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Roteiro: Como passar dois dias perfeitos em Lisboa

Dois dias plenos na capital portuguesa, cheios de sabor, deslumbre e cultura!

Por Rachel Verano
Atualizado em 6 fev 2019, 18h11 - Publicado em 22 Maio 2017, 12h38

Algumas coisas não mudam nunca – e ainda bem. O céu de Lisboa. A luz de Lisboa. As suaves e poéticas colinas de Lisboa. O resto está sempre mudando e ficando melhor ainda.

Trademarks inequecíveis da Terrinha (Visit Portugal/Divulgação)

Primeiro, a cidade recuperou a sua beira-rio com o fim das intermináveis obras do metrô nos arredores da Praça do Comércio. Depois veio a revitalização do Cais do Sodré, onde hoje estão concentrados alguns dos melhores bares e cafés. Agora é a vez de ver surgir novas galerias, novos museus, novos restaurantes e uma onda de premiações e comemorações: Lisboa foi a Capital da Cultura Ibero-Americana de 2017 e, em janeiro de 2017, foi eleita a melhor cidade no prêmio Design Awards 2017, da revista Wallpaper.

Trademarks inesquecíveis da Terrinha (Visit Portugal/Divulgação)

Um novo terminal marítimo deve ser inaugurado ainda no primeiro semestre, duplicando a capacidade de cruzeiristas na cidade. Antes de cair na estrada, deixe-se guiar pelo nosso roteiro, que contempla as grandes novidades e também os clássicos, porque ninguém sabe ser tão vintage como Lisboa.

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Dia 1: ontem, hoje e um bocadinho de amanhã

Não importa onde esteja hospedado. O percurso até o novíssimo Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, o Maat, vai sempre parecer uma viagem no tempo no caso, o futuro. Grande novidade dos últimos anos, já apontado como uma das obras mais emblemáticas da Europa hoje, ele levou à beira do Tejo as linhas ousadas e futuristas da arquiteta inglesa Amanda Levete.

O Maat trouxe um sopro de futurismo ao Tejo… (Sofia Pereira/stockphotosart.com/iStock)
…Ainda que o vizinho Berardo já tivesse aportado com seus Basquiat e Deschamps (Holger Leue/Getty Images)

A escultura prateada, que lembra uma duna, se une com suavidade a um edifício da primeira metade do século 20 e abriga exposições. Vale a pena subir ao topo e ver a vida no rio passar sem pressa antes de atravessar a avenida de trás rumo a outra bela novidade: o Museu Nacional dos Coches, a pouco mais de cinco minutos de caminhada.

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Dono do acervo mais visitado do país, ele foi transferido de um antigo picadeiro para esse espaço maior, que revela mais detalhes da vida sobre quatro rodas da monarquia, antes da invenção dos carros, através de incrementadas charretes, que vão do século 16 ao início do 20.

Dois pastéis de Belém em ambiente típico português, com prataria e azulejo simples
Os pastéis são os legítimos e valem o pecado (Miguel Gonzalez/Glow Images)

Na saída, pegue a Rua de Belém, paralela à do museu (não sem antes atravessar o belo Jardim de Belém), e reabasteça as energias com os legítimos pastéis de belém. Mais adiante, chegue ao incontornável Mosteiro dos Jerónimos, fundado em 1496, onde eram rezadas as missas que antecediam as partidas das naus para aventuras pelo Atlântico.

Depois de deixar o queixo cair com a grandiosidade da construção e ver de pertinho os túmulos de Vasco da Gama, Camões, Fernando Pessoa e dos reis D. Manuel I e D. Sebastião, é hora de passear pelos jardins da Praça do Império, bem em frente. Malucos por museus podem encarar mais um e conferir as obras de Francis Bacon, Deschamps, Basquiat, Magritte e Roy Lichtenstein, da Coleção Berardo, no CCB.

Para quem achar too much para um dia só, a pedida é atravessar a avenida novamente e ver de pertinho o Padrão dos Descobrimentos, uma escultura enorme erguida em homenagem aos grandes navegadores, com destaque para a figura de 9 metros de altura do infante D. Henrique, na frente.

O que é mais fotogênico: o Padrão dos Descobrimentos, a Ponte 25 de Abril ou o céu de Lisboa? (Neil Farrin/Robert Harding/Getty Images)
O manuelino Mosteiro dos Jerónimos (Jarnogz/Divulgação)
O Feitoria para um almoço estrelado e debruçado sobre o Tejo (Paulo Barata/Divulgação)

Seguindo pela margem do rio rumo à direita tem-se um belo point para fotos que pega a Ponte 25 de Abril ao fundo, antes de chegar ao vizinho Altis Belém Hotel & Spa, na Doca do Bom Sucesso, parada ideal para um almoço debruçado sobre as águas do Tejo.

