Café com bandidos
Violência no hotel: como o turista pode se proteger em situações extremas dentro de um lugar supostamente seguro
Quando amanheci às 8h no quarto 327 do Hotel Intercontinental do Rio de Janeiro em 27 de agosto e fui tomar café, descobri que os quatro elevadores não funcionavam e os telefones estavam mudos. Uma hora antes, um grupo de 60 bandidos, nove fortemente armados, entraram no prédio para escapar da polícia. Mantinham 35 reféns, cinco deles hóspedes como eu. Marginais e vítimas encontravam-se encurralados na cozinha por dezenas de policiais militares enquanto outras dezenas deles vasculhavam a área em busca de foragidos que pudessem estar escondidos no resto do hotel. Gerência desarticulada e sem informações confiáveis, hóspedes e camareiras dos andares sem saber como agir. Os boatos eram os únicos que subiam e desciam livremente as escadas de incêndio, mas o que estava acontecendo de verdade ninguém sabia. Quem se atrevia a ir lá embaixo para verificar? A solução foi descobrir pela tevê, mas que, por estar do lado de fora dos acontecimentos, trazia mais desinformação que ajuda. O resto todo mundo sabe. Milagrosamente deu tudo certo, a polícia prendeu os invasores e ninguém se feriu.
Fica a pergunta: em um incidente como este, quando o hóspede se descobre sozinho e tem de enfrentar a situação por conta própria, como agir? Com a ajuda da especialista em viagens de negócios Eliane Martins, eis algumas dicas que ajudam a minimizar o sufoco, que não desejo a ninguém.
– Se tiver de abandonar o local, esqueça a bagagem. Sua integridade física deve ser prioridade.
– Se abordado por um bandido, não banque o herói nem tente reagir.
– Se ameaçado por uma arma, faça o que o sujeito mandar. Sem pânico.
– Dê ao agressor a sensação de que ele está no comando.
– Com as mãos sempre à vista, sem movimentos bruscos, explique com antecedência cada ação que tomar.
– Lembre que o invasor está nervoso. Evite contato visual direto.
– Se o agressor mandar você sair do quarto, não se interponha na porta e ceda espaço para ele entrar.
– Coopere com o criminoso e não faça menção de correr.
– Registre traços pessoais ou roupas que permitam descrever o assaltante.
Esse check-list está longe de ser agradável e torço para que nunca seja preciso usá-lo. Entretanto, não custa ler os conselhos acima mais uma vez, pois servem não só para o Rio de Janeiro – que, apesar de tudo, continua lindo – mas para qualquer outra cidade do planeta.