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Absurdo – Porto livre

Iquique: histórias de batalhas, roletas, voos de parapente e uma zona franca

Por Talita Ribeiro
Atualizado em 16 dez 2016, 09h13 - Publicado em 13 set 2011, 19h23

É difícil não se lembrar do centro histórico de Santos ao chegar a Iquique. A cidade portuária que até 1883 pertencia ao Peru tem bondes, um centrinho charmoso, mesas e cadeiras de restaurantes tomando as ruas de pedra, casarões antigos transformados em museus, hotéis e… brisa. Mas logo você fica sabendo que o desenvolvimento da cidade não tem nada a ver com o café, mas com a extração de salitre. Foi pela Guerra do Pacífico, de 1879 a 1883, que o Chile conquistou toda a Província de Tarapacá (onde está Iquique) e a de Antofagasta, que era a única saída para o mar dos bolivianos. Isso tudo com a ajuda dos ingleses que mantinham mineradoras na região. A cidade foi cenário de um episódio trágico dessa guerra, a Batalha de Iquique, onde o navio Esmeralda afundou, levando consigo o capitão Arturo Prat, que virou mártir chileno e dá nome a diversas praças pelo país.

É na Arturo Prat de Iquique que estão o Teatro Municipal e a Torre del Reloj, espécie de marco zero da cidade. Bem perto está o excelente Museu Regional, onde é possível ver desde múmias dos povos indígenas até objetos utilizados na extração do salitre. Para mergulhar mais nos hábitos dos mineradores – os donos das minas, bem entendido -, uma sugestão é fazer o desayuno no café do Club Croata, onde veem-se os brasões das famílias que exploravam a região. O lugar é até hoje frequentado por seus descendentes. E você não precisa ser herdeiro para pagar a conta: o café da manhã simples, com pão, suco, ovos e chá, sai desde $ 2 000 (R$ 7). Outra opção é almoçar no Casino Español, construído em 1904 em estilo mouro, que foi transformado em restaurante e desperta mais interesse estético que apetite. Em suas paredes há pinturas inspiradas na história de Dom Quixote. Armaduras vazias recepcionam os clientes.

Da Plaza Prat vale a pena seguir pela Calle Baquedano, onde estão mansões do século 19 que foram convertidas em hotéis, restaurantes, museus, lojas de artesanato e agências de viagem. Lá é possível comprar, por exmplo, um passeio de barco até a boia que marca o ponto onde o navio Esmeralda afundou; ou então um salto de parapente, já que aqui é um dos dez melhores lugares do mundo para a prática do esporte. Isso porque você salta do Cerro Dragón, a 175 metros de altura, e, com ventos normais, é possível “voar” até a 490 metros sobre a cidade, aterrissando na bela Praia Cavancha, a única apropriada para banho nessa parte do litoral. Na ponta esquerda da praia está o maior cassino do norte do Chile e os melhores restaurantes de frutos do mar de Iquique, como o do Club Nautico.

Mas é do outro lado da cidade que os visitantes fazem a festa. Na Zofri, a Zona Franca de Iquique, há quase 500 lojas de importados, de perfume a geladeira, tudo isento de imposto. Na prática, a Zofri é uma mistura da Rua 25 de Março paulistana com duty free, ou seja, você irá precisar bater pernas para achar algo que valha a pena. Uma coisa é certa: as lojas de câmera fotográfica, como a da Nikon, e de produtos para bebê são tentadoras, pelos preços e pela variedade. Já as de perfume e bebida têm valores bem parecidos com os do free shop de Santiago.

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