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Ali as delícias ficam a cargo do chef João Rodrigues e são servidas em dois ambientes: o restaurante Feitoria, dono de uma estrela no Michelin e recém-eleito como o melhor restaurante do país, onde a sugestão são os menus degustação com belas releituras de clássicos portugueses; e a Cafetaria Mensagem, perfeita para refeições mais despretensiosas e rápidas.

Deixe o cafezinho para daqui a pouco, em outro endereço especial. Dê a volta na marina e, logo ao lado, depois de vencer os jardins, ela vai despontar de repente: a Torre de Belém, uma joia da arquitetura manuelina do século 16. A melhor maneira de apreciar a bela vista? Sentado numa das estratégicas cadeiras do Wine with a View, uma motocicleta transformada em bar onde você pode curtir o visual com uma tacinha de vinho do Porto na mão mas também pode ser branco, tinto, uma ginjinha…

A Torre de Belém fica ainda mais festiva com um vinho nas ideias (Email Wallace/iStock)
Muio raro encontrar a Taberna do Bairro do Avillez assim vazia (Divulgação/Divulgação)

O percurso por Belém termina com chave de ouro no Darwin’s Café, mais cinco minutinhos adiante. Se o dia estiver desses impecáveis como só em Lisboa, o expresso pode ser servido nas espreguiçadeiras de frente para o rio.

A essa altura já deve ser fim do dia hora de rumar para o Chiado. Um Uber até lá vai custar, no máximo, 10 euros. O destino é outra bela novidade, o Topo, nos Terraços do Carmo, um mix de esplanada, bar e restaurante que ocupa três andares junto às ruínas do Convento do Carmo e descortina vistas impressionantes da região, especialmente a do Elevador de Santa Justa. É o endereço ideal para um bom gim-tônica antes do jantar, ali pertinho.

Meros 500 metros o separam do mais novo e concorrido empreendimento do onipresente chef José Avillez. O Bairro do Avillez, na Rua Nova da Trindade, reúne uma mercearia de produtos tipicamente portugueses e dois ambientes distintos: a Taberna, com clima de bar, onde o ideal é pedir queijos, embutidos e os chamados pequenos pratos, caso do bacalhau com broa e do polvo com batatinhas; e o Pateo, de ambiente mais formal, ao fundo, especializado em peixes e frutos do mar. O mil-folhas de pastel de nata, uma desconstrução da mais famosa sobremesa portuguesa, é garantia de doces sonhos.

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Dia 2: pelo tejo vai-se para o mundo

Latas de sardinha com embalagens de antigamente. Caderninhos. Andorinhas feitas nos moldes de Bordalo Pinheiro. Azulejos. Louças. Mesmo quem não associa viagens a compras vai se divertir explorando as lojinhas do Chiado e do Príncipe Real.

Enquanto a Embaixada, galeria instalada em um belo edifício do século 19 recém-inaugurado e recheado de lojas fofas, estiver fechada (só abre ao meio-dia), alguns endereços vão fazer o tempo passar voando. A Vida Portuguesa, na Rua Anchieta, é uma verdadeira aula sobre o lifestyle lusitano de hoje e de ontem, e tem nas prateleiras preciosidades que já quase não existem mais, de pastas de dente e cremes de barbear a brinquedos dos tempos da avó, bloquinhos, mantas e sabonetes.

A Vida Portuguesa, loja inspirada no vintage e na saudade (Paul Bernhardt/Getty Images)
Outros ilustres trademarks (Visit Portugal/Divulgação)

Na mesma quadra, a livraria Bertrand, na Rua Garrett, tem um dos melhores acervos do país; e, paralela à Garrett, na Rua Capelo, a Cerâmicas na Linha vende louça colorida por peso a partir de 5 euros o quilo. Dobrando a esquina à direita, na Rua Ivens, a Ponto das Artes é um oásis para fanáticos por tintas, canetas, telas, cavaletes e afins e quem não é?

A tradicionalíssima Vista Alegre, no Largo do Chiado, tem uma coleção incrível de sardinhas em porcelana por 18 euros que é um ótimo presente. E nem vou dizer que Zara, Zara Home, H&M, Benetton, Women’s Secret e Massimo Dutti ficam lado a lado com Hermés e coisas do gênero.

Ah, e como em Lisboa toda hora é hora para um pastel de nata, siga pela calçada em frente à Praça Luís de Camões e, logo que avistar um senhora fila de gente saindo pela porta, você chegou à Manteigaria. Poucas vezes aquela massinha folhada estaladiça e quentinha foi tão perfeita.

