapar de corsários franceses e passaram dias se embrenhando na área até encontrar esse vale. Nada bobas, as freirinhas. O lugar é lindo.

O jeito imbatível de ver o Curral é de um dos pontos mais altos da ilha, o Miradouro da Eira do Serrado.

Campo de flores com vista para o Curral das Freiras na Ilha da Madeira em Portugal
Campo de flores com vista para o Curral das Freiras, na Ilha da Madeira: nada mal… (Getty Images/Getty Images)

Na parte noroeste, e a uma hora do vilarejo, outra pérola: o pequeno município de Porto Moniz, com piscinas naturais nas rochas vulcânicas. Nos dias de sol, é lugar perfeito para um mergulho.

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Piscina e mar em Porto Moniz, Ilha da Madeira, Portugal
Piscinas (naturais e artificiais) da bela Porto Moniz, na Ilha da Madeira (Getty Images/Getty Images)

Para adeptos de esportes, a Madeira é uma meca do trekking, que pode ser feito pelas “levadas” – como são conhecidas as trilhas locais abertas a partir do século 15.

Os canais de irrigação chegam a 1400 quilômetros, e dão acesso, mata adentro, até a paisagens raras como a Laurissilva, uma preservada floresta considerada Patrimônio Natural Mundial pela Unesco.

As agências locais orientam turistas e oferecem guias. Lindas vistas, comida boa, bons vinhos. Motivos suficientes para fazer como a primavera – e fincar bases por lá.

Tradicional mulher vende flores em um mercado de Funchal, Ilha da Madeira, Portugal
Ó pá, a vendedora de flores (iStock/iStock)

Pratos típicos da Ilha da Madeira que você deve provar

Peixe espada em banca do mercado de Funchal, na Ilha da Madeira, em Portugal
Peixe espada em banca do mercado público de Funchal, na Ilha da Madeira (Getty Images/Getty Images)

A Madeira tem poderosa tradição culinária, evidente em pratos como o tenro e saboroso peixe-espada com banana. Uma das melhores versões é a flambada, do Dona Amélia – restaurante familiar numa casinha simpática no Centro de Funchal, com vista para as construções brancas e para o mar.

O bolo de caco, um tipo de pão de origem árabe feito com farinha e em forma de disco, é acompanhado de manteiga de alho e ervas. A espetada madeirense é uma carne servida no espeto, temperada com alho e cozida na brasa, parecida com o nosso churrasco.

Cristiano Ronaldo, habitante mais famoso da Ilha, já deixou suas marcas aqui

O Aeroporto Internacional da Madeira foi rebatizado em março de 2017. O novo nome? Aeroporto Cristiano Ronaldo. O governo local anunciou: é um presente da ilha a seu filho mais ilustre.

Como se não bastasse, o craque também tem um museu dedicado as suas conquistas, o Museu CR7, que fica na Praça do Mar, em Funchal. O jogador também escolheu a capital para abrir o hotel Pestana CR7.

Prepara

Quando ir

Por causa do clima subtropical, as temperaturas na Ilha da Madeira são amenas o ano inteiro, mas as chuvas são frequentes entre outubro e fevereiro. Por isso, a estação seca, que vai de maio a setembro, costuma ser a mais procurada pelos turistas. Na primavera, de março a junho, as flores estão em seu ápice ” mas ainda há chances de chuva.

Dinheiro

Euro.

Língua

Português.

Fuso

+3h

Documentos

O passaporte deve ter validade superior a 3 meses  quando da saída do espaço Schengen.

Saúde

Nenhuma vacina especifica é necessária para entrada.

Busque hospedagem na Ilha da Madeira

Errata: a reportagem dizia que a Ilha da Madeira era o maior arquipélago pertencente a Portugal. A informação não é correta: a área do arquipélago dos Açores é maior.

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