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As melhores dicas de Abu Dhabi

Por Laura Capanema
13 fev 2015, 14h36

Desde que as companhias aéreas dos Emirados Árabes Unidos fincaram seus pés no Brasil (a Emirates, de Dubai, em outubro de 2007, e a Etihad, de Abu Dhabi, em junho de 2013) os brasileiros passaram a incluir uns diazinhos na Península Arábica em seus itinerários de férias. A facilidade de fazer um stopover (palavra que exprime o ato de “aproveitar uma conexão de voo em uma cidade para ficar uns dias a mais nela”) tem feito muita gente conhecer os Emirados. Na verdade, a maioria se joga em Dubai, a cidade mais cosmopolita da região, enquanto poucos se atrevem a sair do aeroporto de Abu Dhabi. Pois é, o “emirado que mora ao lado”, apesar de ser a capital do país e ter uma área bem maior que a do vizinho, ainda é mal agraciado pelos turistas. Injustamente.

Muitos prédios megalomaníacos para tão poucos pedestres

Abu Dhabi: muitos carros para poucos pedestres

Eu confesso que, de fato, as razões que me levaram para lá foram duas conexões de voos com destino ao Sudeste Asiático. Porém, fui surpreendida em ambas as vezes e, se pudesse voltar, não perderia a chance.

Ostentações loucas e petrodólares à parte, fiquei embasbacada com uma cidade que cresce em ritmo chinês — falei mais sobre isso aqui — e que não para de inaugurar atrações de calibre (em dezembro vai ganhar um Louvre e em seguida uma filial do Guggenheim, só para citar duas de uma dezena de inaugurações previstas). Adorei conhecer um lugar que vive sob outra lógica, que tem uma arquitetura mutcho loca ao ponto de chocar qualquer olhar acostumado ao skyline latino-americano, e que não hesita na vontade de impressionar o turista: dá-lhe hotelzões com praias particulares, mercados e shoppings com artigos exóticos da Ásia e da África, parques temáticos com brinquedos high techs, sabores exóticos e muito bem condimentados, esportes náuticos à disposição em um mar calmo de águas translúcidas (sim, tem um mar ali!). Sem contar com a vida multicultural de uma cidade que floresceu do petróleo e lotou de imigrantes, hoje 85% da população total (pensem em um hotel com uma recepcionista da Eslováquia, uma diretora de marketing da Rússia, um carregador de malas da Macedônia, um segurança do Quênia, um chef de cozinha do Líbano e um motorista do Paquistão).

Prepare-se para ver as fotos desses caras, a trupe do reinado da cidade, em todos os cantos

Prepare-se para ver as fotos desses caras, a trupe do reinado, por todos os cantos

Abu Dhabi, claro, tem lá suas idiossincrasias chatas: o transporte local é o carro acima de todas as hipóteses. Os muitos veículos que ali atravessam avenidas largas e cheias de viadutos, construídas nos moldes norte-americanos, garantem uma ausência sentida de pedestres, que mesmo que não gostassem de um possante de última geração, teriam que se esconder debaixo de muito ar condicionado para suportar o calor acachapante que bate fácil os 5o graus no verão. (Taí uma explicação para tanto shopping!). De fato, a ausência de espaços públicos — ou de gente preenchendo esses espaços — causa um certo estranhamento. Em alguns momentos, tive a sensação de que não havia conseguido captar a “alma” local. Na verdade, acho que ela ainda está em construção.

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O prédio lindo do WTC Mall

O prédio lindo do WTC Mall, com sua vitrine de lojas ocidentais

Porém, não tenho dúvidas de que trata-se de um baita destino. Basta saber entendê-lo como tal, respeitando suas estranhezas. Uma cidade “para ser turista mesmo”, pelo menos para a maioria de nós, que vivemos sob outra ordem. E assim aproveitamos o fato de estar lá a passeio para… passear! E muito, se jogando em suas atrações esplendorosas. E aprendendo muito sobre a vida local, arquitetada por um xadrez de origens, idiomas e hábitos socioculturais. Vamos nessa?

