Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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El Nacional: o mega “complexo gastronômico” que é a bola da vez em Barcelona

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h24 - Publicado em 20 mar 2015, 19h13
Dá pra ver onde foram parar os seis milhões de euros, não?

Dá pra ver onde foram parar os seis milhões de euros, não?

Interrompemos momentaneamente a nossa programação australiana porque já estou de volta à minha querida Barcelona e ontem estive no El Nacional, a grande novidade dos últimos tempos na capital catalã. Grande mesmo. Numa cidade em que predominam os “lugarzinhos”, soa como surto de megalomania. São quatro restaurantes e quatro bares num espaço de 2 400 metros quadrados (sem contar cozinha e bastidores, que esticam o espaço para 3500 metros quadrados) ao qual se tem acesso por um bequinho quase secreto no magnífico Passeig de Gràcia – que acabou de ter suas calçadas ampliadas e está mais arrasador do que nunca. O El Nacional tem capacidade para uma multidão de 770 comensais ao mesmo tempo. Ontem, quinta-feira, havia longas filas de espera em todos os restaurantes.

 

Postei uma foto no meu Instagram hoje e uma amiga perguntou: “Nossa, um navio de cruzeiros estacionado no centro de Barcelona?”. De fato, o lugar tem uma pompa e um brilho atípico para o estilão hipster-hippie (se é que você consegue imaginar uma mistura das duas coisas) que predomina na cidade. Mas está bem longe de descambar para o brega.

 

O edifício de pé direito de 8 metros é do final do século 19. As referências históricas não são muito precisas, mas sabe-se que a estrutura já abrigou um café-teatro, uma fábrica têxtil, uma loja de automóveis e, na Guerra Civil, serviu como galpão para coleta de alimentos. Mais tarde, foi um mero estacionamento, até ficar abandonado.

 

A colossal concepção do autoproclamado “maior espaço gastronômico da Espanha” demandou um investimento de 6 milhões de euros. Se nota: cerâmica valenciana, vitrais galegos, uma profusão de mármores, cadeiras de design, madeira nobre. É bonito de se ver, e fiquei com a sensação que muita gente vai lá pra isso mesmo. Os restaurantes ficam nas laterais e os bares são ilhas no meio do salão. Sentada no Oyster Bar, cheguei a ter vertigem de tanta gente andando ao redor, no maior estilo “vamos dar a volta no trio”. Além do bar das ostras, há um especializado em vinhos, um em coquetéis e outro em espumosas, na frente do qual vi várias pessoas munidas de potes de conserva cheios de cerveja (a pessoa que inventou que drinque em pote é moderno está rindo de nós neste momento).

 

O restaurante La Paradeta é um café com pratos leves; na Taperia estão as tapas, como o nome sugere; La Llotja é o cantinho dos peixes e frutos do mar; e da Braseria saem cortes de carne grelhados (além de um cheirinho irresistível de lenha). Tudo estava tão cheio que acabamos ficando no Oyster Bar para sempre. As ostras (mediterrâneas, galegas e francesas) estavam fresquíssimas – e eram caras, de € 3 a € 6,25 por unidade. A tábua de vestígios de queijo era ínfima (poderia facilmente ter engolido a porção em apenas uma bocada), a €13. O delicioso tartare de atum vermelhíssimo valeu minha noite por razoáveis € 12. Também achei bem aceitável o preço da bebida. Uma tacinha do excelente cava Juve y Camps por € 3,50 em pleno Passeig de Gràcia não está mal.

 

Apesar da comida correta, saí do “maior espaço gastronômico da Espanha” com a nítida impressão que o foco está menos no gastronômico e mais na própria grandeza. É definitivamente um lugar-espetáculo. É social até no banheiro, que é misto (a pessoa que inventou que banheiro misto é moderno está rindo de nós neste exato momento). Detalhe: na saída do banheiro há uma bizarra penteadeira-camarim dentro de um aquário de vidro. Não é uma sacada genial retocar a make-up e tirar o verdinho do dente em praça pública?

 

Implicâncias à parte, é a bola da vez em Barcelona. Como é novidade, ainda está sendo frequentado pelo povo daqui (os engomadinhos da cidade alta nunca chegaram tão perto do Centro). Mas se você vai visitar a cidade no verão, prepare-se para dividir o Nacional com uma multidão de turistas. No auge da temporada, o pulo do gato vai ser aostar em horários alternativos, aproveitando que as cozinhas funcionam sem interrupções do meio-dia até a 1 da matina.

Esse ângulo é meio carnavalesco, mas o lugar está bem longe de ser brega. O peixe que você vê lá atrás decora a Llotja, o cantinho dos frutos do mar

Esse ângulo é meio carnavalesco, mas o lugar está bem longe de ser brega. O peixe que você vê lá atrás decora a Llotja, o cantinho dos frutos do mar

Bicicletas voadoras sobre a braseria

Bicicletas voadoras sobre a braseria

Uma geralzona do lugar ontem lá pela meia-noite (por volta das 22 o lugar estava explodindo)

Uma geralzona do lugar ontem lá pela meia-noite (por volta das 22 o lugar estava explodindo)

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Luzes, brilhos e pompa

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A taperia é o lugar mais disputado

A taperia é o lugar mais disputado

Oyster Bar

Oyster Bar

O bequinho que vai dar lá

O bequinho que vai dar lá

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Aquário bizarro para retocar a make-up e tirar o verdinho do dente no meio da multidão

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Repita comigo: banheiro misto não é moderno

Repita comigo: banheiro misto não é moderno

 

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