Imagem Blog Vou Estudar Fora Por Blog Raquel Marçal ama viajar e aprender línguas e acha melhor ainda quando pode combinar os dois. Acredita que intercâmbio não tem idade e pretende continuar fazendo até os 80 anos
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Uma cadeira de rodas não a impediu de realizar o sonho do intercâmbio

Em 2006, um acidente de carro acabou fazendo com que a estilista Michelle Simões adiasse um sonho antigo: o intercâmbio

Por Julia Latorre
Atualizado em 2 jul 2021, 13h11 - Publicado em 29 set 2014, 21h47

Em 2006 a vida da designer de moda Michele Simões, 32, mudou. Um acidente de carro tornou tarefas, que até então pareciam simples em    grandes desafios.  Ela perdeu os movimentos e ficou quase quatro anos sem conseguir ficar sentada. O que acabou fazendo com que a estilista adiasse um sonho antigo: o intercâmbio.

Não confunda adiado com cancelado. Com o tempo Michele foi reaprendendo a fazer uma série de coisas e adaptando seu estilo de vida à cadeira de rodas. O tempo passou e Michele ficou mais independente e confiante. O ano de 2013 chegara, hora de correr atrás do seu sonho.

Ei as questão

Escolher a agência que a levaria não foi das tarefas mais simples. Michele não tinha muitas referências, e o conteúdo na internet sobre o assunto (para brasileiros) ainda era muito escasso. Segundo ela, não faltava boa vontade de grande parte das agências visitadas, mas a falta de conhecimento das restrições (por parte das agências) que um cadeirante tem ao viajar era o que a preocupava mais.

Para a designer, o mais importante para uma agência que vai assessorar um deficiente físico é “mergulhar nesse universo” e ter conhecimento de cada detalhe junto ao viajante.

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Após muita procura e conversa, Michele decidiu por qual agência iria e calhou das férias do seu namorado caírem na mesma época de sua viagem.  Seu namorado viajou com ela, mas ela deixa bem claro que o objetivo dela era vivenciar a experiência de estudante sozinha. E assim foi feito, eles estudavam em salas separadas e ela se portaria como se estivesse viajando sozinha. Ou seja, sem grandes ajudas do boyfriend.

Destino: #partiuBoston

Como em muitos casos de intercâmbio, nem sempre o destino almejado é aquele que acabamos indo. A princípio Michele gostaria de estudar em San Francisco, mas as pesquisas sobre a cidade (qualquer pessoa que queira passar um tempo fora deve estudar a cidade antes) a fizeram mudar de ideia. San Francisco é linda, mas cheia de ladeiras, o que exigiria um certo condicionamento físico e talvez a restringisse na mobilidade pela cidade.

Após novas pesquisas, Boston a convenceu pela sua acessibilidade.

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Essas e outras fazem de Boston um destino com acessibilidade para quem tem mobilidade reduzidaEssas e outras fazem de Boston um destino com acessibilidade para quem tem mobilidade reduzida

Acomodação

Michele optou por ficar em um hotel conveniado com a escola de inglês. Ela explica que essa ainda é a opção mais prática e acessível para pessoas com mobilidade reduzida, mas não descarta a possibilidade de ficar em uma casa de família nas próximas viagens.

O receio dela em ficar hospedada em uma casa de família é bem parecido com o de muitos que pretendem fazer um intercâmbio: “Pode não ser bem aquilo que estamos imaginando”.

Mudança de planos

Tudo corria lindamente na viagem de Michele. Ela foi super bem recebida na escola e fazer amigos passou longe de ser um problema: “A cadeira não impediu que as pessoas chegassem até mim”. Muito pelo contrário, ao mesmo tempo em que aprendia inglês, Michele ensinava muito aos professores e amigos que lá fez. Todos tinham muita curiosidade sobre a experiência que ela vivia.

Michele e os colegas do cursoMichele e os colegas do curso

Os dois meses de curso planejados por Michele passaram voando, a vontade de ficar mais um pouco era grande. E ela conseguiu unir o útil ao agradável: uma brasileira que acompanhava o seu blog e mora pertinho de Boston  ofereceu estadia. O namorado de Michele voltou para o Brasil e ela ficou por lá mais um mês.

Agora o desafio era a distância. O hotel, sua antiga hospedagem, era bem próximo à escola. A partir de então ela teria que pegar trem e andar pelas ruas, sozinha. Sucesso: a acessibilidade da cidade a fez sentir uma liberdade que há muito tempo não vivia.

Dica de Michele

Segundo Michele Simões, muito mais do que aprender inglês, sua maior realização foi se sentir livre e ver do que era ela capaz, até onde ela podia chegar. “Você tem que ver qual é a sua limitação, e não o que a sociedade diz”, acrescenta ela.

A dica de ouro da designer para aqueles que por qualquer motivo não se sentem confiantes para fazer um intercâmbio é encontrar uma agência que consiga passar segurança, a qual você se identifique. E sempre: pesquise. Você, mais do que ninguém, conhece seus limites e vontades.

Guia do Viajante Cadeirante

Enquanto viajava, Michele contou toda sua experiência no seu blog Guia do Viajante Cadeirante. O sucesso da página e apoio dos leitores a fizeram transformar seu sonho em uma causa. Hoje além de estilista, Michele também mostra ao mundo que é possível estudar fora sobre uma cadeira de rodas.

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No dia 4 de outubro ela embarca sozinha rumo a Montreal, no Canadá, para mais uma temporada de estudos (junto com a Information Planet Itaim). E continua contando tudo no blog.

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Quando perguntei a ela sobre um possível próximo destino: Londres!

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