Abaixo, listei os atrativos imperdíveis:

Emirates Palace, o bambambã da cidade, a imponência da imponência da imponência (ou o avesso do avesso do avesso)

Emirates Palace, a imponência da imponência da imponência (ou o avesso do avesso do avesso)

1. Emirates Palace
Por causa do nome “Emirates”, que se confunde com a companhia aérea de Dubai, muita gente acha que o tal palácio-gigante-cheio-de-ouro fica no emirado vizinho. Mas não, ele é o grande highlight de Abu Dhabi, e foi construído exatamente para dar à cidade um ícone arquitetônico que pudesse rivalizar com o Burj Al Arab, o hotel mais icônico da vizinhança. Pois bem: o Emirates Palace é magnificente, megalomaníaco, nababesco, imponente… (insira aqui seu adjetivo preferido na hora de transmitir ideia de grandeza). Você pode ser o ser humano mais cool e hippie do planeta e não dar a mínima para esse tipo de construção-ostentação (até mesmo porque ele não é nada histórico, como tudo em uma cidade “nova” — foi inaugurado em 2005), mas não importa: ele impressiona. Demorou três anos pra ficar pronto, custou US$ 3 bilhões, tem partes com tetos revestidos em ouro e é conhecido por ter “o pacote de férias mais caro do mundo”, que pode custar US$ 1 milhão se o cliente pedir “experiências customizadas”. Por lá trabalham 1.800 pessoas de 50 nacionalidades diferentes, e há uma praia privativa, uma máquina que vende barras de ouro e um anfiteatro enorme, onde acontece o aclamado Abu Dhabi Film Festival. Ali também está um ícone da cidade, uma cafeteria que serve o tal cafezinho com ouro, que aliás, tem mesmo preço de joia: 58 dihams (com as taxas de serviço), algo em torno de US$ 15. E é ouro de verdade mesmo, só que em pó. Ui!

No mais, uma vez que você foi parar lá deve ostentar um pouco e comer em um de seus vários restaurantes… internacional, libanês, chinês, de caviar, de frutos do mar… a lista é boa. Vai na fé.

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Vai um capuccino com ouro aí?

Vai um capuccino com OURO aí?

Emirates Palace: teto dourado com motivos árabes

Emirates Palace e seu teto dourado com motivos árabes

2. Mesquita Sheikh Zayed
Na primeira vez que pisei em Abu Dhabi eu tinha apenas 18 horas. O que eu fiz? Antes da viagem, paguei US$ 94 pelo visto de trânsito (mais informações no fim deste post), que me permitiria sair do aeroporto. Depois, deixei as malas no Hotel Premier Inn, do lado do terminal, e peguei um táxi até a Sheik Zayed, considerada por muitos a atração local mais imperdível. E sim, valeu cada centavo e cada segundo debaixo do sol escaldante daquela manhã. Já na segunda viagem, estrategicamente bem hospedada no The Ritz-Carlton Grand Canal, que fica em frente à mesquita (fica a dica!), fiz questão de voltar. E dessa vez num horário ímpar: no fim da tarde, enquanto as luzes se acendem aos poucos causando reflexos nos espelhos d’água. Um absurdo. Essa mesquitona é uma das construções mais fotogênicas que eu já vi, com diversas colunas, janelas, espaços internos sobrepostos e mil possibilidades de relances e jogos de sombra. Os fotógrafos piram. (Uma das minhas fotos foi parar no Instagram da National Geographic Travel!).
Nessa última viagem passei três horas lá dentro, pirando o cabeção. Voltaria mil vezes.

As mulheres precisam ir com o corpo todo coberto, o que inclui um lenço para cobrir o pescoço e os cabelos, como as muçulmanas. Eles fornecem uma túnica preta para quem se esquecer, mas é bom já ir com os trajes adequados para não ter que ouvir a falação dos seguranças.

Sheikh Zayed, "a" mesquita

Sheikh Zayed, “a” mesquita

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Olha ela aí, ao anoitecer

Olha aí o pôr do sol

3. Ferrari World
O parque temático tem apenas a montanha-russa mais rápida do mundo, que atinge uma velocidade de 240 km/h em menos de cinco segundos. Uma coisa de doido, que deixa qualquer atração do Six Flags no chinelo (saí com o cabelo igual ao do Bozo, mas o.k.). É verdade que a aventura passa muito rápido, mas aqueles primeiros cinco segundinhos valem para a vida. No mais, o Ferrari World ostenta 200 mil metros quadrados com cerca de 20 atrações, incluindo simuladores de F1. Porém, com exceção da super montanha-russa, nada me emocionou. Mas a meninada pira.

A Formula Rossa, a montanha-russa mais rápida do planeta, que chega a 240 km/h (eu indico mil vezes!!!)

A Formula Rossa, a montanha-russa mais rápida do planeta, que chega a 240 km/h (eu indico mil vezes!!!)

4. Avenida Corniche
É a orla da praia, a Avenida Atlântica deles. Apesar de ser totalmente propícia para passeios de bike, nunca há muitas por lá… afinal, se Abu Dhabi ainda não conquistou os pedestres, imagine ciclistas? Contudo, você pode se aproveitar desse cenário vazio e plano para dar umas boas voltas alugando a sua. A boa é ir no fim da tarde, onde a turma local se encontra para um clássico happy hour sem álcool. Você verá russas de salto, homens de túnica branca, mulheres de abaias pretas e muitos trabalhadores que acabaram de sair do serviço e resolveram passar por lá para respirar um ar nada fresco.