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Deu meio-dia? Suba a ladeira da Rua da Misericórdia e visite, ainda que para admirar a arquitetura neoárabe do palacete reformado recentemente, as lojinhas da Embaixada, que, agora sim, está aberta. Tem de ternos feitos à mão a cosméticos orgânicos, além de artigos de design 100% português.

A poucos passos de distância, a Lisbon Lovers é uma delícia de endereço para suvenires cool – tem alpargatas com estampa de sardinha, postais, pôsteres, camisetas, sacolas recicláveis, cadernos… Tudo moderninho e com motivos lisboetas.

A vibe da “Rua Cor-de-Rosa”, no Cais do Sodré (Minemero/Divulgação)
No Palácio Chiado, um menu de grandes novidades (Divulgação/Divulgação)

Tome o caminho de volta novamente em direção ao Chiado e, na Praça Luís de Camões, desça pela Rua do Alecrim em direção ao Cais do Sodré. Tomara que o sobe e desce tenha despertado o apetite, porque o centenário Palácio Chiado é uma das melhores novidades.

As antigas salas decoradas com belos vitrais (repare no enorme leão dourado em uma delas) e as escadarias são hoje o cartão de visitas de bons restaurantes. É possível escolher entre as receitas saudáveis, inclusive com opções veganas e sem lactose, do Local; diferentes pratos do peixe que é símbolo nacional no Bacalhau Lisboa; receitas japonesas moderninhas no Suchic; e frutos do mar acompanhados de espumantes e coquetéis na Espumantaria do Mar, entre outros.

Depois, é só continuar descendo: quase no final da rua, repare na curiosa Rua Nova do Carvalho (à direita), hoje conhecida como Rua Cor-de-Rosa após ter sido completamente pintada de pink, e atravesse para o outro lado da rotatória, em direção ao Tejo. O programa agora é flanar…

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A Ribeira das Naus é um delicioso calçadão à beira-rio, que segue do Cais do Sodré até a Praça do Comércio, com ciclovia, cafés com espreguiçadeiras, barraquinhas de drinques e ares de praia. A caminhada é curta, perfeita para curtir sem pressa.

É tanta lisboa que se avista do alto do Arco da Rua Augusta que aqui coube, apenas, o Terreiro do Paço e a estátua de D. José I (Benjamim Nicolaus Ma/Getty Images)
O terraço do hotel Memmo Alfama (Divulgação/Divulgação)

Quando surgirem duas lindas colunas dentro do Tejo, olhe para o lado oposto e vai ver uma das praças mais lindas e amplas do continente. As arcadas que a circundam são coroadas pelo imponente Arco da Rua Augusta. O monumento foi inaugurado em 1875, demarcando a reconstrução da Baixa depois do terremoto de 1755.

O melhor de tudo é a vista e que vista! Do alto se tem um panorama impressionante da cidade, e, como ângulo mais surpreendente, o Tejo visto entre os pés das gigantescas estátuas esculpidas pelo francês Célestin Anatola Calmels.

O destino é, agora, a zona mais antiga da cidade. Ao descer do arco, basta seguir pela Rua Augusta e virar na segunda rua à direita (a de São Julião) para estar aos pés da Sé de Lisboa, do século 12, um dos poucos edifícios que resistiram ao terremoto.

Depois de visitar a catedral, basta seguir pela Rua Augusto Rosa e virar novamente na segunda à direita. A Travessa das Merceeiras termina no incrível Memmo Alfama, membro da rede Design Hotels e endereço de um dos terraços mais espetaculares da cidade, o Wine Bar & Terrace, que abre estrategicamente às 18 horas para um memorável pôr do sol.

Entre sofás brancos, uma piscina vermelha e muitas velas são servidos bons vinhos e drinques. Para acompanhar, há tapas, saladas e sanduíches, mas o suave desfile de transatlânticos que vão e vêm das Docas de Alcântara, logo ali em frente, não deixa dúvida: o protagonista aqui é mesmo o Tejo.

Com sinal

Para usar Google Maps e Waze, adquira um SIM Card pré-pago. A Vodafone tem um quiosque no desembarque do aeroporto de Lisboa. O plano mais vantajoso é o You, que inclui 500 minutos de chamadas, SMS para qualquer operadora local, um valor predeterminado de roaming (importante para quando você entrar na Espanha) e internet.

O pacote de 200 MB para duas semanas custa €6; o de 1GB, 7; o de 3GB, €8,5; e o de 5GB €10. Importante: cada vez que o celular é desligado é preciso inserir o PIN de quatro dígitos que acompanha o SIM Card ou seja, não jogue fora.

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Texto publicado na edição 256 da revista Viagem e Turismo (fevereiro/2017)

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