5. Yas Waterworld
Inaugurado em 2013, é um parque aquático para adulto nenhum botar defeito — e fica bem próximo do Parque da Ferrari (dá para ir em um de manhã e no outro a tarde. Ir no fim do dia é providencial para fugir do sol pesado da manhã, e ainda assim, há 99% de chances de ter muito sol). Confesso que eu nem sou fã de parques aquáticos, mas esse aqui me surpreendeu. Tem 43 atrações, entre simuladores de ondas para surfistas — um deles o maior do mundo –, tobogãs de todos os tamanhos, o maior playground aquático para crianças do Oriente Médio e ainda uma montanha-russa que tem um botãozinho que te permite espirrar água nas pessoas. Vale acrescentar que a CNN elegeu um dos tobogãs, o Aquaconda, como o 5º mais assustador do mundo.

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Uma visita ao parque também é interessante pela mistureba aquática de culturas: meninas de biquini e de maiô convivem pacificamente com outras cobertas dos pés à cabeça com uma roupa de lycra especial para muçulmanas na piscina.

O parque aquático Yas Waterworld: brincadeira fácil para adultos (como pode-se ver, tatuados são bem-vindos, assim como meninas ocidentais de biquini!)

Yas Waterworld: brincadeira fácil para adultos (como pode-se ver, tatuados são bem-vindos, assim como meninas de biquini!)

(Porém, nem todo mundo entra na vibe)

(Porém, nem todo mundo entra na vibe)

6. Souk at Central Market
Fica em um prédio lindo desenhado por Norman Foster. Mas não espere um típico souk milenar das medinas marroquinas, ou um Grand Bazaar de Istambul. Aqui o negócio é um pouco mais high society, afinal, você está na cidade mais rica da paróquia. Mas ainda assim é um dos melhores lugares para achar suvenires, temperos, chás, pashminas, lenços, luminárias coloridas, roupas, penduricalhos e bugigangas exóticas, a maioria importadas da Índia, do Paquistão e do Marrocos. Tem restaurantes, quitandas de sucos que vendem até açaí da Amazônia e uma sorveteria que serve um sorvete de pistache dos deuses. Também há uma loja de artigos fotográficos com lentes e câmeras profissionais da Nikon e outra só de maquiagens… porque os olhos que saltam para fora das burcas precisam estar muito bem delineados, né!

Especiarias árabes

Especiarias árabes — para morrer de vontade de levar uma pá de cada saco desse na mala

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Moda chiquetê islâmica

Moda local chiquetê, em uma lojinha do souk

7. Signature by Sanjeev Kapoor
Sanjeev Kapoor ainda é pouco conhecido pelos lados de cá, mas por lá ele é um escândalo — o chef-celebridade indiano tem uma dezena de restaurantes espalhados pela Ásia e uma série de livros publicados, além de ser o dono de um canal inteiro de TV dedicado à culinária (ele é uma espécie de Jamie Oliver da Índia). Há três meses inaugurou este restaurante em Abu Dhabi, que fica na Nation Galleria, de frente para a Av. Corniche. Aqui, os pratos, que fazem releituras modernas de receitas típicas de várias regiões indianas, têm apresentação e curadoria impecável. Para quem gosta de comida apimentada, chutneys, curries das mais variadas cores e sabores, chapatis, lassis (aquele iogurte típico) e especiarias feitas no forno tandoor… é imperdível. Eu delirei.

Delícia indiana 1

Delícias indianas 1

Delícias indianas 2

Delícias indianas 2

Almoço romântico do casal

Almoço romântico do casal local

 

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*Qualquer brasileiro que quiser aterrissar nos Emirados Árabes precisa tirar um visto. Quem for ficar até 96 horas deve aplicar para o visto de trânsito, que custa US$ 94. O processo é simples e pode ser feito online no site www.ttsuaevisas.com. E, com a nova promoção da Etihad, quem tiver Abu Dhabi ou Dubai como destino final da viagem não paga pelo carimbo. Todos os bilhetes, incluindo tarifas promocionais, emitidos até 31 de março para viagens até 30 de junho de 2015, terão isenção da taxa de emissão do visto. Quem quiser participar da promoção deve enviar um e-mail para SAOtkt@etihad.ae com o assunto “VISTO GRATUITO”.

*Com exceção da primeira foto dos camelos no deserto (do fotógrafo Renato Navarro), todas as fotos desse post são minhas. No Instagram: @lauracapa.

 

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